Torres Novas somos nós - inês vidal
Opinião » 2021-06-04 » Inês Vidal"Em Outubro há eleições, mas sentimo-nos nas eleições de há vinte. Os mesmos bigodes, as mesmas caras, as mesmas linhas de pensamento."
Avançamos por aí adentro para um ano de eleições autárquicas. Decidimos o futuro da nossa porta, aquele que está logo ali, mais perto, no imediato, que dita a nossa qualidade de vida assim que colocamos o pé fora da nossa casa. Ou mesmo ainda dentro dela. Decidimos o futuro que, simultânea e estranhamente, menos parece interessar à maioria dos eleitores.
Num ano como o que vivemos, 2021, depois do que a vida nos fez crescer, esperávamos mais da nossa terra, das nossas gentes, se é que em Torres Novas conhecemos esse conceito de comunidade, de unidade, de sermos nós por todos, porque uns somos os outros.
À entrada do meio desse mesmo ano, já conhecemos grande parte dos candidatos para o nosso concelho. Resta-nos apenas descobrir se os novos partidos avançam e uma ou duas caras que já nos habituámos a ver na luta pela autarquia. Temos os da esquerda, os de direita, os do costume e os que tanto ameaçaram que acabaram mesmo por vir. Ainda faltam alguns. Mas até ver, os mesmos nomes, as caras de sempre.
Torres Novas desistiu há muito. Deitou-se à sombra de um eucalipto que tudo secou - parafraseando alguém que por aqui andou muito e há muito - e não apresentou mais ninguém às corridas. As caras novas, se as há - uma pessoa já começa a desconfiar que não - não se juntam à vida política, não se comprometem, não entregam a vida pessoal a uma causa que sentem perdida. Têm outros interesses, vivem para si sem perceber que a coisa pública também são eles, desacreditaram-se, desinteressaram-se e muitas vezes nem sequer querem saber quem vai na voz deles, por eles. Os únicos rostos diferentes que aparecem dizem-se independentes e mesmo esses dependem da sombra de quem já todos conhecem.
Como no ano que passou, percebemos da pior forma que só damos real valor às coisas quando elas fogem das nossas mãos. O mesmo acontece aqui: e se deixássemos um dia de poder escolher quem decide os nossos destinos, se deixássemos um dia de efectivamente poder decidir os nossos dias, se se extinguisse um dia o poder local, aquele da proximidade, que nos deveria conhecer melhor do que ninguém e realmente defender os nossos interessentes, perante um poder que nem sabe que existimos. Como nos arriscamos a entregar-nos assim, sem uma palavra a dizer?
Os partidos vão-se deixando morrer em Torres Novas, não se renovam. As pessoas vivem sozinhas e para si. Já ninguém se assume ou compromete. Há uma corrida a arrancar e a nós só nos dá vontade de fugir dela. A garantia que temos é apenas uma: ou quem já lá esteve vinte ou quem já lá está há trinta. A nossa maior esperança é uma oposição que, seja ela qual for, será sempre o nosso único e último suspiro de democracia. O fim de uma maioria absoluta que se esquece da vontade comum e se sente tentada à vontade do seu próprio umbigo. Um executivo partido, uma divisão de ideais e de interesses, a partilha de decisões, a vigilância de quem não alinha.
Em Outubro há eleições, mas sentimo-nos nas eleições de há vinte. Os mesmos bigodes, as mesmas caras, as mesmas linhas de pensamento. Uma Torres Novas que se mantém pequenina, à espera de que as novas gerações, as que viram mundo, ganhem consciência de que há uma terra que precisa delas e que as chama à obrigação de dar continuidade a um projecto que começou há muito.
A vida pública somos nós e chegámos a um limite. Precisamos que olhem por nós, precisamos também nós de olhar pelos outros. Não basta dizer que ninguém faz nada. Já percebemos que temos de ser nós a fazer parte da coisa. Uma mudança que pode começar com o nosso voto, passar pela nossa intervenção, pela exposição das nossas ideias. Torres Novas não é propriedade de ninguém. Torres Novas é de quem que cá vive, de quem cá nasceu, de quem gosta dela. Torres Novas somos todos nós e não nos podemos entregar ao vento.
Torres Novas somos nós - inês vidal
Opinião » 2021-06-04 » Inês VidalEm Outubro há eleições, mas sentimo-nos nas eleições de há vinte. Os mesmos bigodes, as mesmas caras, as mesmas linhas de pensamento.
Avançamos por aí adentro para um ano de eleições autárquicas. Decidimos o futuro da nossa porta, aquele que está logo ali, mais perto, no imediato, que dita a nossa qualidade de vida assim que colocamos o pé fora da nossa casa. Ou mesmo ainda dentro dela. Decidimos o futuro que, simultânea e estranhamente, menos parece interessar à maioria dos eleitores.
Num ano como o que vivemos, 2021, depois do que a vida nos fez crescer, esperávamos mais da nossa terra, das nossas gentes, se é que em Torres Novas conhecemos esse conceito de comunidade, de unidade, de sermos nós por todos, porque uns somos os outros.
À entrada do meio desse mesmo ano, já conhecemos grande parte dos candidatos para o nosso concelho. Resta-nos apenas descobrir se os novos partidos avançam e uma ou duas caras que já nos habituámos a ver na luta pela autarquia. Temos os da esquerda, os de direita, os do costume e os que tanto ameaçaram que acabaram mesmo por vir. Ainda faltam alguns. Mas até ver, os mesmos nomes, as caras de sempre.
Torres Novas desistiu há muito. Deitou-se à sombra de um eucalipto que tudo secou - parafraseando alguém que por aqui andou muito e há muito - e não apresentou mais ninguém às corridas. As caras novas, se as há - uma pessoa já começa a desconfiar que não - não se juntam à vida política, não se comprometem, não entregam a vida pessoal a uma causa que sentem perdida. Têm outros interesses, vivem para si sem perceber que a coisa pública também são eles, desacreditaram-se, desinteressaram-se e muitas vezes nem sequer querem saber quem vai na voz deles, por eles. Os únicos rostos diferentes que aparecem dizem-se independentes e mesmo esses dependem da sombra de quem já todos conhecem.
Como no ano que passou, percebemos da pior forma que só damos real valor às coisas quando elas fogem das nossas mãos. O mesmo acontece aqui: e se deixássemos um dia de poder escolher quem decide os nossos destinos, se deixássemos um dia de efectivamente poder decidir os nossos dias, se se extinguisse um dia o poder local, aquele da proximidade, que nos deveria conhecer melhor do que ninguém e realmente defender os nossos interessentes, perante um poder que nem sabe que existimos. Como nos arriscamos a entregar-nos assim, sem uma palavra a dizer?
Os partidos vão-se deixando morrer em Torres Novas, não se renovam. As pessoas vivem sozinhas e para si. Já ninguém se assume ou compromete. Há uma corrida a arrancar e a nós só nos dá vontade de fugir dela. A garantia que temos é apenas uma: ou quem já lá esteve vinte ou quem já lá está há trinta. A nossa maior esperança é uma oposição que, seja ela qual for, será sempre o nosso único e último suspiro de democracia. O fim de uma maioria absoluta que se esquece da vontade comum e se sente tentada à vontade do seu próprio umbigo. Um executivo partido, uma divisão de ideais e de interesses, a partilha de decisões, a vigilância de quem não alinha.
Em Outubro há eleições, mas sentimo-nos nas eleições de há vinte. Os mesmos bigodes, as mesmas caras, as mesmas linhas de pensamento. Uma Torres Novas que se mantém pequenina, à espera de que as novas gerações, as que viram mundo, ganhem consciência de que há uma terra que precisa delas e que as chama à obrigação de dar continuidade a um projecto que começou há muito.
A vida pública somos nós e chegámos a um limite. Precisamos que olhem por nós, precisamos também nós de olhar pelos outros. Não basta dizer que ninguém faz nada. Já percebemos que temos de ser nós a fazer parte da coisa. Uma mudança que pode começar com o nosso voto, passar pela nossa intervenção, pela exposição das nossas ideias. Torres Novas não é propriedade de ninguém. Torres Novas é de quem que cá vive, de quem cá nasceu, de quem gosta dela. Torres Novas somos todos nós e não nos podemos entregar ao vento.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
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A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
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