A aldeia de Cem Soldos, localizada entre as cidades e Tomar e Torres Novas, volta este ano - de 12 a 15 de Agosto -, a abrir as suas portas à música de produção nacional. A organização não quer que o Bons Sons cresçam mais do que já cresceu para “não interferir na relação de ouro que existe entre o festival e a aldeia”.

A segunda edição consecutiva do Bons Sons acontece em meados de Agosto. No ano passado, recorde-se, o festival (designação que os dirigentes do Sport Club Operário de Cem Soldos, SCOCS, não querem para o evento) aconteceu, pela primeira vez, no ano a seguir ao anterior. 

Desde 2006 que tinha uma periodicidade bi-anual mas entendeu-se que tinha capacidade para suportar o formato anual e, até ver, é isso que tem acontecido. Esta será, portanto, a 10.ª edição, sendo “um ano de balanço”, frisou Luís Ferreira, director dos Bons Sons (BS), na apresentação deste evento marcante para região centro.

E, por falar em centro, o BS tem na sua génese uma componente cultural. “Somos um projecto cultural, feito pela comunidade. Não porque é mais barato, mas porque tem o efeito de criar esperança e felicidade nas pessoas da aldeia e de quem nos visita”, sublinhou o responsável na passada terça-feira, perante jornalistas representantes de diversos órgãos de comunicação, alguns dos quais da imprensa especializada - é (cremos nós), também pela forma como fomos e sempre somos bem recebidos que o Bons Sons goza de boa imprensa, e isso é muito positivo para a (boa) divulgação do mesmo.

Nos dias do Bons Sons a aldeia cresce, já que garagens, pátios e outros espaços privados abrem e fundem-se com o espaço público. Só assim é possível fazer com 35 mil pessoas caibam dentro da aldeia nos quatro dias de festival.

Luís Ferreira, director do Bons Sons, diz-se satisfeito com este número e com o nível de audiência e refere que não vale a pena o festival crescer mais sob pena de se degradar a relação de ouro que existe entre o festival e a aldeia. Em 2006, na primeira edição, 15 mil pessoas passaram por Cem Soldos e, na edição seguinte, em 2006, o número cresceu para 20 mil espectadores.

Nesses dois anos as entradas foram gratuitas mas, a partir daí, a aldeia cercou-se e só lá entrou quem pagasse bilhete. “Era um erro não valorizar os artistas e os espectáculos”. Não obstante, o número de espectadores não parou de aumentar e, é possível que 2016 bata o recorde do número de festivaleiros.

O BS é a jóia da coroa do SCOCS, mas ao longo do ano têm sido programados outros eventos, como o “Por estas bandas” ou o “Caldelas fest”, que vai decorrer nos dias 4 e 5 Novembro. Trata-se de um evento que programa projectos pequenos do espectro musical de outras nacionalidades. “Queremos que as pessoas tenham vários motivos para virem à aldeia durante o ano”, concluiu.

50 concertos em oito palcos
Construído por “operários culturais”, a 10.ª edição do BS será composto por 50 concertos, que acontecem por oito palcos espalhados pela aldeia. Entre os nomes mais fortes, ou se quisermos mais comerciais, destacam-se as presenças de Jorge Palma, Cristina Branco, Deolinda ou Carminho. O cartaz de 2016 integra ainda nomes como Desbundixie, Kumpania Algazarra, Lula Pena, Danças Ocultas + Orquestra Filarmonia das Beiras, Joana Sá, Birds Are Indie, Sopa de Pedra, Lavoisier, D`Alva, Flak, Keep Razors Sharp, Golden Slumbers, Few Fingers, Grutera, Bonecos e Campaniça, Best Youth, Sensible Soccers, Pega Monstro, Les Crazy Coconuts, Alentejo cantado, Madalena Palmeirim, Lodo, Fandango, Isaura, Da Chick Dear Telephone, Indignu [lat.], Cláudia Duarte, White Haus, Tocha Pestana, Adufeiras do Paúl, Diego Armés, Tim Tim por Tim Tum, João e a Sombra, Branko, Rastronaut, Dotorado Pro. Destes, há 10 nomes que repetem a sua passagem por Cem Soldos, o que não tinha acontecido até aqui.

Mas o Bons Sons é muito mais do que concertos. Há música para bebés, sessões de cinema, ciclos de conversas em que o tema central é a música e um mundo de outras coisas que acontecem na aldeia. O orçamento dos BS situa-se nos 430 mil euros.