O regresso da caridade
Opinião » 2008-07-31 » João Lérias
Eric Hobsbawn, um dos mais conceituados historiadores da Contemporaneidade, não hesita mesmo em classificá-lo como as ”décadas de ouro” do modelo capitalista. De facto, o crescimento económico desta época, teve sempre uma correspondência directa com o bem-estar das populações. Tudo isto temperado com um clima de paz nunca antes observável na História. Segredo do sucesso? A incorporação de elementos de economia socialista – destaque-se a difusão do Estado Previdência, da política de altos salários e desemprego praticamente inexistente, assente na profusão de emprego público, a par da nacionalização de parte do tecido produtivo – geralmente denominados de keynesianos, para mitigar a assunção de que o modo de produção antagónico, afinal tinha virtudes indiscutíveis.
Tenhamos em atenção que partíamos de uma situação próxima da catástrofe, com a Europa em ruínas, as economias totalmente descapitalizadas, o mercado extremamente dormente e as potências coloniais espoliadas das suas coutadas de matéria-prima… Assim, a argumentação esgrimida pelos socialistas ”modernos”, que se justificam com a conjuntura internacional, para levar a cabo uma das maiores ofensivas de sempre ao que realmente importa para os comuns dos mortais – as condições da obtenção do seu salário e o valor do mesmo – apresenta-se próxima do ridículo.
Assiste-se mesmo a um recuo generalizado nas modalidades da política social, que nos transportam para os tristes momentos da via assistencial e caritativa. Muito respeitador do consenso de Washington, o nosso primeiro-ministro vai distribuindo descontos nos transportes públicos e nos impostos sobre os imóveis, deixando praticamente intactos os grilhões chamados recibos verdes, mantendo um salário mínimo que roça a indigência e preparando o assalto final ao direito às férias.
Comportamentos tão diversos de partidos denominados socialistas, conduzem inevitavelmente à conclusão avançada pelo investigador já citad o labor aparentemente socializante e democrático, entre 1945-1980, foi basicamente um aluguer da paz social, autorizado pelo Capital, entretanto assustado pela catástrofe bélica, mas ainda mais pelo expansionismo soviético. Demonstrando que, em última analise, os partidos próximos do centro, tendem a obedecer à voz do dono, esquecendo a dos seus votantes.
Aparentemente, no seio do nosso PS, vão-se levantando vozes que não abdicam da carga ideológica que a denominação deveria acarretar. Aguardemos os passos futuros, esperando que sejam consequentes com as suas reivindicações e posicionamentos. Caso contrário, cumprirão a incómoda posição de contribuir para a sobrevivência de políticas que afirmam contestar.
O regresso da caridade
Opinião » 2008-07-31 » João LériasEric Hobsbawn, um dos mais conceituados historiadores da Contemporaneidade, não hesita mesmo em classificá-lo como as ”décadas de ouro” do modelo capitalista. De facto, o crescimento económico desta época, teve sempre uma correspondência directa com o bem-estar das populações. Tudo isto temperado com um clima de paz nunca antes observável na História. Segredo do sucesso? A incorporação de elementos de economia socialista – destaque-se a difusão do Estado Previdência, da política de altos salários e desemprego praticamente inexistente, assente na profusão de emprego público, a par da nacionalização de parte do tecido produtivo – geralmente denominados de keynesianos, para mitigar a assunção de que o modo de produção antagónico, afinal tinha virtudes indiscutíveis.
Tenhamos em atenção que partíamos de uma situação próxima da catástrofe, com a Europa em ruínas, as economias totalmente descapitalizadas, o mercado extremamente dormente e as potências coloniais espoliadas das suas coutadas de matéria-prima… Assim, a argumentação esgrimida pelos socialistas ”modernos”, que se justificam com a conjuntura internacional, para levar a cabo uma das maiores ofensivas de sempre ao que realmente importa para os comuns dos mortais – as condições da obtenção do seu salário e o valor do mesmo – apresenta-se próxima do ridículo.
Assiste-se mesmo a um recuo generalizado nas modalidades da política social, que nos transportam para os tristes momentos da via assistencial e caritativa. Muito respeitador do consenso de Washington, o nosso primeiro-ministro vai distribuindo descontos nos transportes públicos e nos impostos sobre os imóveis, deixando praticamente intactos os grilhões chamados recibos verdes, mantendo um salário mínimo que roça a indigência e preparando o assalto final ao direito às férias.
Comportamentos tão diversos de partidos denominados socialistas, conduzem inevitavelmente à conclusão avançada pelo investigador já citad o labor aparentemente socializante e democrático, entre 1945-1980, foi basicamente um aluguer da paz social, autorizado pelo Capital, entretanto assustado pela catástrofe bélica, mas ainda mais pelo expansionismo soviético. Demonstrando que, em última analise, os partidos próximos do centro, tendem a obedecer à voz do dono, esquecendo a dos seus votantes.
Aparentemente, no seio do nosso PS, vão-se levantando vozes que não abdicam da carga ideológica que a denominação deveria acarretar. Aguardemos os passos futuros, esperando que sejam consequentes com as suas reivindicações e posicionamentos. Caso contrário, cumprirão a incómoda posição de contribuir para a sobrevivência de políticas que afirmam contestar.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
» 2024-02-28
» Hélder Dias
O Flautista de Hamelin... |
» 2024-03-08
» Maria Augusta Torcato
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato |
» 2024-03-18
» Hélder Dias
Eleições "livres"... |
» 2024-03-08
» Jorge Carreira Maia
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia |
» 2024-03-08
» Pedro Ferreira
A carne e os ossos - pedro borges ferreira |