1960-2010: 50 anos de Cine-Clube
Opinião » 2010-01-08 » José Mota Pereira
”(…)lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição. Partir aqui com a ciência toda do passado. Partir aqui – para ficar!” José Mário Branco in FMI
A História não mente: No concelho de Torres Novas o final dos anos 50 e início dos anos 60 foram anos marcantes de grande riqueza colectiva. O país acordava da campanha eleitoral de Humberto Delgado e parecia acreditar que o cinzentismo do regime fascista não poderia durar para sempre.
Depois dos Ranchos Folclóricos de Riachos e Torres Novas e depois do Choral Phydellius, em 1960 nasceu o Cine-Clube de Torres Novas que completa assim, em 2010, os seus 50 anos de actividade.
A importância do Cine-Clube torrejano desde muito cedo ultrapassou as fronteiras do nosso concelho. Vocacionado para a exibição e discussão cinéfila o Cine-Clube de Torres Novas foi também desde a sua fundação a Casa da Liberdade em Torres Novas: enfrentando a censura, a polícia política e o regime fascista, os cineclubistas torrejanos nunca enjeitaram a oportunidade de discutir cinema… mas também literatura, poesia, música, arte e dança. Como também não é segredo, hoje, que da velha máquina de stencil não se reproduziam apenas folhetos de cinematografia…
Fosse utilizando a grandeza do Cine-Teatro Virgínia – então com o apoio do Montepio N.ª S.ª da Nazaré – quer fosse na sua sede muito cedo o Cine Clube contribuiu para o enriquecimento cultural de Torres Novas. Coisa que naturalmente era mal vista pelo regime e pelos seus esbirros. Mérito a quem, nesses tempos difíceis, soube e pôde dar a cara e o nome pela existência. O grande mérito do Cine Clube nestes seus 50 anos foi a sua capacidade de adaptação à mudança dos tempos conservando a sua matriz identificadora de referência cultural da nossa região.
Quem é que em Torres Novas, que se afirme identificado com a cultura, nunca subiu as escadas de madeira da velha sede?
Qual é a instituição torrejana que nunca contactou e realizou actividades em parceria ou com o apoio do Cine-Clube de Torres Novas?
O Cine-Clube sobreviveu ao fascismo e à guerra colonial. O Cine-Clube resistiu vibrante nos anos iniciais da liberdade de Abril em que outras prioridades se impunham. O Cine-Clube resistiu ao individualismo dos anos 80 que destruiu muitas associações. O Cine-Clube resistiu à crise do Cinema nascida com o vídeo.
Hoje o Cine-Clube continua a ser uma referência cultural no nosso distrito e não só. Preside à Direcção e à Mesa da Assembleia-geral da Federação Portuguesa de Cine Clubes.
Realiza semanalmente as suas sessões de cinema com o apoio do Teatro Virgínia e inúmeras actividades de projecção pelo distrito. Mantém igualmente com regularidade projectos de formação e de produção cinematográfica.
Apresenta no seu currículo cinquenta anos de vida em que marcou sucessivas gerações de torrejanos e isso é o melhor elogio que pode receber. Naquele primeiro andar, velhinho, da Rua Artur Gonçalves, o filme, a fotografia, o quadro, a escultura, o livro, o poema, a canção, o jogo de xadrez foram sempre LIVRES – mesmo quando o preço a pagar pela liberdade era altíssimo.
Aos desafios dos tempos, ao longo destes 50 anos, o Cine Clube respondeu com inteligência, cultura, abertura e rejuvenescimento de quadros directivos assumindo sempre, sem complexos, a sua condição de Casa da Liberdade.
Será esse o segredo (sem mistério) do seu futuro.
Parabéns Cine-Clube de Torres Novas!
1960-2010: 50 anos de Cine-Clube
Opinião » 2010-01-08 » José Mota Pereira”(…)lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição. Partir aqui com a ciência toda do passado. Partir aqui – para ficar!” José Mário Branco in FMI
A História não mente: No concelho de Torres Novas o final dos anos 50 e início dos anos 60 foram anos marcantes de grande riqueza colectiva. O país acordava da campanha eleitoral de Humberto Delgado e parecia acreditar que o cinzentismo do regime fascista não poderia durar para sempre.
Depois dos Ranchos Folclóricos de Riachos e Torres Novas e depois do Choral Phydellius, em 1960 nasceu o Cine-Clube de Torres Novas que completa assim, em 2010, os seus 50 anos de actividade.
A importância do Cine-Clube torrejano desde muito cedo ultrapassou as fronteiras do nosso concelho. Vocacionado para a exibição e discussão cinéfila o Cine-Clube de Torres Novas foi também desde a sua fundação a Casa da Liberdade em Torres Novas: enfrentando a censura, a polícia política e o regime fascista, os cineclubistas torrejanos nunca enjeitaram a oportunidade de discutir cinema… mas também literatura, poesia, música, arte e dança. Como também não é segredo, hoje, que da velha máquina de stencil não se reproduziam apenas folhetos de cinematografia…
Fosse utilizando a grandeza do Cine-Teatro Virgínia – então com o apoio do Montepio N.ª S.ª da Nazaré – quer fosse na sua sede muito cedo o Cine Clube contribuiu para o enriquecimento cultural de Torres Novas. Coisa que naturalmente era mal vista pelo regime e pelos seus esbirros. Mérito a quem, nesses tempos difíceis, soube e pôde dar a cara e o nome pela existência. O grande mérito do Cine Clube nestes seus 50 anos foi a sua capacidade de adaptação à mudança dos tempos conservando a sua matriz identificadora de referência cultural da nossa região.
Quem é que em Torres Novas, que se afirme identificado com a cultura, nunca subiu as escadas de madeira da velha sede?
Qual é a instituição torrejana que nunca contactou e realizou actividades em parceria ou com o apoio do Cine-Clube de Torres Novas?
O Cine-Clube sobreviveu ao fascismo e à guerra colonial. O Cine-Clube resistiu vibrante nos anos iniciais da liberdade de Abril em que outras prioridades se impunham. O Cine-Clube resistiu ao individualismo dos anos 80 que destruiu muitas associações. O Cine-Clube resistiu à crise do Cinema nascida com o vídeo.
Hoje o Cine-Clube continua a ser uma referência cultural no nosso distrito e não só. Preside à Direcção e à Mesa da Assembleia-geral da Federação Portuguesa de Cine Clubes.
Realiza semanalmente as suas sessões de cinema com o apoio do Teatro Virgínia e inúmeras actividades de projecção pelo distrito. Mantém igualmente com regularidade projectos de formação e de produção cinematográfica.
Apresenta no seu currículo cinquenta anos de vida em que marcou sucessivas gerações de torrejanos e isso é o melhor elogio que pode receber. Naquele primeiro andar, velhinho, da Rua Artur Gonçalves, o filme, a fotografia, o quadro, a escultura, o livro, o poema, a canção, o jogo de xadrez foram sempre LIVRES – mesmo quando o preço a pagar pela liberdade era altíssimo.
Aos desafios dos tempos, ao longo destes 50 anos, o Cine Clube respondeu com inteligência, cultura, abertura e rejuvenescimento de quadros directivos assumindo sempre, sem complexos, a sua condição de Casa da Liberdade.
Será esse o segredo (sem mistério) do seu futuro.
Parabéns Cine-Clube de Torres Novas!
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
» 2024-02-28
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