Martim Sousa Tavares e o efeito da arte - inês vidal
Opinião
» 2025-10-04
» Inês Vidal
Sinto-me sempre noutra cidade, numa daquelas grandes, bem cotadas, por essa Europa adentro, quando me sento no auditório da Biblioteca Municipal de Torres Novas a ouvir Martim Sousa Tavares. Na terceira conferência do ciclo “Arte, beleza e significado ao longo do tempo”, que tem estado a promover na cidade ao longo deste ano, Martim fala de vida e de arte, começando na música clássica, passando pela escultura e pela pintura, indo da ópera ao teatro. Poesia em palavras, pela batuta do maestro.
Num paralelismo constante entre o momento que a arte atravessa e os tempos por que passa o mundo, Martim Sousa Tavares vai levantando questões sobre os dias - a que espera responder na última das conferências, que acontecerá a 28 de Novembro - e ensina-nos a história da arte, enquanto reflexo da história geral. Ou vice-versa.
No sábado, dia 27, a propósito de “A arte contra tudo e contra todos”, o orador falou do tempo que vivemos, onde todos parecem estar zangados e no qual ninguém comunica e questionou como a arte e a cultura podem ajudar a resolver tamanho problema. Chamando a atenção para o facto de como é recorrente as pessoas preferirem sempre a arte de antanho, em detrimento da actual, Martim deixou a questão: “Será que não gostamos do mundo dos dias de hoje?”.
E foi partindo da frase “a beleza vai salvar o mundo”, descontextualizada do discurso de Fiodor Dostoievsky, e tendo sempre por base da sua análise a diferença entre ética e estética, que Sousa Tavares dirigiu a plateia numa viagem pelo desconcerto que Anish Kapoor consegue provocar com as suas esculturas, o ódio que nos liga a Hirst, as fotografias que nos estupidificam, da autoria de Cindy Sherman ou o vanguardismo de Beethoven. O “efeito da arte”, como chamou ao fenómeno que nos leva a querer e precisar de algo que, antes de nos ser mostrado, nem sabíamos que nos fazia falta.
Só a nós, pessoas, cabe o poder de salvar o mundo. A arte, enquanto recipiente onde o artista deita a beleza, salva vidas, dias, minutos. Quanto muito, ajuda a salvar o mundo.
A evolução não tem fim. O significado da arte vem sendo alterado à medida dos tempos. Também o significado da beleza se altera, não podendo separar-se nunca o seu lado estético, que traduz o gosto de cada um e o seu lado ético, em tudo relacionado com a moralidade do indivíduo. Uma difícil gestão e enorme contradição na forma como entendemos a beleza.
A estas inquietudes lançadas, Martim Sousa Tavares espera dar resposta na sessão de dia 28 de Novembro, sexta-feira à noite, na Biblioteca Municipal.
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Opinião
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Num paralelismo constante entre o momento que a arte atravessa e os tempos por que passa o mundo, Martim Sousa Tavares vai levantando questões sobre os dias - a que espera responder na última das conferências, que acontecerá a 28 de Novembro - e ensina-nos a história da arte, enquanto reflexo da história geral. Ou vice-versa.
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E foi partindo da frase “a beleza vai salvar o mundo”, descontextualizada do discurso de Fiodor Dostoievsky, e tendo sempre por base da sua análise a diferença entre ética e estética, que Sousa Tavares dirigiu a plateia numa viagem pelo desconcerto que Anish Kapoor consegue provocar com as suas esculturas, o ódio que nos liga a Hirst, as fotografias que nos estupidificam, da autoria de Cindy Sherman ou o vanguardismo de Beethoven. O “efeito da arte”, como chamou ao fenómeno que nos leva a querer e precisar de algo que, antes de nos ser mostrado, nem sabíamos que nos fazia falta.
Só a nós, pessoas, cabe o poder de salvar o mundo. A arte, enquanto recipiente onde o artista deita a beleza, salva vidas, dias, minutos. Quanto muito, ajuda a salvar o mundo.
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