• SOCIEDADE-  • CULTURA  • DESPORTO  • OPINIÃO
  Quarta, 24 Abril 2024    •      Directora: Inês Vidal; Director-adjunto: João Carlos Lopes    •      Estatuto Editorial    •      História do JT
   Pesquisar...
Sáb.
 17° / 9°
Períodos nublados com chuva fraca
Sex.
 19° / 11°
Céu nublado com chuva fraca
Qui.
 19° / 11°
Céu nublado
Torres Novas
Hoje  24° / 10°
Períodos nublados
       #Alcanena    #Entroncamento    #Golega    #Barquinha    #Constancia 

Genéricos

Opinião  »  2009-05-22  »  AnabelaSantos

Tenho seguido com interesse, a guerra dos genéricos. Isto, aliás, é uma luta, que vem de longe. Quando andou pelos jornais, o caso do Sr. Pequito. Delegado de Informação médica de um laboratório. E iam dando com o homem em doido. Como se fosse um anormal extraterrestre. Toda a gente sabe que em parte ele tinha razão, que a denúncia foi mal feita. Que as razões não eram as mais correctas. Mas o Sr. Pequito levantou uma frente do véu de um enorme problema. Recordo que meu pai era abordado por delegados de informação. Que no fim da visita lhe deixavam mata-borrões ou esferográficas. Houve depois uma evolução. E as empresas analisavam os potenciais clínicos com maior capacidade de receituário. Daí, até começarem as ofertas de idas a congressos. Pagos pela indústria farmacêutica. Foi um salto. Não há nenhum problema em aceitar uma oferta de género. Desde que se comunique à Administração Regional de Saúde. E seja autorizado a deslocação. Com a condição de se ir mesmo assistir às sessões do congresso. Ficamos a dever muito convívio entre colegas. Quando na sequência de um encontro um professor credenciado, fazia uma conferência, sobre assuntos em debate. E é frequente e normal. Com a divulgação devida. Que no final fosse servido um jantar. Já não era tão linear o processo. Quando grande parte dos médicos. Não comparecem nas sessões de trabalho. Ficou célebre um congresso. Em que Portugal levou a maior representação. E na sala de trabalhos. Não estar nenhum presente. Surgem entretanto os chamados genéricos. Aí começam a aparecer as benesses aos farmacêuticos. Quando o farmacêutico recomenda um genérico. Não quer dizer que aconselhe o melhor. Mas aquele que para ele, alegadamente dá mais lucro.

Os genéricos não são todos iguais. Do mesmo produto há os de marca, mas há também as cópias. A luta de laboratórios é tão grande. Que se oferece às farmácias. Determinado número de embalagens. De acordo com o número de unidades que vendem. Assim se aumente o lucro. O sistema de saúde evolui de tal maneira. Que o governo não tem dinheiro para pagar as farmácias. Algumas têm dificuldades de tesouraria. Aí, o Sr. Cordeiro, cria um fundo de pagamento a juro baixo. Às farmácias em dificuldades. Cria assim uma espécie de banco. Ao mesmo tempo vem com o discurso misericordioso de que os doentes, poupam imenso. Se levarem os genéricos aconselhados pelos farmacêuticos. Que entretanto se transformam em “alfaces”. Individualizando assim a cor da bata. E procuram fidelizar os clientes com o cartão das farmácias. Como neste tempo todo, a Associação Nacional das farmácias, começa a ter laboratórios que produzem genéricos. Está fechado o circuito. Eles aconselham o genérico. O genérico é fabricado pelos laboratórios da sua cadeia. E o lucro aumenta debaixo do aspecto misericordioso de fornecer mais barato aos doentes.

Só que eu concordo e defendo, receitar pelo princípio activo, como se faz nos hospitais. Exemplo, a “amo­xilina”, que se vende com o nome de cipamox, clamoxyl ou outros. Mas o efeito não é igual para todos. O Diaze­pam, que se vende com o nome original a “Rocha” de valium, não tem o mesmo efeito nos doentes que conheço que outro similar, muito eficaz, que se encontra no mercado. Mas cujo efeito não é igual. O Pareceta­mol, chamado de bem.u.ron, actua com uma rapidez diferente dos genéricos que por aí andam.

Foi em espanto que ouvi na televisão há tempo um anúncio de que “para pequenas e grandes urgências procure o seu farmacêutico”.

E fiquei a idealizar o que era um traumatismo cra­neano ou um A.V.C em evolução, à espera à porta de uma farmácia. Uma senhora que dá pelo nome de Elisabete Faria, dizia há tempos que só os farmacêuticos tinham formação para receitas. E eu pergunto, a Sr. ª Bas­tonária dos farmacêuticos, qual é o seu crité­rio clínico para adequar o medicamento à doença.

O mundo da saúde envolve demasiado dinheiro. Para não haver guerra à volta dele. Até chegaremos ao ponto. De criarem custos insustentáveis. E numa reunião recente, haver quem proponha que a partir de certa fase. Não se gaste mais dinheiro do estado com os doentes. Imagine-se o que isto leva às instituições privadas a ganhar com esse futuro.

Sejamos claros. Que há médicos e farmacêuticos honestos. E há-os desonestos. Que o aumento da esperança de vida faz dos idosos um espantoso mercado emergente. Que a falta de política social do governo, leva à antecâmara de casas mortuárias, que são os “Lares de Idosos”, sem certificação.

A imensa luta pela vida, pode correr o risco de se transformar. Num enorme campo­ de guerra pelo dinheiro.

 

 

 Outras notícias - Opinião


Família tradicional e luta do bem contra o mal - jorge carreira maia »  2024-04-24  »  Jorge Carreira Maia

A publicação do livro Identidade e Família – Entre a Consistência da Tradição e os Desafios da Modernidade, apresentado por Passos Coelho, gerou uma inusitada efervescência, o que foi uma vitória para os organizadores desta obra colectiva.
(ler mais...)


Caminho de Abril - maria augusta torcato »  2024-04-22  »  Maria Augusta Torcato

Olho para o meu caminho e fico contente. Acho mesmo que fiz o caminho de Abril. O caminho que Abril representa. No entanto, a realidade atual e os desafios diários levam-me a desejar muito que este caminho não seja esquecido, não por querer que ele se repita, mas para não nos darmos conta, quase sem tempo de manteiga nos dentes, que estamos, outra vez, lá muito atrás e há que fazer de novo o caminho com tudo o que isso implica e que hoje seria incompreensível e inaceitável.
(ler mais...)


As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia »  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia

Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores.
(ler mais...)


Eleições "livres"... »  2024-03-18  »  Hélder Dias

Este é o meu único mundo! - antónio mário santos »  2024-03-08  »  António Mário Santos

Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza.
(ler mais...)


Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato »  2024-03-08  »  Maria Augusta Torcato

Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente.
(ler mais...)


A crise das democracias liberais - jorge carreira maia »  2024-03-08  »  Jorge Carreira Maia

A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David.
(ler mais...)


A carne e os ossos - pedro borges ferreira »  2024-03-08  »  Pedro Ferreira

Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA.
(ler mais...)


O Flautista de Hamelin... »  2024-02-28  »  Hélder Dias

Este mundo e o outro - joão carlos lopes »  2024-02-22 

Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”.
(ler mais...)

 Mais lidas - Opinião (últimos 30 dias)
»  2024-04-22  »  Maria Augusta Torcato Caminho de Abril - maria augusta torcato
»  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia
»  2024-04-24  »  Jorge Carreira Maia Família tradicional e luta do bem contra o mal - jorge carreira maia