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As broas pelo canudo da produção

Opinião  »  2013-11-15  »  Miguel Sentieiro

”Meninos cheguem aqui para prepararmos o dia dos bolinhos!”… ”mas ó pai…” ”Shiu não me interrompam. Tu podes levar aquele saco às riscas e tu o saco com as galinhas desenhadas...” ”Mas pai, tu não sabias que...”, ”Esperem, que agora temos de planear o roteiro. Poderíamos apostar na rua da avó, que tem aquela senhora simpática...”, ”Ouve, ainda não percebeste que...”, ”Mas deixam-me acabar ou não??? Íamos naquela senhora simpática, das broas de mel e no senhor de bigodes das nozes e dos rebuçados de frutas...” ”Pai, já podemos falar?... Tu queres saber que...” ”E temos de saber onde espalhamos as guloseimas, se em nossa casa ou na casa da avó”. De forma contundente e sincronizada, os miúdos gritaram, interrompendo o périplo imaginário ”Paiiii! Já não vai haver o dia dos bolinhos!!!”... (silêncio aterrador)... ”Que raio estão a dizer?” ”É verdade, já não existe o feriado do dia 1 de Novembro, para podermos encher os sacos de guloseimas”. Os meus filhos lançaram um olhar de piedade perante o olhar de desilusão do progenitor. ”E... e então e os bolinhos? As broas de mel e de canela? As nozes e os chocolates? Os toques nas campainhas e nos batentes? O sorriso das pessoas simpáticas e o silêncio das pessoas enclausuradas atrás das cortinas? O enfartamento pós enfardamento? ”Grandes estafermos! Transformar este fabuloso e doce feriado, num deprimente dia útil, para quê?... para aumentar a produção laboral. Ah, assim está bem! E de facto a produção subiu em flecha. O suficiente para exportarmos mais 20 pares de sapatos, 100 embalagens de sardinhas enlatadas e 40 pistões para a indústria automóvel. Aliás, dando seguimento à invulgar capacidade de produção dos nossos governantes. Conseguem produzir cortes à catanada como ninguém, produzir ministros que gostam dos açoites angolanos nas nalgas como ninguém, produzir impostos como ninguém, produzir dívida como ninguém, produzir cálculos matemáticos como ninguém, produzir riqueza como ninguém??? - desculpem confundi-os com aqueles tipos que estão mais a norte, p’rós lados da Noruega. Temos pois os mestres da produção ao leme do barco lusitano. Basta olhar para a aglomeração de deputados que inundam todos os dias a assembleia, que se empurram em busca do melhor lugar sentado, rivalizando com o acotovelamento dentro do metro à hora de ponta, para percebermos a vontade quase esquizofrénica de produzir trabalho. E essa produção de trabalho é de tal forma assertiva que conseguiram fazer corresponder na perfeição (através dos tais cálculos matemáticos) toda a massa da redução salarial, ao valor dos encargos para o próximo ano com as PPPs. Ou seja o dinheiro que retiram todos os meses a quase 10 milhões de portugueses, entra directamente nos bolsos dos blasers das chefias das... 26(?) PPPs, negociadas pelos amigos das chefias.

A proporcionalidade do números (10 milhões para 26) poderá reforçar a sigla das ditas sugadoras de capital: muitos Produzem Para Poucos comerem (e não serão broas de mel). Com o incremento exponencial da produção gerada neste dia dos bolinhos, poderemos continuar a aspirar a pequenos luxos como suportar o aumento das despesas dos gabinetes ministeriais para este ano em 3,8 milhões de euros. Parece que os tipos já nem tinham verba para um cafezito a meio da manhã. Ou a manutenção das escolas privadas suportadas por dinheiros públicos, junto de escolas públicas... confusos?? Eu também, mas eles é que são os especialistas na produção.

Apesar de todos os ganhos inerentes à conversão do dia dos bolinhos em dia de trabalho (todos trabalhámos cheios de vontade e produzimos à bruta), continuo a não me conformar com o facto dos meus filhos, não terem trincado as broas de mel da senhora simpática. E se as broas tivessem contribuído para o aumento da produção de alguns nichos do mercado empresarial? Aumento da produção? Onde, onde?? No trabalho dos pasteleiros de broas; no trabalho dos dentistas tratando das cáries produzidas pelas broas deliciosas e no trabalho dos médicos resolvendo problemas de obesidade infantil produzidos pelas broas. Mas estes pequenos nichos serão insignificantes quando comparados com enormes ganhos de produtividade. Como tal, ainda bem que os miúdos não tiveram o fugaz prazer de falar com a senhora simpática, uma vez que o trocaram por algo mais grandioso. O final deste feriado dos bolinhos foi, adulterando a emblemática frase lunar, Um pequeno passo para o Homem, mas um grande passo para a... produtividade.

 

 

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