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Equívocos sobre saúde (I)

Opinião  »  2011-12-15  »  Acácio Gouveia

Ultimamente, muito se tem falado de saúde e do direito à saúde, e sendo previsível que o assunto volte à baila, tomo a liberdade de opinar, na qualidade de profissional do ramo. Do que se tem dito e escrito, julgo que sobressaem dois tipos de equívocos.

Primeiro confunde-se saúde com cuidados de saúde. Saúde é uma condição inerente a uma pessoa ou a uma comunidade. Cuidados de saúde são actividades prestadas por instituições com a missão de combater a doença ou reforçar o estado de saúde (hospitais e centros de saúde), ou ainda de prestar assistência em períodos particularmente melindrosos da vida (maternidades). Portanto, a saúde de uma pessoa é diferente de um hospital, de uma farmácia ou de um laboratório de análises clínicas, embora estes tenham por missão contribuir positivamente para aquela. Esta confusão de conceitos tem implicações práticas consideráveis e não se trata apenas de preciosismo teórico. O estado de saúde de uma pessoa ou de uma comunidade depende de vários factores. Genéticos: algumas pessoas nascem com um capital de saúde maior que outras. Ecológicos: entendendo-se a ecologia em sentido lato - clima, condições habitacionais, violência, etc. Estilos de vida: hábitos alimentares, exercício físico, consumos (tabagismo, uso de drogas ilícitas e de álcool) vida sexual, atitude mental. Serviços de cuidados de saúde: acessibilidade e eficiência dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde.

Ora, destes quatro factores, é justamente a existência de cuidados de saúde o de menor relevância! O que mais influencia a saúde é o estilo de vida. Por exempl se tivermos duas comunidades, uma de fumadores, outra de não fumadores, o nível de saúde da primeira será pior que a segunda, mesmo que tenha acesso a excelentes serviços de saúde e a segunda não os tenha de todo. Isto porque a maioria dos danos causados pelo tabaco não são corrigíveis pela ciência médica actual. Outro exempl a saúde dos habitantes de uma cidade sofrerá menos com a hipotética perda de todos os prestadores de cuidados de saúde, do que com o fim da distribuição de água potável e do tratamento de lixos.

Esta confusão entre cuidados de saúde leva a que se gerem expectativas exageradas sobre os serviços que prestam estes cuidados e que se ignore a importância dos outros condicionantes da saúde. A verdade é que haverá poucas melhorias se se investir apenas nos cuidados de saúde. Já as mudanças drásticas nos consumos de álcool e tabaco, por exemplo, trariam avanços consideráveis para a saúde. É preciso não esquecer que o investimento na melhoria dos cuidados de saúde é muito superior ao que se faça para influenciar os estilos de vida.

Na sequência deste esclarecimento, ficam algumas considerações práticas. Em primeiro lugar, as associações de utentes de saúde deveriam denominar-se associações de utentes de cuidados de saúde ou do SNS. Por outro lado, essas associações, embora prioritariamente interventoras no funcionamento dos cuidados de saúde, não se devem continuar a alhear, por exemplo, do preocupante problema do alcoolismo juvenil.

Ainda dentro deste grupo de equívocos, temos a ideia de quanto mais cuidados de saúde dispensados melhor. Ora, tal ideia é errada. Há quem afirme que nos Estados Unidos a quarta causa de morte seja devida a intervenções terapêuticas! Há um nível óptimo acima do qual os cuidados de saúde não só se tornam inúteis como perigosos para a saúde.

 

 

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