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Novas Violências

Opinião  »  2009-06-04  »  Eduarda Gameiro

A Terra, tal como as sociedades que a constituem, gira, envolvida pelo arrogante manto do Universo, em redor de um centro metálico. Este movimento está subordinado a uma certa frequência, produto de factores e de forças muito exteriores ao nosso pequeno planeta, uma das poucas atenções que o Universo concede às nossas vidas. Da mesma maneira, nós, tripulantes à força deste rochedo em órbita, obrigados a viver em sociedade porque foi em sociedade que nascemos, somos testemunhas de ciclos de mudanças ambientais, ideológicas, comportamentais… Fruto desse presente envenenado que é a nossa natureza curiosa e evolutivamente vantajosa.

Nesta fase particular do ciclo evolutivo da nossa sociedade, nós, os leigos em economia, vamos vendo cada vez mais gente a tornar-se escrava da falta de dinheiro, da diminuição dos rendimentos e da acumulação de dívidas cada vez mais pesadas. Vamos vendo em cada vez mais rostos a angústia melancólica de quem, pela primeira vez, não conseguiu juntar dinheiro para alimentar os seus filhos. Vamos vendo cada vez mais homens a rasgar a primeira barreira da sua consciência perante a acutilância da decisão de roubar para não deixar a família morrer à fome. Vamos vendo passos sucessivos, caminhadas por onde a moral dantes não deixava caminhar, Homens a vender a alma por alimento… E a simpatia que a nossa natureza humana sente pelo desesperado vai-se debatendo com as nossas próprias necessidades de protecção…

Esta sociedade é produto de uma violência nova. E a novidade não reside nos métodos utilizados para matar, nos estilos de assalto ou nas armas que se tornam cada vez mais acessíveis aos que as desejam. O número de carros roubados, de espancamentos, de retaliações, de assassinatos de inocentes transeuntes que se recusaram a entregar a carteira, de empréstimos a juros elevadíssimos e de cobranças difíceis aumenta sempre ao longo da espiral de miséria e desemprego. Tudo isso já foi visto. A mudança principal em relação a alguns anos atrás manifesta-se quando percebemos que a violência de hoje é aceite de ambos os lados desta luta fratricida desesperada que não estamos preparados para aceitar. A falta de recursos faz-nos odiar quem é diferente de nós mas também os consome. Não haver para todos faz-nos odiar quem está a mais. E o que mais me assusta em tudo isto é não perceber quando é que nós, as auto-denominadas ”pessoas de bem”, recompensadas com o dom de saciar a fome dos filhos, ultrapassámos o ponto a partir do qual esta nova violência passou a ser vista como arma de defesa.

No fim de tudo, o nosso planeta há-de continuar a rodar… A nossa sociedade há-de passar por cima deste momento pior e das vidas que ceifou. Há-de brindar aos bons tempos. E, quando se reencontrar, na viragem do próximo ciclo, com esta nascente de violência legítima, há-de se pasmar, porque se esqueceu que, no fundo, havemos de estar sempre a oscilar em volta dos mesmos fundamentos. Uma navalha há-de ser sempre metal e lágrimas, uma gota de sangue há-de beijar o chão sempre da mesma maneira. E o universo há-de continuar a envolver-nos como nos envolve agora, passando pelo meio das nossas turbinas de violência quase sem lhes tocar, tão tranquilo e indiferente…

 

 

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