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A palavra

Opinião  »  2013-09-13  »  Paulo Simões

Cresci, como muitos de vós, decerto, a ouvir dizer que, palavras leva-as o vento… Mas também ouvi e ainda ouço dizer com agrura, que hoje ao contrário de ontem, a palavra de nada vale. A palavra era então, sinónimo de honra e de carácter, dizem-me. Hoje não. Hoje, a palavra nada vale.

Pois deixem que vos esclareça. Para mim, leve-as ou não o vento, e valham ou não valham nada, (ou não fosse eu um amante das palavras escritas), confesso-vos que aquilo que se diz e escreve tem uma importância fundamental. E cada vez maior a cada dia que passa, ao contrário do que por vezes nos querem fazer crer. E sinceramente acredito que esse valor intrínseco que a palavra tinha e que algures no caminho se perdeu, pode muito bem ser resgatado. Assim nós queiramos. Porque só depende de cada um de nós e de como a soubermos cuidar. À palavra.

Vejamos. Não sou ingénuo ao ponto de pensar que com palavras mudaremos o mundo. Não é disso que se trata. Não sou inocente de modo a imaginar que um belo discurso pode por si só alterar de forma significativa a vida das pessoas. Eu sei disso. O mundo real não se compadece de palavras bonitas. A fome não acaba com livros e as guerras não terminam com poesia. Eu sei…

Mas de qualquer modo, não me parece despropositado esperar de quem tem maiores responsabilidades, palavras de algum modo mais moralizadoras do que vimos assistindo. Porque à falta dessa moralização é que a degradação se fez. Ou não será verdade que é também por isso que hoje todos temos tendência para não acreditar em ninguém? Ou não será verdade que ao nível da nossa política caseira, por exemplo, estamos todos fartos de um discurso pré-eleitoral sem nenhuma adequação à realidade pós-eleitoral? Não estaremos todos fartos de promessas não cumpridas? Ou por exemplo ainda, quando falamos da Igreja, não estamos todos fartos daquele silêncio ensurdecedor que não denuncia o que deve ser denunciado bem alto? Para que não restem dúvidas quanto ao carácter daqueles que moralmente nos guiam? Os exemplos são muitos onde a importância das palavras ou da falta delas é bem evidente.

Mas a realidade não nos diz isso, pois não? No mundo real, como bem sabemos, as palavras de nada valem, não é? Pois então deixem que vos diga uma vez mais e muito claramente. As palavras não valem nada, mas eu não as dispenso. E ultimamente confesso-vos, que enquanto católico me tenho sentido extremamente bem representado pelo líder da minha Igreja, o Papa Francisco. Porventura, representado como nunca antes me tinha sentido. E porquê? Não acredito que um homem só mudará o mundo. Nem este nem qualquer outro. É até possível que o Papa Francisco não consiga alterações de grande monta, nem mesmo no seio da Igreja. E eu tenho pena que assim seja. Os povos do mundo mereceriam mais e melhor. Mas pelo menos agora, tenho sentido no discurso do mais alto responsável da minha Igreja, uma efectiva e clara defesa da honra. Do carácter. Da necessidade duma moral verdadeira e sã. Do valor da dignidade. Ou em última instância e se quiserem… da necessidade de um mundo de gente com palavra.

E embora sejam só palavras e não passem de palavras, pelo menos para mim, a sua importância é fundamental.

mrp@sapo.pt

 

 

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