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Um banqueiro frustrado

Opinião  »  2012-01-27  »  Jorge Cordeiro Simões

O João foi poupando alguma coisa para poder ter um ”pé-de-meia” quando chegasse a velhice e a reforma. Isto, caso lá chegasse e a mesma fosse insuficiente.

Como não gosta de correr riscos, foi pondo suas economias em simples depósitos a prazo, porque aí, sendo embora escassos os seus ganhos, tinha alguma garantia de poder dispor do seu dinheiro quando do mesmo necessitasse.

O João é homem de palavra, confiava nas instituições e como bom português preocupa-se com o futebol, deixando ao banco a preocupação de guardar, aproveitar e rentabilizar as suas economias. Ele vê a publicidade na TV e noutros lugares, vê que é isso que fazem Mourinho, Cristiano Ronaldo e outros que ele admira, pelo que seguiu seu exemplo e foi estando tranquilo.

Por ser assim confiado, alguns anos atrás soube pela publicidade do banco de que era há muitos anos cliente, de que podia tornar-se ”dono do seu banco”, o que o deixou entusiasmado. A sua Maria ainda tentou dissuadi-lo, mas sem resultado. Ele não a quis ouvir e aderiu à ideia, dadas as vantagens apresentadas. Imaginou-se mesmo um dos banqueiros, donos do país, a ”falar grosso” na TV largando ai suas ”postas de pescada” e a correr em alta velocidade num grande carrão, as auto-estradas do país que o ”querido líder” Sócrates ia mandando construir. Seria ”sempre a abrir, de vento pela popa”.

Era cliente antigo do referido banco. Agora, conforme informava a publicidade do mesmo e cedendo à tentação da ganância, queria tornar-se um dos seus donos.

A troco de apenas um euro por mês, tornava-se associado, podendo eleger ou ser eleito para mandador e recebia mais um belo cartão para engrossar sua carteira. E no mínimo, iria amealhando algumas poupanças de forma segura e, segundo lhe asseguravam mais rentável, para quando se reformasse. Porque como ”dono do banco”, tinha direito à sua parte na distribuição dos lucros que se somavam aos juros, tendo assim maior rendimento do que nos simples depósitos a prazo.

Não pestanejou a assinar a papelada que para o efeito lhe apresentaram, nem se deteve a ler atentamente os pormenores. Autorizou que todos os meses lhe tirassem uma parte do dinheiro que ia poupando e que desse modo iria juntando nesse mealheiro.

Além de depressa se terem esfumado seus devaneios de vir a ser dono do banco, ao acompanhar a evolução dos números do que assim ia juntando, fazendo suas contas bem feitas como lhe permite a sua antiga quarta classe bem feita, concluiu que além de não ir chegar a banqueiro, os ganhos acumulados eram por demais escassos, ao nível dos juros de depósitos a prazo.

Agora, uma vez reformado e porque a crise tende a estrangular o valor da sua pensão, foi á agência e, sem querer ouvia mais ”canções do bandido”, assinou a papelada necessária para resgatar o referido pecúlio. Foi depois que se apercebeu de que deveria ter lido com atenção o contrato que assinara uns anos antes, ou que devia ter tomado esta iniciativa muito mais tempo atrás. É que lhe foram ao mealheiro, tirando-lhe 5% do dinheiro que ali juntara nos derradeiros 5 anos, a titulo de levantamento antecipado.

Foi justo, para aprender a não ser ganancioso!

Contudo ele podia ter evitado este prejuízo. Bastava para tal que tivesse morrido. Nesse caso os herdeiros teriam direito à totalidade do capital sem penalização. Contudo, mesmo disso o João agora desconfia. É que, dado o facto da consulta ao conteúdo do tal mealheiro ser um pouco complicada e o seu conteúdo não aparecer nos estratos normais da sua conta, receia bem que seus herdeiros não viessem tão pouco a aperceber-se da existência do mesmo, podendo por isso virem a levar uma penalização de 100%.

Agora o João é um homem mais descrente de instituições que supunha respeitáveis. Passou a dedicar-se ainda mais a acompanhar as vicissitudes da bola e, apesar do dano sofrido, está convicto de que a mobilização destas suas economias, apenas pecou por tardia.

 

 

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