Vir’ó disco e toc’ó mesmo
Opinião » 2009-07-17 » Santana-Maia Leonardo
Isto parece contraditório mas reside precisamente aqui o segredo do sucesso das grandes empresas americanas. Com efeito, ao começar de novo, sem conhecer a empresa, nem os seus trabalhadores, o novo director não tem juízos pré-formados sobre os trabalhadores da empresa, nem estes conhecem ainda os vícios e as fraquezas do director. Isso propicia a que todos os trabalhadores sintam que têm uma nova oportunidade de mostrar o seu valor e suas capacidades, sem que haja, logo à partida, trabalhadores marginalizados e marcados com o ferrete da desconfiança. Por outro lado, para o director, a direcção de uma nova empresa impõe-lhe um novo desafio, libertando-o da rotina. E não há nada mais destrutivo das qualidades de uma pessoa do que a rotina. A rotina é uma autêntica fábrica de criar vícios.
Em Portugal, pelo contrário, prefere-se sempre a linha de continuidade. E a continuidade tem sempre e inevitavelmente uma consequência: a perpetuação e amplificação dos mesmos vícios. Esta é, provavelmente, a principal razão por que não conseguimos sair da cepa torta. Invejamos o sucesso dos outros mas somos incapazes de lhes seguir o exemplo.
A escola e a corrida de bicicletas
As nossas escolas, associações e a sociedade, em geral, não se podem transformar numa corrida de bicicletas. Eu sou a favor da competição e da concorrência. Mas de uma competição e de uma concorrência saudáveis. Ou seja, uma competição que leve cada um de nós a procurar superar-se e não a uma competição que vise endeusar o camisola amarela e humilhar o resto do pelotão. Até porque a competição vista nesta perspectiva acaba por transformar as nossas escolas, em particular, e a sociedade em geral, num enorme carro vassoura. Escolas com quadros de honra e prémios para melhor aluno não são escolas de sucesso, são corridas de bicicleta. Uma escola de sucesso é outra coisa: é uma escola que desafia cada aluno a superar-se.
Vozes de burro
«Quem não se sente não é filho de boa gente». E vai daí toda a gente se acha no dever de responder à letra a qualquer insulto de que seja vítima. Ora, para uma pedrada nos acertar, é necessário, em primeiro lugar, que nós estejamos ao seu alcance. Da mesma forma, para que um insulto nos atinja, é necessário, antes de mais, que quem o profere esteja ao nosso nível ou próximo de nós. O que significa também que, ao reagirmos a determinadas ofensas, nos colocamos no mesmo baixo nível do caluniador. Não nos ofende quem quer, mas quem pode. Ofendermo-nos com o que certas pessoas dizem a nosso respeito é reconhecer-lhes importância. E das duas uma: ou consideramos que essas pessoas estão ao nosso nível ou não. E, se não estão, é, como diz o pov «vozes de burro não chegam ao céu».
Vir’ó disco e toc’ó mesmo
Opinião » 2009-07-17 » Santana-Maia LeonardoIsto parece contraditório mas reside precisamente aqui o segredo do sucesso das grandes empresas americanas. Com efeito, ao começar de novo, sem conhecer a empresa, nem os seus trabalhadores, o novo director não tem juízos pré-formados sobre os trabalhadores da empresa, nem estes conhecem ainda os vícios e as fraquezas do director. Isso propicia a que todos os trabalhadores sintam que têm uma nova oportunidade de mostrar o seu valor e suas capacidades, sem que haja, logo à partida, trabalhadores marginalizados e marcados com o ferrete da desconfiança. Por outro lado, para o director, a direcção de uma nova empresa impõe-lhe um novo desafio, libertando-o da rotina. E não há nada mais destrutivo das qualidades de uma pessoa do que a rotina. A rotina é uma autêntica fábrica de criar vícios.
Em Portugal, pelo contrário, prefere-se sempre a linha de continuidade. E a continuidade tem sempre e inevitavelmente uma consequência: a perpetuação e amplificação dos mesmos vícios. Esta é, provavelmente, a principal razão por que não conseguimos sair da cepa torta. Invejamos o sucesso dos outros mas somos incapazes de lhes seguir o exemplo.
A escola e a corrida de bicicletas
As nossas escolas, associações e a sociedade, em geral, não se podem transformar numa corrida de bicicletas. Eu sou a favor da competição e da concorrência. Mas de uma competição e de uma concorrência saudáveis. Ou seja, uma competição que leve cada um de nós a procurar superar-se e não a uma competição que vise endeusar o camisola amarela e humilhar o resto do pelotão. Até porque a competição vista nesta perspectiva acaba por transformar as nossas escolas, em particular, e a sociedade em geral, num enorme carro vassoura. Escolas com quadros de honra e prémios para melhor aluno não são escolas de sucesso, são corridas de bicicleta. Uma escola de sucesso é outra coisa: é uma escola que desafia cada aluno a superar-se.
Vozes de burro
«Quem não se sente não é filho de boa gente». E vai daí toda a gente se acha no dever de responder à letra a qualquer insulto de que seja vítima. Ora, para uma pedrada nos acertar, é necessário, em primeiro lugar, que nós estejamos ao seu alcance. Da mesma forma, para que um insulto nos atinja, é necessário, antes de mais, que quem o profere esteja ao nosso nível ou próximo de nós. O que significa também que, ao reagirmos a determinadas ofensas, nos colocamos no mesmo baixo nível do caluniador. Não nos ofende quem quer, mas quem pode. Ofendermo-nos com o que certas pessoas dizem a nosso respeito é reconhecer-lhes importância. E das duas uma: ou consideramos que essas pessoas estão ao nosso nível ou não. E, se não estão, é, como diz o pov «vozes de burro não chegam ao céu».
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
» 2024-02-28
» Hélder Dias
O Flautista de Hamelin... |
» 2024-03-08
» Maria Augusta Torcato
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato |
» 2024-03-18
» Hélder Dias
Eleições "livres"... |
» 2024-03-08
» Jorge Carreira Maia
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» 2024-03-08
» Pedro Ferreira
A carne e os ossos - pedro borges ferreira |