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JFK e o Lixo em Maputo

Opinião  »  2016-06-17  »  Ricardo Jorge Rodrigues

Não perguntes o que a tua pátria pode fazer por ti. Pergunta o que podes fazer pela tua pátria”. A citação é atribuída a John F. Kennedy aquando da sua tomada de posse como presidente dos EUA, em Janeiro de 1961, mas a verdade é que tal aforismo remonta ao início do século XX e era utilizada em cartazes de propaganda bélica durante a I Guerra Mundial. O que tem isto a ver com a minha estadia em África?

Muito pouco, de facto. Apenas a forma instintiva como associo esta frase à incapacidade dos moçambicanos tomarem acções concretas pelo seu país, ficando na expectativa em relação a tudo o que é aspecto social.

A face mais visível deste comodismo e que, passados quatro meses, me continua a impressionar diariamente é a forma como as ruas de Maputo são lixeiras a céu aberto. Em frente ao edifício em que trabalho, na Avenida Mao Tsé-Tung, é frequente haver aglomerados de lixo compostos por garrafas e sacos de plástico, pacotes de batatas-fritas ou papelões gastos pelo tempo.

O cheiro a urina, por exemplo, é recorrente. Isto numa das principais vias da cidade (sim, que foi baptizada em homenagem a um dos maiores assassinos da história…).
E se assim é no centro, podemos imaginar o que se passará nas zonas suburbanas da capital. O tempo em que Maputo era conhecida pelas suas acácias já lá vai.

Hoje a realidade é outra: há manifestos problemas de saneamento público (o que ainda hoje está bem construído remonta ao tempo colonial), recolha de lixo e, sobretudo, falamos de praticamente dois milhões de pessoas que diariamente pisam Maputo e que revelam uma gritante falta de cultura social sobre o tema.

A culpa é de todos, diz a autarquia: “o município não pode limpar sozinho o lixo que é produzido por milhões de pessoas, se essas pessoas não participam”, frisava em 2015 Agostinho Mucavele, director municipal em Maputo.

E, de facto, embora existam poucos locais para depósito de lixo na cidade, o comportamento dos cidadãos é algo que roça o pré-histórico: é habitual vermos pessoas a deitar lixo no chão, urinar nas ruas ou queimar qualquer coisa em qualquer canto da cidade. E isto não se impõe às pessoas: educa-se.

E a verdade é que desde a independência de Moçambique se passaram 41 anos e as coisas só mudaram para pior. Como em tantos outros temas Moçambique parou, retrocedeu e perdeu a oportunidade de potenciar aquilo que tem de melhor: a sua paisagem e as suas gentes.

Nestes 41 anos, falamos de duas gerações que – educadas – teriam uma noção exacta do que exige viver em sociedade mas que, deste modo, se perderam no lado mais primitivo do ser humano. Vivemos neste momento um século desde a I Guerra Mundial e 55 anos desde que John F. Kennedy tomou posse como Presidente dos EUA e os moçambicanos continuam sem entender o que podem fazer pela sua pátria. O lixo nas ruas é apenas o lado mais visível e incomodativo disso.

 

 

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