Fidalguia
Opinião » 2012-07-20 » Jorge Cordeiro Simões
A condição de fidalgo permite que, fazendo-se pouco ou nada, se possa viver á ”tromba estendida”, á conta do dinheiro dos impostos. Ascende-se a fidalgo de várias maneiras, sendo as mais comuns por herança, por casamento de conveniência e cada vez mais por compra de títulos ou posições, pagando em grossos cabedais, regra geral com dinheiro público ”desviado”, ou então em ”serviços”, troca de favores, etc, á mais alta fidalguia titular dos lugares mais importantes.
É certo que ao longo de 8 séculos de história, muitos títulos de nobreza foram obtidos pela notoriedade alcançada, em feitos ligados á fundação e preservação da nossa independência, bem como da expansão e desenvolvimento do território, da cultura nacional e da sua divulgação no mundo.
Mas mudaram-se os tempos e com isso as vontades. Após a revolução de Abril de 1974 chegou-se á época contemporânea em que numerosa fidalguia conseguiu num nível nunca antes visto, obter seus títulos e melhorar grandemente seus privilégios, através dos referidos pagamentos, em especial com cabedais obtidos na venda das jóias granjeadas ao longo dos séculos pela nação portuguesa.
Pode assim ficar registado para a história, que muita da actual alta nobreza conseguiu obter ou ascender nos mimos e privilégios inerentes á sua condição, pendurando-se em partidos políticos onde alcançaram lugares que lhes permitiram vir a usufruir da venda ao desbarato, daquilo que em tempos anteriores eram consideradas jóias inalienáveis, tais como a independência nacional e os meios de produção próprios os quais, embora magros, foram por séculos sustentáculo de vida da nação. Neste afã de alienação a qualquer preço para proveito próprio, foi também grande parte do ouro acumulado com trabalho e sacrifício por gerações de portugueses e, mais importante do que tudo isto, foram as esperanças de futuro promissor para a juventude.
Apenas a título de exemplo do extenso rol de jóias desbaratadas, ocorre-me hoje a emblemática ponte sobre o Tejo em Lisboa. Depois de ter sido ponte Salazar, após 1974 passou a ser chamada ponte 25 de Abril. E por enquanto ainda vai mantendo este nome, mas de facto desde alguns anos atrás deixou de ser nossa e passou a ser um activo, (como agora se designa) de uma sociedade (Lusoponte) pertença e garante de um bando de garbosos e ricos fidalgos. Aliás, trata-se de um caso em que o fidalgo Ferreira do Amaral enquanto ministro, preparou laboriosa e engenhosamente a ”venda” da ponte a ele mesmo.
Uma vez ex-ministro, dedicou-se á ”engorda”. Vai cobrando e comendo uma sandes por cada carro que lá passa. De tanta sandes, comer parece prestes a rebentar.
Uns comendo em demasia e, creio que por isso, cada vez mais gente sem nada para comer.
E lá vamos, cantando e rindo, levados, levados assim, pelas alegrias proporcionadas pelo futebol, pelas emoções das inúmeras telenovelas e programas de dramas e mexericos dos 3 principais canais de TV nacionais, pelos sucessivos casos e escândalos, por exemplo á volta do ministro Relvas (agora emérito doutor instantâneo baseado nas ”equivalências”, mais um privilégio da fidalguia, pela universidade lusófona) e claro, sempre encantados pelos comentaristas da TV, da politica e da bola.
Toda esta gente nos vai distraindo e tem o mérito de nos ir mantendo narcotizados. São bem pagos para tal efeito, em muitos casos com dinheiro público distribuído a seu gosto pela alta fidalguia, sempre em defesa da nobre causa que é a manutenção de seus privilégios.
Fidalguia
Opinião » 2012-07-20 » Jorge Cordeiro SimõesA condição de fidalgo permite que, fazendo-se pouco ou nada, se possa viver á ”tromba estendida”, á conta do dinheiro dos impostos. Ascende-se a fidalgo de várias maneiras, sendo as mais comuns por herança, por casamento de conveniência e cada vez mais por compra de títulos ou posições, pagando em grossos cabedais, regra geral com dinheiro público ”desviado”, ou então em ”serviços”, troca de favores, etc, á mais alta fidalguia titular dos lugares mais importantes.
É certo que ao longo de 8 séculos de história, muitos títulos de nobreza foram obtidos pela notoriedade alcançada, em feitos ligados á fundação e preservação da nossa independência, bem como da expansão e desenvolvimento do território, da cultura nacional e da sua divulgação no mundo.
Mas mudaram-se os tempos e com isso as vontades. Após a revolução de Abril de 1974 chegou-se á época contemporânea em que numerosa fidalguia conseguiu num nível nunca antes visto, obter seus títulos e melhorar grandemente seus privilégios, através dos referidos pagamentos, em especial com cabedais obtidos na venda das jóias granjeadas ao longo dos séculos pela nação portuguesa.
Pode assim ficar registado para a história, que muita da actual alta nobreza conseguiu obter ou ascender nos mimos e privilégios inerentes á sua condição, pendurando-se em partidos políticos onde alcançaram lugares que lhes permitiram vir a usufruir da venda ao desbarato, daquilo que em tempos anteriores eram consideradas jóias inalienáveis, tais como a independência nacional e os meios de produção próprios os quais, embora magros, foram por séculos sustentáculo de vida da nação. Neste afã de alienação a qualquer preço para proveito próprio, foi também grande parte do ouro acumulado com trabalho e sacrifício por gerações de portugueses e, mais importante do que tudo isto, foram as esperanças de futuro promissor para a juventude.
Apenas a título de exemplo do extenso rol de jóias desbaratadas, ocorre-me hoje a emblemática ponte sobre o Tejo em Lisboa. Depois de ter sido ponte Salazar, após 1974 passou a ser chamada ponte 25 de Abril. E por enquanto ainda vai mantendo este nome, mas de facto desde alguns anos atrás deixou de ser nossa e passou a ser um activo, (como agora se designa) de uma sociedade (Lusoponte) pertença e garante de um bando de garbosos e ricos fidalgos. Aliás, trata-se de um caso em que o fidalgo Ferreira do Amaral enquanto ministro, preparou laboriosa e engenhosamente a ”venda” da ponte a ele mesmo.
Uma vez ex-ministro, dedicou-se á ”engorda”. Vai cobrando e comendo uma sandes por cada carro que lá passa. De tanta sandes, comer parece prestes a rebentar.
Uns comendo em demasia e, creio que por isso, cada vez mais gente sem nada para comer.
E lá vamos, cantando e rindo, levados, levados assim, pelas alegrias proporcionadas pelo futebol, pelas emoções das inúmeras telenovelas e programas de dramas e mexericos dos 3 principais canais de TV nacionais, pelos sucessivos casos e escândalos, por exemplo á volta do ministro Relvas (agora emérito doutor instantâneo baseado nas ”equivalências”, mais um privilégio da fidalguia, pela universidade lusófona) e claro, sempre encantados pelos comentaristas da TV, da politica e da bola.
Toda esta gente nos vai distraindo e tem o mérito de nos ir mantendo narcotizados. São bem pagos para tal efeito, em muitos casos com dinheiro público distribuído a seu gosto pela alta fidalguia, sempre em defesa da nobre causa que é a manutenção de seus privilégios.
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
» 2024-04-10
» Jorge Carreira Maia
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