A Europa e o Cristianismo
Opinião » 2015-11-06 » Jorge Carreira Maia"No dia em que as nossas instituições políticas estiverem radicalmente cortadas do seu fundamento cristão, podemos crer que tanto a liberdade como a laicidade do Estado estarão já mortas. "
Raras vezes estive de acordo com a senhora Merkel. Há duas ou três semanas, porém, ela disse uma coisa com a qual concordo. Ao ser questionada sobre o perigo da islamização da Europa devido à vaga de refugiados, declarou que a melhor resposta ao perigo da islamização é os europeus terem a “coragem de ser cristãos, de fomentar o diálogo (com os muçulmanos), de voltar à Igreja, de se aprofundarem na Bíblia”. Eu não usaria estas palavras, mas diria que a única forma de defender a Europa, enquanto espaço de liberdade e de civilização, é o retorno ao Cristianismo.
Há coisas que a actual cultura relativista fez esquecer. Fez esquecer que a liberdade e a separação entre a Igreja e o Estado foram uma criação dentro da cultura cristã, sem a qual não teriam emergido. Fez esquecer que o cristianismo trouxe consigo avanços civilizacionais notáveis, nomeadamente a abolição de sacrifícios humanos e uma ética de amor ao próximo. Fez esquecer que os grande desenvolvimentos culturais do mundo moderno só foram possíveis pela existência do cristianismo e das suas Igrejas.
É verdade que a Igreja Católica tem períodos negros, como o da Inquisição ou o do alinhamento com regimes políticos sórdidos. É verdade que, vezes demais, as Igrejas cristãs foram muito pouco cristãs. É verdade que muitos valores que hoje estimamos como fundamentais foram defendidos por personalidades irreligiosas e ateias. Apesar disso tudo, é inegável o papel central do cristianismo na formação do que há de melhor na cultura ocidental.
No dia em que as nossas instituições políticas estiverem radicalmente cortadas do seu fundamento cristão, podemos crer que tanto a liberdade como a laicidade do Estado estarão já mortas. A defesa destes valores, contudo, não se faz pela adopção de um Estado confessional, mas através de uma sociedade civil em que os valores do cristianismo sejam vibrantes. Não de um cristianismo como o praticado no passado, mas de um cristianismo que responda aos anseios e à errância do homem contemporâneo, que o relembre da sua condição de ser mortal e da relatividade dos seus desejos, mas que não o expulse da vida espiritual.
Só um cristianismo que domestique o lobo – aquele que a competitividade das sociedades modernas acordou dentro de nós – tem capacidade para fornecer uma identidade aos europeus. Uma identidade que lhes permita perceber e dialogar com o outro, aquele que chega com outra crença e outros valores. Só sabendo claramente quem somos, quais sãos os nossos valores e aquilo de que não estamos dispostos a abdicar podemos integrar e dialogar com quem nos procura.
A Europa e o Cristianismo
Opinião » 2015-11-06 » Jorge Carreira MaiaNo dia em que as nossas instituições políticas estiverem radicalmente cortadas do seu fundamento cristão, podemos crer que tanto a liberdade como a laicidade do Estado estarão já mortas.
Raras vezes estive de acordo com a senhora Merkel. Há duas ou três semanas, porém, ela disse uma coisa com a qual concordo. Ao ser questionada sobre o perigo da islamização da Europa devido à vaga de refugiados, declarou que a melhor resposta ao perigo da islamização é os europeus terem a “coragem de ser cristãos, de fomentar o diálogo (com os muçulmanos), de voltar à Igreja, de se aprofundarem na Bíblia”. Eu não usaria estas palavras, mas diria que a única forma de defender a Europa, enquanto espaço de liberdade e de civilização, é o retorno ao Cristianismo.
Há coisas que a actual cultura relativista fez esquecer. Fez esquecer que a liberdade e a separação entre a Igreja e o Estado foram uma criação dentro da cultura cristã, sem a qual não teriam emergido. Fez esquecer que o cristianismo trouxe consigo avanços civilizacionais notáveis, nomeadamente a abolição de sacrifícios humanos e uma ética de amor ao próximo. Fez esquecer que os grande desenvolvimentos culturais do mundo moderno só foram possíveis pela existência do cristianismo e das suas Igrejas.
É verdade que a Igreja Católica tem períodos negros, como o da Inquisição ou o do alinhamento com regimes políticos sórdidos. É verdade que, vezes demais, as Igrejas cristãs foram muito pouco cristãs. É verdade que muitos valores que hoje estimamos como fundamentais foram defendidos por personalidades irreligiosas e ateias. Apesar disso tudo, é inegável o papel central do cristianismo na formação do que há de melhor na cultura ocidental.
No dia em que as nossas instituições políticas estiverem radicalmente cortadas do seu fundamento cristão, podemos crer que tanto a liberdade como a laicidade do Estado estarão já mortas. A defesa destes valores, contudo, não se faz pela adopção de um Estado confessional, mas através de uma sociedade civil em que os valores do cristianismo sejam vibrantes. Não de um cristianismo como o praticado no passado, mas de um cristianismo que responda aos anseios e à errância do homem contemporâneo, que o relembre da sua condição de ser mortal e da relatividade dos seus desejos, mas que não o expulse da vida espiritual.
Só um cristianismo que domestique o lobo – aquele que a competitividade das sociedades modernas acordou dentro de nós – tem capacidade para fornecer uma identidade aos europeus. Uma identidade que lhes permita perceber e dialogar com o outro, aquele que chega com outra crença e outros valores. Só sabendo claramente quem somos, quais sãos os nossos valores e aquilo de que não estamos dispostos a abdicar podemos integrar e dialogar com quem nos procura.
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A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
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Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
» 2024-04-10
» Jorge Carreira Maia
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