Os 3 reis magos. Sem estrela, mas com GPS - carlos paiva
Opinião » 2021-08-30 » Carlos Paiva"O eleitorado perde assim uma oportunidade régia de por um rol de temas em pratos limpos com quem de direito."
Pela primeira vez na história torrejana, três anteriores presidentes de câmara estão na corrida eleitoral. Em projectos governativos distintos. Embora um deles não tenha o papel de líder desta vez, são três presidentes de câmara presentes. Cobrindo cerca de 40 anos contínuos de governação autárquica. A conclusão directa a tirar deste facto é a incapacidade de renovação. Não exclusivamente partidária. Provavelmente, mais uma tonalidade do êxodo que se manifesta. Deixo essa reflexão pendente e questiono se, esta realidade peculiar não constitui um convite irrecusável para confrontar o autor com a obra. Se hoje somos obrigados a remendar, temos à nossa frente, com disponibilidade, as pessoas que vestiam o casaco quando ele se rompeu. Ou assim pensava eu.
Construções embargadas durante décadas, ruínas, desflorestação urbana sistemática, o rio, a desertificação, mais ruínas, incapacidade de criar uma relação bidirecional com a Renova em defesa do interesse público, desprezo pelas mais-valias históricas, desprezo pelas mais-valias naturais, incapacidade de manutenção de diversas vias rodoviárias principais, incapacidade de alargamento da rede da saneamento básico, o escarro arquitectónico e urbanístico na lateral do hospital antigo, as piscinas que se foram, a universidade que não veio, o mamarracho dos desportos, o mamarracho dos Claras, a postura psicótica obsessiva compulsiva com jardins, aquela coisa no planalto, o caixote para estacionamento com jardim encavalitado para disfarçar, a anedótica ciclovia, o tumor que querem agrafar a uma ameia do castelo, a lista continua… É sobejamente conhecida, já se torna cansativo repeti-la.
A comunicação social local entende este convite como perfeitamente recusável e cede o seu espaço para cada candidato expor o seu projecto. Em linguagem corrente: vender o seu peixe. Num ambiente controlado e seguro. Contraditório, não existe. Quando muito, acaricia-se na proximidade da ferida, com jeitinho. Meter o dedo lá dentro para remover o tecido necrótico, é expressamente proibido. “Não interessa falar do passado, vamos mas é falar do futuro, falar de tudo o que eu prometo.” E está a conversa de volta nos carris.
O eleitorado perde assim uma oportunidade régia de por um rol de temas em pratos limpos com quem de direito. Foca-se obedientemente nas promessas. Dos mesmos. Imagino um debate, qual combate de boxe, com almofadas brancas fofinhas e penas a esvoaçar. Em câmara lenta. E muitos sorrisos, claro. Insanidade por insanidade, prefiro a minha. O eleitorado opta por, numa realidade paralela, virtual, descer de nível até ao insulto pessoal gratuito. Por causa de nomes próprios. Como se não bastasse o que o rapaz deve ter sofrido na escola primária.
Quando os argumentos escasseiam, a imbecilidade manifesta-se. Ou então são daqueles fulanos pagos para andar nas redes sociais a disseminar propaganda e semear caos. Entendo que numa sociedade capitalista tudo tem um preço, não há refeições grátis. A minha ingenuidade choca-se é com o baixo custo. Diria que existe excedente de gente barata. Neste cenário, prometer milhões, é redundante.
Os 3 reis magos. Sem estrela, mas com GPS - carlos paiva
Opinião » 2021-08-30 » Carlos PaivaO eleitorado perde assim uma oportunidade régia de por um rol de temas em pratos limpos com quem de direito.
Pela primeira vez na história torrejana, três anteriores presidentes de câmara estão na corrida eleitoral. Em projectos governativos distintos. Embora um deles não tenha o papel de líder desta vez, são três presidentes de câmara presentes. Cobrindo cerca de 40 anos contínuos de governação autárquica. A conclusão directa a tirar deste facto é a incapacidade de renovação. Não exclusivamente partidária. Provavelmente, mais uma tonalidade do êxodo que se manifesta. Deixo essa reflexão pendente e questiono se, esta realidade peculiar não constitui um convite irrecusável para confrontar o autor com a obra. Se hoje somos obrigados a remendar, temos à nossa frente, com disponibilidade, as pessoas que vestiam o casaco quando ele se rompeu. Ou assim pensava eu.
Construções embargadas durante décadas, ruínas, desflorestação urbana sistemática, o rio, a desertificação, mais ruínas, incapacidade de criar uma relação bidirecional com a Renova em defesa do interesse público, desprezo pelas mais-valias históricas, desprezo pelas mais-valias naturais, incapacidade de manutenção de diversas vias rodoviárias principais, incapacidade de alargamento da rede da saneamento básico, o escarro arquitectónico e urbanístico na lateral do hospital antigo, as piscinas que se foram, a universidade que não veio, o mamarracho dos desportos, o mamarracho dos Claras, a postura psicótica obsessiva compulsiva com jardins, aquela coisa no planalto, o caixote para estacionamento com jardim encavalitado para disfarçar, a anedótica ciclovia, o tumor que querem agrafar a uma ameia do castelo, a lista continua… É sobejamente conhecida, já se torna cansativo repeti-la.
A comunicação social local entende este convite como perfeitamente recusável e cede o seu espaço para cada candidato expor o seu projecto. Em linguagem corrente: vender o seu peixe. Num ambiente controlado e seguro. Contraditório, não existe. Quando muito, acaricia-se na proximidade da ferida, com jeitinho. Meter o dedo lá dentro para remover o tecido necrótico, é expressamente proibido. “Não interessa falar do passado, vamos mas é falar do futuro, falar de tudo o que eu prometo.” E está a conversa de volta nos carris.
O eleitorado perde assim uma oportunidade régia de por um rol de temas em pratos limpos com quem de direito. Foca-se obedientemente nas promessas. Dos mesmos. Imagino um debate, qual combate de boxe, com almofadas brancas fofinhas e penas a esvoaçar. Em câmara lenta. E muitos sorrisos, claro. Insanidade por insanidade, prefiro a minha. O eleitorado opta por, numa realidade paralela, virtual, descer de nível até ao insulto pessoal gratuito. Por causa de nomes próprios. Como se não bastasse o que o rapaz deve ter sofrido na escola primária.
Quando os argumentos escasseiam, a imbecilidade manifesta-se. Ou então são daqueles fulanos pagos para andar nas redes sociais a disseminar propaganda e semear caos. Entendo que numa sociedade capitalista tudo tem um preço, não há refeições grátis. A minha ingenuidade choca-se é com o baixo custo. Diria que existe excedente de gente barata. Neste cenário, prometer milhões, é redundante.
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
» 2024-04-10
» Jorge Carreira Maia
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