A festa da minha aldeia
Opinião » 2013-08-30 » Paulo Simões
Voltando à festa, então. Este ano, vamos ter o quê? Música, pois claro. Como sempre. Bem alto e até às tantas. Mas temos também de outra música. Mais erudita. A cargo da nossa filarmónica, que o povo daqui tem ouvido para a música, e muito aprecia a sua banda. Temos também gastronomia, do melhor que se faz por cá. Por cá e não só, atenção. É que, modéstia à parte, na cozinha, as senhoras cá da terra pedem meças, seja a quem for. Essa é que é a verdade. Temos quermesse com rifas, muitas rifas, com prémios e mais prémios. E temos bebidas. Muitas. Sumos, águas, vinho tinto, vinho branco, cerveja, caipirinhas, caipiroscas, bagaços e aguardentes, e tudo mais quanto seja preciso para aquecer as longas noites. Temos jogos tradicionais, temos luz, animação e boa disposição. Riso, isso sim. Muito riso.
Mas atenção! Faça-se silêncio. Não que se cante o fado, mas que passa a procissão. Sim senhora. Que a nossa festa é animada no que à farra diz respeito, mas solene o quanto baste quando manda a tradição. E no que a santos diz respeito, Nossa Senhora Mãe dos Homens, a nossa padroeira, é a luz dos nossos olhos. Que emoção! Não há santa mais bonita. E quando ela sai à rua leva cortejo de fanfarra. Leva belas fogaceiras com cobiçadas oferendas. Anjinhos de verdade caminhando lado a lado. Leva prior e sacristão, juízas e juízes. E todos, sem excepção, saem à rua só para olhá-la. Lindo! Sempre lindo! Mas temos ainda mais procissão, que neste caso é servida sempre em dose dupla, a um sacramento santíssimo que nos guarda o ano inteiro. Ai, o Santíssimo! Essa outra, fica para a segunda-feira, quando encerra até para o ano.
Mas esperem mais um pouco. O mais importante de tudo reservei-vos para o fim. É que, na festa da minha aldeia, há gente do mundo inteiro. Gente do mundo inteiro que todos os anos nos visita, sempre e apenas neste fim-de-semana. Mesmo a sério! Tem gente da Alemanha, de França, do Luxemburgo, da Suíça, Espanha, Canadá, d’América, Inglaterra e até da Austrália. Tem gente de Lisboa, de Coimbra, do Algarve e muito mais. Como uma vez ouvi dizer, tem gente do mundo inteiro, até do Minho! Ah pois é! E esses, essa gente toda que nos visita, deixem que vos esclareça: são os melhores do mundo também. Tal como a nossa festa. Ah pois é!.
mrp@sapo.pt
A festa da minha aldeia
Opinião » 2013-08-30 » Paulo SimõesVoltando à festa, então. Este ano, vamos ter o quê? Música, pois claro. Como sempre. Bem alto e até às tantas. Mas temos também de outra música. Mais erudita. A cargo da nossa filarmónica, que o povo daqui tem ouvido para a música, e muito aprecia a sua banda. Temos também gastronomia, do melhor que se faz por cá. Por cá e não só, atenção. É que, modéstia à parte, na cozinha, as senhoras cá da terra pedem meças, seja a quem for. Essa é que é a verdade. Temos quermesse com rifas, muitas rifas, com prémios e mais prémios. E temos bebidas. Muitas. Sumos, águas, vinho tinto, vinho branco, cerveja, caipirinhas, caipiroscas, bagaços e aguardentes, e tudo mais quanto seja preciso para aquecer as longas noites. Temos jogos tradicionais, temos luz, animação e boa disposição. Riso, isso sim. Muito riso.
Mas atenção! Faça-se silêncio. Não que se cante o fado, mas que passa a procissão. Sim senhora. Que a nossa festa é animada no que à farra diz respeito, mas solene o quanto baste quando manda a tradição. E no que a santos diz respeito, Nossa Senhora Mãe dos Homens, a nossa padroeira, é a luz dos nossos olhos. Que emoção! Não há santa mais bonita. E quando ela sai à rua leva cortejo de fanfarra. Leva belas fogaceiras com cobiçadas oferendas. Anjinhos de verdade caminhando lado a lado. Leva prior e sacristão, juízas e juízes. E todos, sem excepção, saem à rua só para olhá-la. Lindo! Sempre lindo! Mas temos ainda mais procissão, que neste caso é servida sempre em dose dupla, a um sacramento santíssimo que nos guarda o ano inteiro. Ai, o Santíssimo! Essa outra, fica para a segunda-feira, quando encerra até para o ano.
Mas esperem mais um pouco. O mais importante de tudo reservei-vos para o fim. É que, na festa da minha aldeia, há gente do mundo inteiro. Gente do mundo inteiro que todos os anos nos visita, sempre e apenas neste fim-de-semana. Mesmo a sério! Tem gente da Alemanha, de França, do Luxemburgo, da Suíça, Espanha, Canadá, d’América, Inglaterra e até da Austrália. Tem gente de Lisboa, de Coimbra, do Algarve e muito mais. Como uma vez ouvi dizer, tem gente do mundo inteiro, até do Minho! Ah pois é! E esses, essa gente toda que nos visita, deixem que vos esclareça: são os melhores do mundo também. Tal como a nossa festa. Ah pois é!.
mrp@sapo.pt
Família tradicional e luta do bem contra o mal - jorge carreira maia » 2024-04-24 » Jorge Carreira Maia A publicação do livro Identidade e Família – Entre a Consistência da Tradição e os Desafios da Modernidade, apresentado por Passos Coelho, gerou uma inusitada efervescência, o que foi uma vitória para os organizadores desta obra colectiva. |
Caminho de Abril - maria augusta torcato » 2024-04-22 » Maria Augusta Torcato Olho para o meu caminho e fico contente. Acho mesmo que fiz o caminho de Abril. O caminho que Abril representa. No entanto, a realidade atual e os desafios diários levam-me a desejar muito que este caminho não seja esquecido, não por querer que ele se repita, mas para não nos darmos conta, quase sem tempo de manteiga nos dentes, que estamos, outra vez, lá muito atrás e há que fazer de novo o caminho com tudo o que isso implica e que hoje seria incompreensível e inaceitável. |
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |