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raios partam o homem

Opinião  »  2011-09-29  »  Carlos Tomé

se adrega a chover está o caldo entornado porque ainda tenho que preparar o reboque para levarmos a venda amanhã ao mercado à vila falta-me apanhar as alfaces umas poucas de couves todo-o-ano um saco de cenouras meia dúzia de cebolas umas melancias e uma catrefa de melões pele de sapo também não sei para quê se o que recebemos nem dá para pagar o terrado à câmara, ó manel não te esqueças que amanhã temos que ir pagar a água a luz a contribuição relaxada a taxa do lixo a conta da farmácia o empréstimo ao banco as quotas do montepio comprar ao grémio dois metros de rede para a capoeira das galinhas que um sacana dum furão deu cabo dela e levantar o dinheiro da reforma dos correios se ainda houver reforma e correios, mas onde é que ele vai raios partam o homem que não me faz nada desde que apanhou a macacoa não presta para nada quem o viu e quem o vê dantes podia mais que uma junta de bois agarrava-se à enxada e cavava uma courela de batatas como se não fosse nada com ele agora não pode com uma gata pelo rabo está para ali parado a olhar para anteontem a pensar na morte da bezerra e cai tudo em cima de mim eu que ando para aqui com uma dor ferrada nos rins e umas cruzes nas costas que me apanham esta parte toda aqui de lado e chegam-me uns afrontamentos aos garganetes que nem vejo se calhar é mau-olhado tenho de ir à emília miola para me rezar o quebranto, mas parece-me que agora o tempo está a estrovantar vou já aproveitar para entabuleirar as passas pode ser que ainda arranje uma saca delas para a feira, ò homem assoa-me aí o cachopo que o ranho já lhe vai a chegar aos queixos ainda tenho que lhe vestir uns calções lavados dar-lhe um prato de sopa e prantar-lhe quitoso para os piolhos antes que o pai o venha buscar porque se o vê neste estado a mulher é que paga coitada que ele chega-lhe a roupa ao pêlo quando bebe um copo a mais e começam os dois às cabeçadas que parece uma chega barrosã e então agora que tudo lhe corre mal ele foi a fábrica que fechou e o patrão despediu-o pelo telefone da noite para o dia e eu pensava que isso não podia ser assim mas desde que vi um porco a andar de bicicleta já acredito em tudo, ele é o banco que lhe quer ficar com a casa porque o dinheiro não cai do céu, ele são as dívidas na taberna e na mercearia e o dinheiro que não chega para os remédios da filha mais nova que tem uma doença de criar bicho, uma desgraça nunca vem só e se não for a gente a ajudá-lo e aos quatro filhos e à mulher coitada que trabalha a dias não sei o que seria deles até ando com medo que lhe passe uma coisa má pela cabeça e que se amande para dentro de um poço como fez o avô dele cruzes canhoto, ó manel vá lá ver que ainda tenho que ir pôr uma panela de couves com feijão ao lume e assar umas petingas para a gente comer, não te esqueças que amanhã temos de trazer da vila uma broa um alqueire de milho para as galinhas e uns botins para o inverno porque com a chuva a gente rebola na lama do caminho como se estivéssemos a andar de patins que a câmara nunca mais manda alcatroar a estrada e eu até já falei com o presidente e disse-lhe que deitei o voto nele mas é ele a prometer um mar de alcatrão para a aldeia e o nariz a crescer-lhe como no outro no pinóquio, raios partam o homem que não presta para nada desde que lhe deu a macacoa

 

 

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