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Lendas e narrativas

Opinião  »  2008-10-30  »  João Lérias

A aposta nas questões culturais e patrimoniais foi praticamente uma ausente crónica no discurso oficial do nosso poder local até há pouco tempo. No entanto, constatam-se, por entre os interstícios da urbanização febril e dos faraónicos arranjos paisagísticos do passado, alguns apontamentos de elevadíssima qualidade. Merecem destaque o Museu Municipal, a todos os níveis excepcional no panorama português, e o recente renascimento do Virgínia, uma casa que fornece muitos dos ”serviços” necessários a uma sociedade cada vez mais cosmopolita, informada e, como tal, ansiosa por alternativas e novidades.

Paradoxalmente, desde que a ” cidade criativa” invadiu o imaginário da maioria governativa e a cultura se alçou a aposta prioritária da sua gestão, vários são os indícios de que o caminho que se prepara para percorrer talvez não seja o mais acertado. Como exemplos, a intervenção arqueológica na cerca medieval, com uma abordagem cheia de preconceitos, detectáveis no avanço da cronologia da sua fundação antes mesmo de iniciada a escavação ou o espírito conservador-comemorativo que transpira de uma série de iniciativas no âmbito das Memórias da História. Palpita-me ainda que a entrada em força da Universidade Nova – que conheço bem – se traduzirá numa obstinada busca da urbe pré–1147, realidade essa, que podemos assegurar com 90% de certeza, não existe. Para além das investigações de um dos mais notáveis historiadores do nosso tempo, Manuel Sílvio Conde, de longe o cientista que estudou mais profundamente a região do Médio Tejo na Idade Média, qualquer canalização instalada em Santarém ou Coruche – para nos quedarmos por exemplos geograficamente próximos - revela cerâmica islâmica em avondo, o que, mesmo torturando os dados, não acontece em Torres Novas. Mesmo que esteja enganado, os vestígios identificados seriam sempre medíocres, quando comparados com os presentes em qualquer vilarejo do Sul do País.

Na nossa cidade, em virtude da sua evolução histórica, apenas a precoce industrialização, a relação entre o território que polariza e o rio que o atravessa ou as particularidades arqueológicas e etnográficas do Maciço Cársico, têm características excepcionais no panorama nacional e são possíveis esteios de uma política integrada de valorização patrimonial, recuperação urbana e fomento das potencialidades turísticas.

Todo o restante património deve ser encarado com os serviços mínimos, devendo ser inventariado, estudado e protegido, mas nunca permitirá ancorar um plano de desenvolvimento e diversificação de actividades económicas, tão necessárias a um concelho que apostou na monocultura das grandes superfícies, que rapidamente soçobrarão num cenário de retracção generalizada do consumo massificado. Insistir nesse erro traduzir-se-á certamente num sorvedouro de recursos humanos e financeiros, com vantagens residuais para a comunidade.

 

 

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