Piloto automático
Opinião » 2010-09-10 » Denis Hickel
A propósito da condenação do seleccionador Carlos Queirós em seis meses pela Adop, entidade que controla o doping no desporto, declarou o presidente da FPF, numa expressão infeliz, e que tem sido glosada pelos mais variados sectores afectos à causa do futebol, de que a selecção de Portugal pode jogar em ”piloto automático”, o que significa que não precisa de quem a oriente para defrontar os seus adversários. E foi o que se viu, a quatro dias de defrontar, na Noruega, a selecção daquela país nórdico, tradicionalmente mais difícil que a selecção do Chipre, mais a mais a jogar no seu terreno e perante o seu público. Fraco e triste desempenho da selecção de Portugal (dirigentes, técnicos e jogadores), que deixou os seus apaniguados desiludidos e a perguntarem-se como é possível tão frouxo desempenho.
Afigura-se que a selecção portuguesa subestimou os cipriotas, selecção de nível inferior, muito mal cotada no ranking europeu, jogando um futebol desgarrado, sem critério, mais ou menos no estilo de solteiros contra casados, bola para a frente e fé em Deus. Ora, uma selecção da craveira da equipa nacional não pode apresentar-se num estádio a jogar como jogou, agravado pelo facto de jogar no seu país perante os seus adeptos, deixando um amargo de boca até naqueles que normalmente não vivem o futebol com intensidade.
Dizem alguns, talvez menos esclarecidos, que a culpa é da entidade que aplicou um castigo a Carlos Queirós e que o impede de orientar a selecção nacional. Mas esta asserção não corresponde à realidade. Carlos Queirós, apesar de castigado, sofrendo as consequências de um acto irreflectido e das palavras insultuosas que proferiu sobre os médicos do controlo antidopagem no estágio da selecção, impensáveis num homem sobre quem recai a condução da selecção de Portugal, e cuja vivência no futebol, em vários países, torna inverosímil que as tenha proferido num vernáculo inqualificável, para além da infeliz entrevista que concedeu ao semanário Expresso em que atingiu, levianamente, o vice-presidente da FPF, provocando novo processo disciplinar que vai, certamente, agravar a sua permanência à frente da selecção, continua a ser seleccionador nacional e é, ele próprio, quem convoca os jogadores e que transmite aos seus adjuntos as suas orientações sobre os jogos e a forma como devem ser encarados.
Para completar o descalabro a que chegou a selecção de Portugal, segundo jogo nesta fase de apuramento para o Europeu e derrota na Noruega por 1-0, num jogo muito mal jogado pelos portugueses, patenteando enorme falta de profundidade no tipo de futebol apresentado, desorganizada em todos os sectores do terreno, e com uma defesa que mostrou instabilidade que se tornou clara na forma como o guarda-redes Eduardo, que tão boa figura havia feito do Mundial, abordou o lance que deu origem ao golo da vitória da selecção nórdica, que nunca havia ganho a Portugal.
Com esta derrota, e só com dois jogos já disputados, a selecção de Portugal já perdeu cinco pontos, o que deixa apreensivos os portugueses que gostam da sua selecção quanto ao apuramento para o Europeu de 2012. A Federação Portuguesa de Futebol terá, naturalmente, de tomar as decisões que melhor sirvam os interesses da selecção de Portugal. Mas, se calhar, os principais problemas da selecção e do futebol nacional estão exactamente na gestão da FPF, cujos gestores ainda não perceberam que estão há demasiado tempo nos respectivos cargos e que aquela entidade, como tantas outras que, infelizmente, grassam neste País, não poderá servir para uma feira de vaidades dos seus dirigentes. Terão que ser substituídos. Com urgência.
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Opinião » 2010-09-10 » Denis HickelA propósito da condenação do seleccionador Carlos Queirós em seis meses pela Adop, entidade que controla o doping no desporto, declarou o presidente da FPF, numa expressão infeliz, e que tem sido glosada pelos mais variados sectores afectos à causa do futebol, de que a selecção de Portugal pode jogar em ”piloto automático”, o que significa que não precisa de quem a oriente para defrontar os seus adversários. E foi o que se viu, a quatro dias de defrontar, na Noruega, a selecção daquela país nórdico, tradicionalmente mais difícil que a selecção do Chipre, mais a mais a jogar no seu terreno e perante o seu público. Fraco e triste desempenho da selecção de Portugal (dirigentes, técnicos e jogadores), que deixou os seus apaniguados desiludidos e a perguntarem-se como é possível tão frouxo desempenho.
Afigura-se que a selecção portuguesa subestimou os cipriotas, selecção de nível inferior, muito mal cotada no ranking europeu, jogando um futebol desgarrado, sem critério, mais ou menos no estilo de solteiros contra casados, bola para a frente e fé em Deus. Ora, uma selecção da craveira da equipa nacional não pode apresentar-se num estádio a jogar como jogou, agravado pelo facto de jogar no seu país perante os seus adeptos, deixando um amargo de boca até naqueles que normalmente não vivem o futebol com intensidade.
Dizem alguns, talvez menos esclarecidos, que a culpa é da entidade que aplicou um castigo a Carlos Queirós e que o impede de orientar a selecção nacional. Mas esta asserção não corresponde à realidade. Carlos Queirós, apesar de castigado, sofrendo as consequências de um acto irreflectido e das palavras insultuosas que proferiu sobre os médicos do controlo antidopagem no estágio da selecção, impensáveis num homem sobre quem recai a condução da selecção de Portugal, e cuja vivência no futebol, em vários países, torna inverosímil que as tenha proferido num vernáculo inqualificável, para além da infeliz entrevista que concedeu ao semanário Expresso em que atingiu, levianamente, o vice-presidente da FPF, provocando novo processo disciplinar que vai, certamente, agravar a sua permanência à frente da selecção, continua a ser seleccionador nacional e é, ele próprio, quem convoca os jogadores e que transmite aos seus adjuntos as suas orientações sobre os jogos e a forma como devem ser encarados.
Para completar o descalabro a que chegou a selecção de Portugal, segundo jogo nesta fase de apuramento para o Europeu e derrota na Noruega por 1-0, num jogo muito mal jogado pelos portugueses, patenteando enorme falta de profundidade no tipo de futebol apresentado, desorganizada em todos os sectores do terreno, e com uma defesa que mostrou instabilidade que se tornou clara na forma como o guarda-redes Eduardo, que tão boa figura havia feito do Mundial, abordou o lance que deu origem ao golo da vitória da selecção nórdica, que nunca havia ganho a Portugal.
Com esta derrota, e só com dois jogos já disputados, a selecção de Portugal já perdeu cinco pontos, o que deixa apreensivos os portugueses que gostam da sua selecção quanto ao apuramento para o Europeu de 2012. A Federação Portuguesa de Futebol terá, naturalmente, de tomar as decisões que melhor sirvam os interesses da selecção de Portugal. Mas, se calhar, os principais problemas da selecção e do futebol nacional estão exactamente na gestão da FPF, cujos gestores ainda não perceberam que estão há demasiado tempo nos respectivos cargos e que aquela entidade, como tantas outras que, infelizmente, grassam neste País, não poderá servir para uma feira de vaidades dos seus dirigentes. Terão que ser substituídos. Com urgência.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
» 2024-02-28
» Hélder Dias
O Flautista de Hamelin... |
» 2024-03-08
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» Pedro Ferreira
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