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RUSSIANS - pedro ferreira

Opinião  »  2022-02-20  »  Pedro Ferreira

"“Se as guerras são iniciadas por políticos sociopatas, eles que morram nelas."

“Na Europa e na América há um crescente sentimento de histeria” - é assim que têm começado os jornais televisivos e é assim que começa também a música “Russians”, do britânico Sting, lançada em 1985. Utilizando como tema um arranjo desconcertante de Lieutenant Kijé, do compositor soviético Sergei Prokofiev, este critica as tentativas de desumanização de pessoas iguais a nós, que apenas nasceram em países diferentes, por parte dos políticos de ambos os blocos em conflito durante a guerra fria.

Longe da década de oitenta, continuamos, no entanto, demasiado perto das dissonâncias musicais que a doutrina militar de destruição mútua assegurada inspira. Ninguém sabe bem quando começou a mais recente crise diplomática entre os Estados Unidos da América e a Rússia porque esta nunca deixou de existir, tal como a contínua expansão da OTAN (Organização do Tratado Atlântico Norte) e das bases militares americanas em redor da Rússia após a queda da União Soviética confirmam. Uma leitura do documento “O ocidente como responsável pelas crises da Ucrânia e da Geórgia” de Fred Campos, Iuri Lobo e Beatriz Azevedo deixará qualquer um esclarecido.

Consigo perceber que haja pessoas que tenham mais simpatia para com o governo americano do que para com o russo devido à forma clubista como olhamos a política. Mas, por mais gozo que nos dê estarmos no lado que vence o campeonato (OTAN), não podemos esquecer, dito nas palavras de Sting, que “partilhamos a mesma biologia independentemente da ideologia”. Se as guerras são iniciadas por políticos sociopatas, eles que morram nelas. O sofrimento causado pela morte de entes queridos e a devastação do nosso lar e comunidade pela guerra é igual para todos e é tremendo. Os russos são pessoas iguais a nós. Se a guerra vier a acontecer, o que, mesmo com o péssimo trabalho que os media têm feito, é altamente improvável, espero que a tendência se mantenha e que os céus de Portugal continuem livres de nuvens, neste caso, radioactivas.

O que mais me perturba nestes acontecimentos é o facto de políticos que viveram durante a crise dos mísseis de Cuba em 62 e do incidente de alarme de mísseis falso em 83, e que por isso mesmo tiveram as suas vidas entregues ao mero acaso e boa vontade de uns quantos, são os mesmo que agora parecem querer escalar o conflito. Já há muito que Joe Biden tem um discurso inflamatório em relação à Rússia ou a qualquer nação que consiga resistir ao imperialismo estadunidense (leia-se China). Mas nada bate as declarações do senador americano no comité das forças armadas pelo partido republicano Roger Wicker. Quando questionado no início de Dezembro do ano passado sobre as tensões russo-americanas na Ucrânia, disse em reportagem à estação televisiva Fox News que “não deixo de fora a hipótese de ação militar”, explicando de seguida que “acção militar” para ele significava “colocar navios de guerra no mar Negro, fazer chover destruição sobre as capacidades militares russas, invadir território russo e lançar armas nucleares em primeira mão”. Talvez um dia destes os nossos políticos ouçam “Russians” e percebam que “guerras em que ganhamos, é uma mentira em que já não acreditamos”.

Esta é uma entrevista que ainda não passou nos nossos noticiários nem passará. A realidade, num mundo além do bem e do mal, é que Portugal é um vassalo que depende militarmente dos Estados Unidos da América (através da OTAN) e economicamente da União Europeia. Por isso, a sua (falta de) seriedade não pode ser questionada na propaganda portuguesa. A elite política americana é bem conhecida pelo lançamento de bombas atómicas sobre um Japão derrotado e de chantagear o resto do mundo enquanto teve o monopólio desse poder. A série documental “A história não contada dos EUA”, do aclamado realizador Oliver Stone, é outra peça de informação que não passará nas nossas televisões porque demonstra com som e imagem as atrocidades que, tantos as forças armadas como as agências de inteligência americanas, têm perpetrado ao longo dos anos. Entrevistas aos maiores denunciadores dos crimes de guerra americanos, como Noam Chomsky, continuarão a ser feitas única e exclusivamente nos programas menos assistidos da televisão pública.

A Pax Americana ainda vai durar uns anos, mas o seu fim avizinha-se. Resta-nos esperar que haja muita parra mas pouca uva. Ou, nas palavras não lusas de Sting, “O que nos pode salvar, a mim e a ti, é os russos também amarem os seus filhos”.

 

“Se as guerras são iniciadas por políticos sociopatas, eles que morram nelas.

 

 

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