A trave mestra
Opinião » 2009-05-14 » Santana-Maia Leonardo
A pergunta que coloco ao leitor é a seguinte: se eu trouxe de uma loja um artigo que não era meu e que não paguei, por que razão não fiquei com problemas de consciência?
A resposta é óbvia: não fiquei com problemas de consciência, porque sabia que, da próxima vez que fosse a Lisboa, ia lá pagá-los.
A honra é a trave mestra do edifício dos valores. E o nosso problema é precisamente este: termos deixado de ser um país de gente honrada. Quantos de nós ensinam os filhos a ser honrados? Pois é, meus queridos amigos, esse é que é o problema. Porque um país sem uma maioria de gente honrada não tem solução, nem saída. Não adianta fazer leis, nem aumentar o número de polícias, nem criar mais tribunais, porque, sem uma maioria de gente honrada, tudo fica viciado e inquinado logo à partida.
O financiamento partidário
As alterações recentemente aprovadas ao novo regime de financiamento partidário, por todos os partidos políticos com assento parlamentar, é a melhor prova da total falta de vergonha que impera na generalidade da nossa classe política. Não vale a pena os nossos políticos andarem a fingir-se muito preocupados com a luta contra a corrupção quando aprovam uma alteração à lei do financiamento partidário que legaliza e institucionaliza a corrupção dentro dos partidos políticos. É óbvio que a corrupção sempre existiu nos partidos. Só que agora passa a ser permitida por lei. E mais, com a aprovação da nova lei, está aberta a porta à lavagem de dinheiro ao nível de financiamento partidário. Uma autêntica vergonha! Espero, sinceramente, que o Presidente da República ponha um travão nesta lei.
Os partidos e os independentes
Os partidos políticos são, hoje, responsabilizados pela maioria dos portugueses pelo descrédito da política. E, para muitos, a solução estaria na criação de um novo partido ou nas listas de independentes. Nada mais errado. Porque o problema não são os partidos (peça chave e fundamental das democracias liberais), mas as pessoas que constituem os partidos. E lá voltamos ao tema da minha primeira crónica.
Não adianta, por isso, fazer um novo partido porque ele iria ser constituído pelo mesmo género de pessoas que fazem parte dos já existentes e da sociedade portuguesa. Aliás, a experiência do PRD do general Ramalho Eanes já nos deveria ter vacinado para este tipo de experiências.
Da mesma forma, as listas de independentes, como está à vista de todos, são quase sempre formadas por pessoas rejeitadas pelo seu próprio partido e pelas piores razões. Basta pensar nas listas de independentes encabeçadas por Valentim Loureiro, Fátima Felgueiras, Isaltino de Morais…
Ao contrário do que nos querem impingir, a verdadeira independência não tem nada a ver com filiação partidária, mas apenas com o estatuto moral e ético de cada um. A independência não é, pois, um fato que se veste e despe consoante as conveniências. Muitos independentes só fazem lembrar aqueles nossos amigos que deixaram de fumar. Mas deixaste de fumar há quanto tempo? Desde ontem. Para já não falar daqueles indivíduos que pensam que ser independente é estar disponível para se candidatar pelo partido que melhor oferta lhe fizer. Ora, isto não tem nada a ver com independência. Pelo contrário, é a forma mais abjecta de prostituição.
http://sol.sapo.pt/blogs/contracorrente
A trave mestra
Opinião » 2009-05-14 » Santana-Maia LeonardoA pergunta que coloco ao leitor é a seguinte: se eu trouxe de uma loja um artigo que não era meu e que não paguei, por que razão não fiquei com problemas de consciência?
A resposta é óbvia: não fiquei com problemas de consciência, porque sabia que, da próxima vez que fosse a Lisboa, ia lá pagá-los.
A honra é a trave mestra do edifício dos valores. E o nosso problema é precisamente este: termos deixado de ser um país de gente honrada. Quantos de nós ensinam os filhos a ser honrados? Pois é, meus queridos amigos, esse é que é o problema. Porque um país sem uma maioria de gente honrada não tem solução, nem saída. Não adianta fazer leis, nem aumentar o número de polícias, nem criar mais tribunais, porque, sem uma maioria de gente honrada, tudo fica viciado e inquinado logo à partida.
O financiamento partidário
As alterações recentemente aprovadas ao novo regime de financiamento partidário, por todos os partidos políticos com assento parlamentar, é a melhor prova da total falta de vergonha que impera na generalidade da nossa classe política. Não vale a pena os nossos políticos andarem a fingir-se muito preocupados com a luta contra a corrupção quando aprovam uma alteração à lei do financiamento partidário que legaliza e institucionaliza a corrupção dentro dos partidos políticos. É óbvio que a corrupção sempre existiu nos partidos. Só que agora passa a ser permitida por lei. E mais, com a aprovação da nova lei, está aberta a porta à lavagem de dinheiro ao nível de financiamento partidário. Uma autêntica vergonha! Espero, sinceramente, que o Presidente da República ponha um travão nesta lei.
Os partidos e os independentes
Os partidos políticos são, hoje, responsabilizados pela maioria dos portugueses pelo descrédito da política. E, para muitos, a solução estaria na criação de um novo partido ou nas listas de independentes. Nada mais errado. Porque o problema não são os partidos (peça chave e fundamental das democracias liberais), mas as pessoas que constituem os partidos. E lá voltamos ao tema da minha primeira crónica.
Não adianta, por isso, fazer um novo partido porque ele iria ser constituído pelo mesmo género de pessoas que fazem parte dos já existentes e da sociedade portuguesa. Aliás, a experiência do PRD do general Ramalho Eanes já nos deveria ter vacinado para este tipo de experiências.
Da mesma forma, as listas de independentes, como está à vista de todos, são quase sempre formadas por pessoas rejeitadas pelo seu próprio partido e pelas piores razões. Basta pensar nas listas de independentes encabeçadas por Valentim Loureiro, Fátima Felgueiras, Isaltino de Morais…
Ao contrário do que nos querem impingir, a verdadeira independência não tem nada a ver com filiação partidária, mas apenas com o estatuto moral e ético de cada um. A independência não é, pois, um fato que se veste e despe consoante as conveniências. Muitos independentes só fazem lembrar aqueles nossos amigos que deixaram de fumar. Mas deixaste de fumar há quanto tempo? Desde ontem. Para já não falar daqueles indivíduos que pensam que ser independente é estar disponível para se candidatar pelo partido que melhor oferta lhe fizer. Ora, isto não tem nada a ver com independência. Pelo contrário, é a forma mais abjecta de prostituição.
http://sol.sapo.pt/blogs/contracorrente
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
» 2024-04-10
» Jorge Carreira Maia
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia |