Uma Finlândia de trazer por casa
Opinião » 2013-08-02 » Paulo Simões
Quando questionado com surpresa pelo entrevistador, sobre como era possível tal coligação governativa funcionar? Com partidos de esquerda e de direita, liberais, conservadores, socialistas e ecologistas? Jyrki Katainen respondeu com naturalidade o seguinte: «ninguém que tem 10% dos votos pode querer ver aprovado 100% do seu programa eleitoral. Isso é claro para todos! Nesse sentido, as medidas vão sendo negociadas e aprovadas entre todos, tendo em conta a ponderação do que foi a vontade do povo expressa nos votos. Todos nós temos presente que a Finlândia tem que estar sempre acima de qualquer interesse particular ou partidário. Disso não podem restar quaisquer dúvidas. E mais do que governar a pensar em questões ideológicas de esquerda ou de direita, o que preside às nossas decisões é fundamentalmente uma coisa: pragmatismo.»
Neste momento a minha mulher chegava a casa e o entrevistador não conseguia esconder o espanto. Eu… confesso que comecei a sentir-me profundamente finlandês. Explico. A Mariana precisa de uns ténis. Eu preciso de ir ao dentista. O carro precisa de ir à revisão e é preciso pagar o seguro. (A partir da terceira ou quarta necessidade em análise, temos por hábito começar a usar o pretérito imperfeito.) Tu precisavas de comprar umas calças. Eu precisava de ir ao cabeleireiro. A casa precisava de uma pintura. E por aí adiante… E terminamos com um elucidativo, deixa ver o que resulta este ano da liquidação do IRS! Enfim, uma conversa animada e que muito nos entusiasmou.
Mas, depois de algumas decisões e de alguns adiamentos, dou-me conta da mini-Finlândia que existe em minha casa. Ou seja, a coligação governativa que assume os destinos deste micro-estado com sede na Rua d’Além nº12, é formada por mim e pela minha mulher. A nossa família selou acordo de coligação há 8 anos atrás, e vai, apesar das dificuldades subjacentes a todo o processo governativo, seguindo firme na condução dos seus destinos. E eu percebo agora que nunca cheguei a questionar, se a minha parceira de coligação é de esquerda ou de direita? Se é liberal ou socialista? Porventura terei corrido sérios riscos não fossem as nossas decisões assentar em dois princípios básicos que fazem de nós um mini-estado finlandês a viver em Portugal. Em nenhuma decisão que tomamos, os interesses individuais se podem sobrepor ao bem-estar colectivo. O interesse geral é sagrado. Isso é claro para todos! E à falta de melhor ideologia, na hora de decidir… Imagine-se, somos pragmáticos. Aqui no sul da Europa, o que eu me sinto finlandês! mrp@sapo.pt
Uma Finlândia de trazer por casa
Opinião » 2013-08-02 » Paulo SimõesQuando questionado com surpresa pelo entrevistador, sobre como era possível tal coligação governativa funcionar? Com partidos de esquerda e de direita, liberais, conservadores, socialistas e ecologistas? Jyrki Katainen respondeu com naturalidade o seguinte: «ninguém que tem 10% dos votos pode querer ver aprovado 100% do seu programa eleitoral. Isso é claro para todos! Nesse sentido, as medidas vão sendo negociadas e aprovadas entre todos, tendo em conta a ponderação do que foi a vontade do povo expressa nos votos. Todos nós temos presente que a Finlândia tem que estar sempre acima de qualquer interesse particular ou partidário. Disso não podem restar quaisquer dúvidas. E mais do que governar a pensar em questões ideológicas de esquerda ou de direita, o que preside às nossas decisões é fundamentalmente uma coisa: pragmatismo.»
Neste momento a minha mulher chegava a casa e o entrevistador não conseguia esconder o espanto. Eu… confesso que comecei a sentir-me profundamente finlandês. Explico. A Mariana precisa de uns ténis. Eu preciso de ir ao dentista. O carro precisa de ir à revisão e é preciso pagar o seguro. (A partir da terceira ou quarta necessidade em análise, temos por hábito começar a usar o pretérito imperfeito.) Tu precisavas de comprar umas calças. Eu precisava de ir ao cabeleireiro. A casa precisava de uma pintura. E por aí adiante… E terminamos com um elucidativo, deixa ver o que resulta este ano da liquidação do IRS! Enfim, uma conversa animada e que muito nos entusiasmou.
Mas, depois de algumas decisões e de alguns adiamentos, dou-me conta da mini-Finlândia que existe em minha casa. Ou seja, a coligação governativa que assume os destinos deste micro-estado com sede na Rua d’Além nº12, é formada por mim e pela minha mulher. A nossa família selou acordo de coligação há 8 anos atrás, e vai, apesar das dificuldades subjacentes a todo o processo governativo, seguindo firme na condução dos seus destinos. E eu percebo agora que nunca cheguei a questionar, se a minha parceira de coligação é de esquerda ou de direita? Se é liberal ou socialista? Porventura terei corrido sérios riscos não fossem as nossas decisões assentar em dois princípios básicos que fazem de nós um mini-estado finlandês a viver em Portugal. Em nenhuma decisão que tomamos, os interesses individuais se podem sobrepor ao bem-estar colectivo. O interesse geral é sagrado. Isso é claro para todos! E à falta de melhor ideologia, na hora de decidir… Imagine-se, somos pragmáticos. Aqui no sul da Europa, o que eu me sinto finlandês! mrp@sapo.pt
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
» 2024-02-28
» Hélder Dias
O Flautista de Hamelin... |
» 2024-03-08
» Maria Augusta Torcato
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato |
» 2024-03-18
» Hélder Dias
Eleições "livres"... |
» 2024-03-08
» Jorge Carreira Maia
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia |
» 2024-03-08
» Pedro Ferreira
A carne e os ossos - pedro borges ferreira |