Entroncamento: Abril com música e exposição
Cultura » 2025-04-19
As comemorações do 51.º aniversário do 25 de Abril tem ínício às 9h, com a 26.ª edição da corrida da Liberdade no Pavilhão Desportivo Municipal. Às 10h, segue-se o hastear da bandeira no Largo José Duarte Coelho e depois a sessão solene; às 11h30, a inauguração da exposição “Ouvir o Novo Tempo a Chegar”, na Galeria Municipal, iniciativa do arquivo Ephemera e às 18h o espectáculo “José Afonso, outros Cantos e Utopias” no Cineteatro São João. Em caso de condições climatérica adversas a sessão solene decorrerá no Centro Cultural.
A exposição da Ephemera
Centrada na chamada “música de intervenção”, também designada como “música de texto”, “canção de autor” ou movimento dos “baladeiros”, este último termo, de conteúdo vago e redutor, pouco reconhecido pelos próprios músicos participantes desta corrente musical, apresenta-se uma exposição evocativa da música relacionada, em primeiro lugar, com as ideias e os movimentos de oposição ao Estado Novo, mas que se prolongou pelos primeiros anos do regime democrático, muitas vezes já no âmbito de envolvimentos político-partidários assumidos que, embora com diferentes posicionamentos ideológicos, defendiam a construção de uma sociedade de características socialistas e de um futuro diferente dos modos de viver que os portugueses até então tinham conhecido.
Com raízes próximas na renovação da canção de Coimbra (principalmente por José Afonso e Adriano Correia de Oliveira) ou na expressão musical de compromisso abertamente político (como no caso de Luís Cília, exilado em Paris) desde o início da década de 60, a que se foram juntando no final dessa década e início dos anos 70 novos autores e intérpretes, quer activos em Portugal, quer nos meios da emigração e do exílio, a “música de intervenção” foi integrando também influências do cancioneiro tradicional português, em particular a partir das recolhas efectuadas por Lopes-Graça e Giacometti, e atribuindo uma especial importância às letras e poemas cantados, de que Manuel Alegre, António Gedeão ou Gomes Ferreira são exemplos imediatos entre tantos outros.
Muitos dos novos autores chegados nos anos 70, com mais contactos internacionais e maioritariamente oriundos dos meios estudantis e de ambientes urbanos, trazem, também, sonoridades novas e mais próximas de algumas linguagens da música pop, sem deixarem de se inscrever neste movimento dos “cantautores”, se bem que a música com preocupações sociais não lhes fosse exclusiva, podendo referir-se alguns exemplos fora desse movimento (portanto, também fora do âmbito desta exposição), mais próximos da designada “música ligeira” ou no campo do pop-rock (como Fernando Tordo, José Cid e o Quarteto 1111, a Filarmónica Fraude, Petrus Castrus e outros mais).
Embora com um carácter histórico e evocativo, não se pretende apresentar aqui apenas uma dimensão memorialista destas produções musicais e dos seus autores e intérpretes, mas também sublinhar ser a música, sobretudo no formato canção, a forma de expressão artística com maior capacidade de mobilização de ideias e de participação colectiva, à volta de um canto comum que congrega vozes, corpos, memórias e ideais.
Em particular, esta música funcionou, para além da sua valia estética e da sua dimensão lúdica, como substituto entre nós dos hinos sociais (oriundos, noutros países, do movimento sindical, das formações político-partidários ou da resistência ao nazi-fascismo), com escassa ou mesmo nula tradição em Portugal.
Por isso mesmo, embora aqui se privilegie a produção discográfica, cabe sublinhar que a edição de discos apenas parcialmente reflecte a intensa actividade de espectáculos, convívios, sessões de animação cultural ou de “canto livre”, designação tantas vezes utilizada no pós-25 de Abril, que marcaram musicalmente esses anos vibrantes em que se juntaram tantas vozes num mesmo cântico.
Ficha Técnica
Produção da Câmara Municipal do Entroncamento e do Arquivo Ephemera
Organização de Carlos Nuno (Arquivo Ephemera) e Rita Mendes Pereira (Galeria Municipal)
Entroncamento: Abril com música e exposição
Cultura » 2025-04-19As comemorações do 51.º aniversário do 25 de Abril tem ínício às 9h, com a 26.ª edição da corrida da Liberdade no Pavilhão Desportivo Municipal. Às 10h, segue-se o hastear da bandeira no Largo José Duarte Coelho e depois a sessão solene; às 11h30, a inauguração da exposição “Ouvir o Novo Tempo a Chegar”, na Galeria Municipal, iniciativa do arquivo Ephemera e às 18h o espectáculo “José Afonso, outros Cantos e Utopias” no Cineteatro São João. Em caso de condições climatérica adversas a sessão solene decorrerá no Centro Cultural.
A exposição da Ephemera
Centrada na chamada “música de intervenção”, também designada como “música de texto”, “canção de autor” ou movimento dos “baladeiros”, este último termo, de conteúdo vago e redutor, pouco reconhecido pelos próprios músicos participantes desta corrente musical, apresenta-se uma exposição evocativa da música relacionada, em primeiro lugar, com as ideias e os movimentos de oposição ao Estado Novo, mas que se prolongou pelos primeiros anos do regime democrático, muitas vezes já no âmbito de envolvimentos político-partidários assumidos que, embora com diferentes posicionamentos ideológicos, defendiam a construção de uma sociedade de características socialistas e de um futuro diferente dos modos de viver que os portugueses até então tinham conhecido.
Com raízes próximas na renovação da canção de Coimbra (principalmente por José Afonso e Adriano Correia de Oliveira) ou na expressão musical de compromisso abertamente político (como no caso de Luís Cília, exilado em Paris) desde o início da década de 60, a que se foram juntando no final dessa década e início dos anos 70 novos autores e intérpretes, quer activos em Portugal, quer nos meios da emigração e do exílio, a “música de intervenção” foi integrando também influências do cancioneiro tradicional português, em particular a partir das recolhas efectuadas por Lopes-Graça e Giacometti, e atribuindo uma especial importância às letras e poemas cantados, de que Manuel Alegre, António Gedeão ou Gomes Ferreira são exemplos imediatos entre tantos outros.
Muitos dos novos autores chegados nos anos 70, com mais contactos internacionais e maioritariamente oriundos dos meios estudantis e de ambientes urbanos, trazem, também, sonoridades novas e mais próximas de algumas linguagens da música pop, sem deixarem de se inscrever neste movimento dos “cantautores”, se bem que a música com preocupações sociais não lhes fosse exclusiva, podendo referir-se alguns exemplos fora desse movimento (portanto, também fora do âmbito desta exposição), mais próximos da designada “música ligeira” ou no campo do pop-rock (como Fernando Tordo, José Cid e o Quarteto 1111, a Filarmónica Fraude, Petrus Castrus e outros mais).
Embora com um carácter histórico e evocativo, não se pretende apresentar aqui apenas uma dimensão memorialista destas produções musicais e dos seus autores e intérpretes, mas também sublinhar ser a música, sobretudo no formato canção, a forma de expressão artística com maior capacidade de mobilização de ideias e de participação colectiva, à volta de um canto comum que congrega vozes, corpos, memórias e ideais.
Em particular, esta música funcionou, para além da sua valia estética e da sua dimensão lúdica, como substituto entre nós dos hinos sociais (oriundos, noutros países, do movimento sindical, das formações político-partidários ou da resistência ao nazi-fascismo), com escassa ou mesmo nula tradição em Portugal.
Por isso mesmo, embora aqui se privilegie a produção discográfica, cabe sublinhar que a edição de discos apenas parcialmente reflecte a intensa actividade de espectáculos, convívios, sessões de animação cultural ou de “canto livre”, designação tantas vezes utilizada no pós-25 de Abril, que marcaram musicalmente esses anos vibrantes em que se juntaram tantas vozes num mesmo cântico.
Ficha Técnica
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![]() No emblemático cenário do Convento de Cristo em Tomar, o pintor Sam Abercromby apresenta uma mostra inédita de 100 quadros, numa exposição que se revela uma poderosa viagem visual ao coração do mito português. |
![]() Os museus de Sesimbra, Torres Novas e Soares dos Reis, do Porto, foram os museus que mais distinções obtiveram na sessão anual de entrega de prémios APOM (Associação Portuguesa de Museologia), que se realizou ontem, segunda-feira, em Loulé. |
Poezz, espectáculo de jazz e poesia na Biblioteca » 2025-05-17 No âmbito das comemorações do Dia do Autor Português, a Biblioteca Municipal Gustavo Pinto Lopes (BMGPL) promove, no dia 22 de Maio, quinta-feira, às 21h30, um espectáculo de jazz e poesia pela voz e interpretação de Pedro Freitas (O Poeta da Cidade) e pelo improviso do saxofone de Kenny Caetano. |
![]() Era um velho sonho de Conceição Lopes, conhecida pintora, torrejana de adopção (chegou à vila no início dos anos 70): realizar uma grande exposição de arte na fábrica do ocre da família, situada nos Negréus, uma das periferias de Torres Novas. |
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Realiza-se no próximo dia 25 de Maio, no núcleo museológico da Central do Caldeirão, a cerimónia de entrega do Prémio Francisco Canais Rocha de Estudos Operários. Entre os trabalhos concorrentes, o júri, constituído por Joana Dias Pereira, Rogério Silva e Fernando Rosas, deliberou atribuir o prémio, nesta primeira edição, ao trabalho «Operárias em luta. |
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No próximo dia 30 de abril, quarta-feira, véspera de feriado, a partir das 21h30, sobe ao palco do Teatro Virgínia o projeto «Impermanências», pela Orquestra do Hot Clube de Portugal. Os bilhetes têm o custo de 8,5 euros, sendo aplicáveis descontos. |
![]() Edita-se este ano o n.º 36 da “Nova Augusta”, revista de cultura do Município de Torres Novas. A sessão de lançamento será realizada na Biblioteca Municipal Gustavo Pinto Lopes, no próximo dia 28 de Dezembro, pelas 15h30. |
![]() No âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, o CHUDE – Centro Humberto Delgado vai receber, no dia 15 de Dezembro, a partir das 15h30, a apresentação do livro «Semeador de Palavras - Entrevistas a José Afonso», da autoria da Associação José Afonso. |
» 2025-06-03
Prémios APOM 2024: Museu Carlos Reis arrebata quatro distinções |
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Grande exposição de Sam Abercromby no Convento de Cristo abre dia 13 |