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A dona branca do regime

Opinião  »  2011-01-13  »  Rosa Amora

Ao longo dos anos em que me fui, mal ou bem, construindo, sempre tentei ouvir os outros, mas também com um pouco de teimosia fui construindo o meu mundo pela minha cabeça e não aceito o fatalismo assim como nunca dei poderes a ninguém para que fale ou aja por mim.

Tenho ouvido pessoas candidatas à presidência da República falar dos portugueses e em nome dos portugueses, sobre tudo o que os portugueses precisam e até sobre o que os portugueses pensam, ou seja: aqueles que andam no poder ou lá perto sabem tudo ou quase tudo sobre os portugueses, mas eu desconfio que eles apenas têm medo que os portugueses saibam tudo ou quase tudo deles e assim sendo, usam a táctica ”Valentim Loureiro” e chutam para a frente, no sentido de fazer o povo esquecer o passado em que já chafurdam há mais de 30 anos, com os resultados desastrosos já conhecidos.

Quando eu era miúdo lembro-me que no café onde ía com o meu pai, apareceu um dia o ”katequero”, um jogo que há bem pouco tempo se chamou de ”jogo da bolha”, ouvi com atenção o ”regulamento” do jogo e concluí em voz alta que era aldrabice, o que face à minha idade, 11 ou 12 anos, não me livrou de uma galheta. Todavia continuei a pensar que era aldrabice, que havia uma maioria de jogadores que iriam ser roubados e algum tempo depois alguns dos lesados deram razão ao miúdo.

Uns anos depois, já adulto jovem vi um amigo a vender acções, corria o início dos anos 70, que se compravam e vendiam diariamente no café Pérola e que dava sempre lucro... até que o 25 de Abril e esses ”malandros” dos comunistas, fizeram desses papéis e dos títulos da Torralta, um novo design de papel higiénico, papelinhos esses dos quais desconfiei porque davam logo 10% à cabeça e mais 10% pelo corpo todo, ou seja, por cada ano de aplicações.

Cresci mais um pouco e tive a oportunidade de viver a era ”D. Branca”, onde os aficcionados do golpe eram premiados com 10% ao mês, prémios que os primeiros aderentes recebiam relativos às aplicações dos segundos aderentes e por aí fora, numa moderna versão do ”katequero” e da história da ”árvore das patacas”.

Depois de pensar que já estava tudo visto, no que diz respeito a ”economia e finanças”, o fim do ano presenteou-me com mais um jogo legal, perfeitamente legal, porque os outros é que eram ilegais e contrários aos bons costumes... então não é que o ex-primeiro ministro, licenciado em finanças por uma universidade pública portuguesa e com mais uns pózinhos numa universidade inglesa, o candidato à presidência da República Cavaco Silva, não estranhou, nem sequer pestanejou ao receber na sua conta bancária uma verba choruda, com juros de 140% ao ano, quando os juros de depósitos estão quase nos 0% e as acções vão descendo de valor a cada dia que passa?

E lembrei o comentador Marcelo Rebelo de Sousa...

- Mas pode ganhar 140% numa aplicação a um ano?
- Pode...
- Mas todos podem?
- Não!
- Mas quem é que pode?
- Não sei...
- Mas é legal?
- É...
- Mas esse juro não será demais?
- Talvez...

Depois de muito pensar, depois de saber que vou sofrer uma redução de salário (cá em casa são dois, marido e mulher), depois de saber que é legal ganhar 140% numa aplicação a um ano (lá em casa também foram dois, pai e filha)... já sei em quem vou votar, porque se dá para eles um dia há-de dar para mim... ou vou pensar, como sempre pensei, que isso é tudo aldrabice?

 

 

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