Velhozes duros*
Opinião » 2009-12-24 » José Mota Pereira
Se tal suceder e independentemente do sucesso da greve estamos perante um facto histórico absolutamente assinalável e que importa reflectir, também aqui, em Torres Novas, onde os hipermercados se multiplicaram nos últimos anos.
Os hiper’s são um fenómeno a que não escapamos ou resistimos. Ali há a possibilidade de termos num único espaço asseado e luminoso, com parque de estacionamento, onde não chove nem faz frio nem calor, uma imensa variedade de produtos aos mais diversos preços.
Os Hiper’s constituíram-se também nos últimos anos uma actividade económica relevante e o nível de emprego que proporcionam não é de ignorar. Não podemos desvalorizar, por exemplo, que os Hipermercados em Torres Novas permitem o emprego de algumas centenas de pessoas e isso é um facto extremamente importante.
Por isso que o anúncio da greve, para este Natal deve ser alvo da nossa atenção.
É que é sabid a troco da chantagem da empregabilidade, aos hipermercados tudo tem sido permitido constituindo no nosso país um dos sectores onde a exploração laboral é mais acentuada e aguda.
Caracterizam-se basicamente por baixos salários e com baixa especialização (apesar de empregar pessoas de diferentes níveis de qualificação) impera a lei do contrato a prazo, do desregulamento de horários e na generalidade dos hipermercados um profundo desprezo pelo exercício de liberdades sindicais. Os hipermercados, propriedade de importantes grupos empresariais, têm funcionado como pequenos feudos, sem fiscalização pela Inspecção do Trabalho e não são raros os relatos de terror psicológico que alguns exercem.
Tudo isto a troco da ”oferta” de emprego. Como se o direito ao emprego fosse indissociável da exigência de um emprego com direitos.
Verdade seja dita: Estes grupos têm agido impulsionados por governos que revendo consecutivamente as leis laborais, têm desequilibrado as relações de trabalho a favor dos empregadores. O Código de Trabalho de Bagão Félix com as revisões de Vieira da Silva, foram nesse aspecto um doce para esta gente.
Este pré-aviso de greve surge porque os Hipermercados preparam-se para que a semana de trabalho possa vir a ser de 60 horas semanais – equivalendo a 12 horas por dia. Ter um emprego não é sinónimo de escravidão!
Caso não recuem nesta ameaça a greve torna-se justa e merece de todos nós consumidores a nossa solidariedade.
Como torrejanos, deveremos também reflectir nos efeitos sociais de tal medida que afectará a vida de inúmeras famílias. Os infantários, as escolas, as associações são vítimas de medidas deste cariz que destroem a coesão familiares e a participação das pessoas na vida da sua terra.
Num concelho onde algumas empresas históricas recorrem ao lay-off, ao recurso a empresas de trabalho temporário (aumentando a precariedade), onde multinacionais fazem despedimentos colectivos, muitas pequenas e médias empresas encerram silenciosamente, neste Natal de 2009, dispensávamos bem o uivo destes novos lobos travestidos de Popotas e Leopoldinas…
Boas Festas!
* Em Torres Novas não comemos sonhos, filhó, filhós nem filhoses. Aqui comemos velhozes fofos e macios. Com o sabor dos velhozes que a minha avó Piedade fazia e distribuía vaidosa pelas outras velhotas lá da rua: a vizinha Perpétua, a vizinha Piedade, a vizinha Maria, a vizinha Adelaide, a vizinha Damião…
Velhozes duros*
Opinião » 2009-12-24 » José Mota PereiraSe tal suceder e independentemente do sucesso da greve estamos perante um facto histórico absolutamente assinalável e que importa reflectir, também aqui, em Torres Novas, onde os hipermercados se multiplicaram nos últimos anos.
Os hiper’s são um fenómeno a que não escapamos ou resistimos. Ali há a possibilidade de termos num único espaço asseado e luminoso, com parque de estacionamento, onde não chove nem faz frio nem calor, uma imensa variedade de produtos aos mais diversos preços.
Os Hiper’s constituíram-se também nos últimos anos uma actividade económica relevante e o nível de emprego que proporcionam não é de ignorar. Não podemos desvalorizar, por exemplo, que os Hipermercados em Torres Novas permitem o emprego de algumas centenas de pessoas e isso é um facto extremamente importante.
Por isso que o anúncio da greve, para este Natal deve ser alvo da nossa atenção.
É que é sabid a troco da chantagem da empregabilidade, aos hipermercados tudo tem sido permitido constituindo no nosso país um dos sectores onde a exploração laboral é mais acentuada e aguda.
Caracterizam-se basicamente por baixos salários e com baixa especialização (apesar de empregar pessoas de diferentes níveis de qualificação) impera a lei do contrato a prazo, do desregulamento de horários e na generalidade dos hipermercados um profundo desprezo pelo exercício de liberdades sindicais. Os hipermercados, propriedade de importantes grupos empresariais, têm funcionado como pequenos feudos, sem fiscalização pela Inspecção do Trabalho e não são raros os relatos de terror psicológico que alguns exercem.
Tudo isto a troco da ”oferta” de emprego. Como se o direito ao emprego fosse indissociável da exigência de um emprego com direitos.
Verdade seja dita: Estes grupos têm agido impulsionados por governos que revendo consecutivamente as leis laborais, têm desequilibrado as relações de trabalho a favor dos empregadores. O Código de Trabalho de Bagão Félix com as revisões de Vieira da Silva, foram nesse aspecto um doce para esta gente.
Este pré-aviso de greve surge porque os Hipermercados preparam-se para que a semana de trabalho possa vir a ser de 60 horas semanais – equivalendo a 12 horas por dia. Ter um emprego não é sinónimo de escravidão!
Caso não recuem nesta ameaça a greve torna-se justa e merece de todos nós consumidores a nossa solidariedade.
Como torrejanos, deveremos também reflectir nos efeitos sociais de tal medida que afectará a vida de inúmeras famílias. Os infantários, as escolas, as associações são vítimas de medidas deste cariz que destroem a coesão familiares e a participação das pessoas na vida da sua terra.
Num concelho onde algumas empresas históricas recorrem ao lay-off, ao recurso a empresas de trabalho temporário (aumentando a precariedade), onde multinacionais fazem despedimentos colectivos, muitas pequenas e médias empresas encerram silenciosamente, neste Natal de 2009, dispensávamos bem o uivo destes novos lobos travestidos de Popotas e Leopoldinas…
Boas Festas!
* Em Torres Novas não comemos sonhos, filhó, filhós nem filhoses. Aqui comemos velhozes fofos e macios. Com o sabor dos velhozes que a minha avó Piedade fazia e distribuía vaidosa pelas outras velhotas lá da rua: a vizinha Perpétua, a vizinha Piedade, a vizinha Maria, a vizinha Adelaide, a vizinha Damião…
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
» 2024-02-28
» Hélder Dias
O Flautista de Hamelin... |
» 2024-03-08
» Maria Augusta Torcato
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato |
» 2024-03-18
» Hélder Dias
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» 2024-03-08
» Jorge Carreira Maia
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» 2024-03-08
» Pedro Ferreira
A carne e os ossos - pedro borges ferreira |