AC ALCANENENSE: Wilson, Marco Grilo, Daniel, Paz Miguel, Peu, Filipe Faia, Bruno Braz (65’ Elton), Kelvin, Alfredo, Turé, Wemerson (87’ João Caetano). . Golos: Peu (30’), Alfredo (46’), Turé (55’). Amarelos: Daniel (36’,92’). Vermelh Daniel (92’). Treinador: José Torcato.

CA OURIENSE: Hélio Santos, Steve Simões, Luís Lagoa, Mika, Bruno Heleno, Nélson Brites (60’ Miguel Neves), Leandro, Dino Martins, Jota (60’ Fábio Lúzio), Rui Ferreira, Joaquim Valinho (81’ Dércio Ribeiro). Amarelos: Leandro (28’), Nélson Brites (34’). Golos: Filipe Faia (36’,a.g.), Miguel Neves (82’). Treinador: Carlos Ribeiro.

Estádio Municipal Joaquim Maria Baptista (24/8). Arbitragem: Adelino Crespo (Santarém), auxiliado por Carlos Pereira e Pedro Ferreira

Próprio de um jogo de início de temporada, o encontro que opôs o Alcanenense ao Ouriense não teve daqueles lances que deixem os adeptos ansiosos pela jornada seguinte, apesar dos cinco golos marcados, algo que não é muito comum neste campeonato. Houve muita entrega por parte dos jogadores, atitude e disciplina táctica quanto baste, mas o futebol vistoso escasseou, ficando no ar a sensação de que ambas as equipas têm muita margem para crescer.

O conjunto da casa, pela sua maior experiência, era o natural favorito à vitória: assumiu as despesas do jogo e começou por se impor e, algumas vezes, conseguiu-o, fazendo valer a compleição física dos jogadores. Foi num pontapé de canto que o ACA levou pela primeira vez algum perigo à baliza defendida por Hélio, mas o Ouriense tentou responder e, por duas vezes, Joaquim Valinho, muito veloz, esgueirou-se pelo lado direito do ataque e mostrou ao adversário que era por ali que tinha de ter maiores cautelas defensivas.

Mas o primeiro lance de verdadeiro perigo aconteceu aos 25 minutos, quando Marco Grilo, na direita, passa por uma série de adversários e, já na linha de cabeceira, cruza para trás onde apareceu Kelvin a rematar contra as pernas de um ouriense. A bola ficou por ali a saltitar, à boca da baliza e, na recarga, saiu muito por cima.

Estava dado o primeiro aviso e aos 30’ minutos aconteceu o primeiro golo. Em jogada idêntica à anterior, mas pelo lado esquerdo, Peu entra na área puxa a bola par ao pé direito e fuzila o guardião ouriense, fazendo o primeiro golo da tarde.

Não passaram cinco minutos e o CAO restabeleceu a igualdade, num auto-golo. O lance começa com uma falta de Marco Grilo em zona já de algum perigo. Na marcação da falta a bola foi colocada no interior da grande-área, houve um desvio que levou o esférico a embater no travessão da baliza de Wilson Paulo e quando a bola vinha devolvida para terreno de jogo terá batido na bota de Filipe Faia, que a fez entrar na baliza. Era o 1-1, aos 35’, resultado com que se chegou ao intervalo.

No reatamento, o ACA faz o 2-1, aos 30 segundos: lançamento de linha lateral para a grande-área, executado pela força de braços de Grilo, e Alfredo empurrou a bola para o segundo golo do ACA.

Aos 11 minutos, na cara do guarda-redes Hélio Santos, Turé não perdoou e fez o 3-1. Carlos Ribeiro, treinador do Ouriense, responde com duas substituições, refrescando o ataque. Miguel Neves e Fábio Luzio vão a jogo, e foi o ex-Fátima a reduzir para 3-2, com um remate seco à entrada da área. Estavam decorridos 37 minutos da segunda parte.

Turé ainda teve nos pés a possibilidade de fazer o 4-2, numa oportunidade incrível e, já nos descontos, Daniel, central do Alcanenense, viu o segundo cartão amarelo e o consequente vermelho, após uma falta no seu meio campo.

O trio de arbitragem liderado por Adelino Crespo, do conselho de arbitragem de Santarém, teve uma tarde tranquila, num jogo que foi correcto entre todas as partes.

José Torcato

Regressou ao banco de suplentes após um longo castigo. Já sentia saudades de estar perto do relvado?

Sim, ao fim de dois anos regressei. Vamos se consigo ser mais contido, espero que sim.

Passado este tempo em que se viu privado de estar ao lado da equipa, aos domingos, é hoje um homem mais sereno e ponderado?

Não é essa a questão... O árbitro tem sempre razão, independentemente de errar ou não. Não há outra forma de abordar as coisas...

Sobre o jog o Alcanenense conseguiu o objectivo principal, que era vencer. E da exibição da equipa, gostou, ou esperava mais?

Foi uma vitória não muito bem conseguida mas para primeiro jogo da época aceita-se. O importante era começar a ganhar. Hão-de vir outros jogos em que jogaremos melhor e mereceremos vencer, mas isso não acontecerá. É assim o futebol. Mas, para nós, era importantíssimo começar a ganhar. É verdade que cometemos alguns erros, e por isso sofremos os dois golos, mas o que disse aos jogadores é que era importante começar o campeonato com uma vitória.

Sente que o próximo jogo com o Caldas pode ter um grau de dificuldade maior?

Sim, o Caldas é seguramente uma equipa diferente da do Ourém. Temos de estar preparados e fazer o nosso melhor.

O plantel para já está formado mas há ainda situações pendentes, nomeadamente em termos administrativos?

Sim, há quatro ou cinco jogadores que não puderam jogar porque estamos à espera dos certificados internacionais. Frente ao Ouriense jogámos com um miúdo júnior e tínhamos mais dois ou três suplentes ainda juniores. Estes jogadores de que falo irão dar mais soluções e opções ao treinador e o plantel ficará seguramente mais forte.

O que podem os adeptos esperar deste Alcanenense?

As nossas ambições passam por sermos cada vez melhores e por ganharmos todos os jogos.

Pretende pelo menos garantir presença no grupo de apuramento de campeão?

Isso não existe aqui como meta. Queremos ganhar e depois logo se vê quem são os melhores. Existe muito lobbi no futebol e dificilmente o Alcanenense, no conjunto das equipas da Série F, conseguirá ficar num dos dois primeiros lugares. Mas vamos ver, estamos cá para jogar e para dificultar ao máximo os favoritos.

Acha que, no ano passado, o Alcanenense foi vítima desses lobbies?

Sinceramente, acho que sim, e temo que este ano volte a acontecer o mesmo. No ano passado o Alcanenense mereceu muito mais estar na fase de apuramento de campeão que o U. Leiria, mas não nos deixaram. Essa foi a realidade.

Carlos Ribeiro

A sua equipa perdeu, mas revelou uma boa atitude, sobretudo na segunda parte, apesar dos dois golos sofridos. Que análise faz ao jogo?

Os golos que sofremos resultaram sobretudo da nossa falta de experiência e de algum demérito da nossa parte. Se o jogo tivesse terminado empatado não seria injusto, mas aceita-se a vitória do Alcanenense, que é uma equipa mais experiente. Para a maioria dos nossos jogadores este foi o primeiro jogo num campeonato nacional e acho que temos que estar orgulhosos do que fizemos. O resultado não é o que queríamos mas tivemos uma boa prestação.

No futebol a inexperiência é um aspecto que se pode pagar caro. Apesar de prejudicado por esse factor, que expectativas tem o Ouriense para este campeonato?

Acreditamos que está ao nosso alcance atingir a manutenção no CNS. Seria histórico para o clube, na sua primeira presença, garantir a permanência. Sabemos que não temos uma equipa muito experiente, e que vamos apanhar pela frente equipas dotadas de jogadores com tarimba de segunda liga e segunda divisão. Certamente que isso será uma dificuldade acrescida, mas não vamos ter receio e continuar a trabalhar de forma séria, tal como no passado, e que nos permitiu ser campeões distritais.

O Ouriense, que vem do campeonato distrital, garantiu apenas meia dúzia de novas entradas mas foram reforços cirúrgicos, já que são jogadores com experiência de campeonatos nacionais.

Procurámos trazer para grupo, que já era forte em termos de organização e vontade, alguma experiência. Fizémo-lo com o Miguel Neves e com o Lagoa, que já jogaram a este nível, e que vêm trazer qualidade à equipa. Ainda estamos a formar o grupo e esperamos que daqui para a frente as coisas possam correr melhor.

A equipa têm andado a trabalhar durante a semana com alguns condicionalismos por força das obras no Campo da Caridade. Isso tem prejudicado o vosso trabalho?

Estamos a trabalhar dentro do que aconteceu no ano passado, com algumas dificuldades. Na semana que passou tivemos de treinar no relvado do estádio municipal de Fátima. O nosso campo está muito degradado, e apenas conseguimos treinar em meio campo. Neste momento estão a decorrer obras nos balneários e na envolvência do campo. Entretanto, o relvado começará a ser retirado e termos de andar com a casa às costas. Treinaremos duas vezes por semana em Fátima. São dificuldades com as quais já nos deparámos no ano passado e não é por isso que não conseguiremos atingir os nossos objectivos.