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Animais - carlos paiva

Opinião  »  2022-12-06  »  Carlos Paiva

" “A história da indústria não se resigna ao confinamento dos livros, não se rende ao obsoleto e ganha vida própria."

Em Janeiro de1977, a banda britânica de rock progressivo psicadélico Pink Floyd lançou o seu décimo álbum de originais, Animals. O primeiro álbum a ser gravado no seu próprio estúdio. A temática do disco é inspirada na obra satírica de George Orwell, Animal Farm (1945), traçando paralelos à realidade política e social vivida na Inglaterra dos anos 70, facilmente relacionável a vários outros pontos do mundo. Por esta altura, os Pink Floyd já eram uma instituição reconhecida mundialmente. Tudo o que faziam era atentamente escutado nos quatro cantos do planeta e as posturas políticas, sociais, artísticas, registadas na música e nos poemas, estavam sob apurado escrutínio, tanto do grande público como de críticos e especialistas. Os Pink Floyd, ao longo da sua carreira, tiveram (quase) sempre algo a dizer sobre a sociedade, a civilização, a arte.

A capa do álbum, é uma montagem fotográfica produzida por uma empresa de design, mediante instruções da própria banda. Uma foto de uma central eléctrica a carvão com quatro chaminés altas, no meio das quais paira um balão insuflável com a forma de um porco. A central eléctrica na foto, foi construída nos anos 30 nos arredores de Londres à beira do rio Tamisa. Tendo cessado a sua actividade em 1983, desde então tem sido uma atracção turística. Por figurar na capa de um álbum dos Pink Floyd, por os Beatles terem lá filmado cenas para o filme Help!, por ser o cenário de um videoclip dos Judas Priest, por outra foto (do interior) ser a capa de um álbum dos Hawkwind. Vários fotógrafos, amadores e profissionais, ao longo dos anos têm executado remakes destas imagens indelevelmente marcadas na cultura popular por via da música rock. Desde a cessação da actividade de produção de energia, houve várias tentativas de rentabilização da infraestrutura para outras actividades, mas sem sucesso. Foi comprada em 2006 por 400 milhões de libras por um consórcio imobiliário que obteve licenciamento para lá construir 3400 habitações. O projecto foi abortado em 2010 pelos bancos credores desse grupo imobiliário. A central, com as suas 4 icónicas chaminés, ainda lá está.

É um exemplo de como a história da indústria não se resigna ao confinamento dos livros, não se rende ao obsoleto e ganha vida própria. Sobrevive, quiçá para sempre, noutras ramificações culturais que não a arqueologia industrial, ou o livro académico resultante da investigação de um qualquer historiador. Daí a importância em manter erigidas estruturas cuja utilidade para a qual foram construídas se esgotou. São testemunhos físicos, palpáveis, existentes na vida real, não se resumindo a conceitos abstratos formados por palavras e imagens, num livro ou fotografia ou filme. Nessa condição, a utilidade torna-se vitalícia. A função, essa é variável. Passível de mutar de acordo com a evolução dos tempos. Não existindo, tendo sido demolida, tudo isto seria obliterado. Certamente os Pink Floyd, os Beatles, os Judas Priest, os Hawkwind, continuariam a fazer discos filmes videoclips. Teriam fotografado, filmado, noutros cenários. Provavelmente até num supermercado, quem sabe. Já o porco insuflável, graças a Orwell, ficará eternamente como a metáfora para o político sem escrúpulos.

 

 

 

 

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