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Sempre os egos - inês vidal

Opinião  »  2022-03-08  »  Inês Vidal

"“A história repete-se e prova disso é a quantidade de clubes que há numa terra minúscula como Torres Novas, muitos deles a representar exactamente a mesma modalidade."

Dizem que o desporto é saudável. Eu cada vez mais me convenço de que nada em que o Homem toque é saudável. Nunca fui desportista no verdadeiro sentido da palavra. Reconheço que até o poderia ter sido, em miúda, mas nunca fui muito incentivada a isso. Não tínhamos grande culto lá por casa, o tempo era pouco ou então era apenas a questão da cultura do desporto que não era tão enraizada à época. Seja como for, nunca fui.

Chegada a mãe e como qualquer boa mãe – aí me reconheço no papel – tratei de transferir para a minha primogénita todas as minhas frustrações, não sendo excepção, claro, o campo desportivo. Eu tinha praticado ginástica com o professor Raul Santos no então Ginásio Trampolim, onde é hoje o bar com o mesmo nome. Ainda invejo a Inês que era naqueles flic flac atrás. Haveria de ser hoje. Esses meus tempos de ginasta foram curtos, já que por qualquer motivo que desconheço, o professor deixou de dar aulas naquele local, que ficava ali mesmo a jeito, pertinho de casa. O sonho morreu ali. E com ele a Inês de maiot.

Anos mais tarde, assim que me foi possível, enfiei a minha filha em aulas de ginástica. Gostasse ou não. Eu não fui aos Jogos Olímpicos, mas ela haveria de ir. Pobrezinha. A criança só queria aprender a fazer cambalhotas. Tantos anos passados, sou humilde o suficiente para reconhecer que ela se esforçava, mas que aquele não era definitivamente o seu talento. Ela gostava mesmo era de nadar, mas eu queria que ela fosse a ginasta que eu não consegui ser. A vida é difícil. Há um momento em que os filhos são chamados a pagar as dores de parto que geraram.

O meu sonho acabou por morrer cedo. Não apenas pela falta de talento da petiz para a trave, mas essencialmente porque rapidamente percebi que o conceito do desporto corre errado nas veias desta gente.

A minha, tal como tantas outras crianças, só queria aprender a fazer a cambalhota e o pino. Mas os treinadores estavam mais focados nas meninas talentosas, com potencial para manchetes de jornal. Manchetes que, no fundo, os tocassem a eles, claro. O empenho que colocavam nuns, não era o mesmo que colocavam nos outros. Posso até perceber que assim seja, gostava era que se assumissem e poupassem os pais à hipocrisia dos discursos politicamente correctos do incentivo à prática desportiva, da democratização do desporto e da utilização deste enquanto arma para desviar jovens de maus caminhos. Só quem não tem filhos a rebolar pelos balneários desses clubes a fora acredita nas simples boas intenções.

Falei da ginástica, como exemplo de um dos clubes por onde passei, mas poderia falar de qualquer outra modalidade. A história repete-se e prova disso é a quantidade de clubes que há numa terra minúscula como Torres Novas, muitos deles a representar exactamente a mesma modalidade. Basta ver a quantidade de cisões entre clubes a que assistimos nos últimos anos, com lutas pela angariação de atletas, de espaços e jogos sujos entre aqueles que, em primeiro lugar, deveriam dar o exemplo. Os egos dos adultos estão muito aquém das vontades das crianças, muito mais puras e inocentes, cujo único desejo é praticar seja que desporto for, brincar e, porque não, ganhar umas medalhas para recordação. E os únicos prejudicados são precisamente estes, os atletas em que os adultos dizem pensar, aquando cegos pelos seus odiosos egos, vão tomando decisões em nome dos que nada podem decidir sozinhos.

 


“A história repete-se e prova disso é a quantidade de clubes que há numa terra minúscula como Torres Novas, muitos deles a representar exactamente a mesma modalidade.

 

 

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