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Remédio envenenado

Opinião  »  2008-10-09  »  Eduarda Gameiro

Paracelso, o pai da farmacologia, afirmou, em consequência dos seus estudos, que ”a diferença entre a droga e o remédio está na dose”. Sentimos isso no dia-a-dia, enquanto vemos o mundo consumista que criámos crescer incontrolavelmente. Sufocamos lentamente quando percebemos que o mercado que libertámos ganhou vida própria e que envenenou a fonte de onde vamos bebendo a liberdade.

O governo do PSD, numa jogada digna da economia Americana, liberalizou o preço da gasolina e do gasóleo. Não sei discutir economia, mas vejo este mundo dependente de carros e do valor energético do petróleo evoluir para uma espiral de escravidão. Os preços sobem agora incontrolavelmente e ditam o nosso poder de compra e o nosso nível de vida.

Ninguém nega, porém, que a liberdade, nas várias formas que adquire ao longo da vida, é um dos bens mais essenciais para a auto-realização do Ser Humano. Um homem pode ser saudável e bem alimentado, mas, sentindo-se preso, dificilmente fugirá a um sofrimento que tem quase tanto de físico como de psicológico, e que representa uma barreira ao seu progresso individual enquanto pessoa integrada numa sociedade.

Mas mesmo essa noção tão pura e básica consegue ser corrompida. Transforma-se num veneno quando a associamos ao dinheiro, e, como um tumor, cresce dentre de nós com vida própria. Cada Euro funde-se ao nosso corpo numa só entidade dourada e consumista. A escola e a sociedade preparam-nos para uma vida dedicada ao crescimento da nossa carteira, e fazem-nos crer que esse é o nosso único objectivo. Assim, se restringimos o desenvolvimento do mercado, estamos a restringir a nossa própria liberdade, mas quanto mais livre ele for, mais nos tornamos seus escravos. De uma maneira ou de outra, o mundo prende-nos e há alguns tubarões a lucrar à nossa custa.

Esta noção é difícil de aceitar, já que o Homem não está intimamente preparado para abdicar da sua própria independência. Eu, pelo menos, não tenho coragem para a encarar de frente. Prefiro, ingenuamente que os meus pulmões parem e que os meus músculos congelem de tanto serem livres do que sufocar por não o ser. Porém, essa fraqueza inerte (minha e da humanidade) vai destruindo o mundo e vai pactuando com a globalização e com a monopolização.

Resta-nos, espero, explorar a liberdade noutros campos. A arte está sempre viva, mesmo que não possamos ser milionários, mas desde que tenhamos o suficiente para satisfazer as nossas necessidades, vivendo sem fome e sem medo. E ninguém nos rouba essa capacidade de derreter no azul de um céu, de um lago ou de um olhar, de saborear uma cerveja ou um beijo… De sentir… Simplesmente e intensamente… Ninguém nos pode ”comprar” essa humanidade. É nossa, enquanto tivermos o que comer. É nossa enquanto formos livres, desde que não nos deixemos intoxicar com tanta liberdade, e desde que compreendemos que esta só é um veneno quando se associa a esse veneno ainda maior que é o dinheiro.

 

 

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