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2013, o fim da independência

Opinião  »  2013-11-29  »  Paulo Simões

Diz-se que Mark Twain terá um dia revelado um apurado sentido de humor, quando a propósito de uma falsa notícia que dava conta da sua morte, terá exclamad ”Os relatos sobre a minha morte são manifestamente exagerados!” Será este, o nosso caso?

O dia da independência está quase aí. O 1º de Dezembro. E pela primeira vez em mais de cem anos não será feriado nacional em Portugal. O dia da independência, que sobreviveu à I República, ao Estado Novo e à chegada da Democracia, é agora, a partir do ano de 2013 apagado do calendário de feriados nacionais. Falar do 1º de Dezembro, é por isso mesmo, hoje para mim, acima de tudo uma obrigação. Se fizesse aqui o papel do cínico, diria que nunca como hoje, fez tanto sentido a não celebração do dia da independência. Mas o assunto é demasiado sério para cinismos.

Vejamos. A partir de 1986, conscientemente e formalmente, abdicamos de boa parte da nossa soberania em favor de outros. Enquanto povo independente, enquanto Estado-nação, decidimos entregar nas mãos de outros o nosso destino. Foi esse o preço a pagar pela União Europeia. Dirão alguns, muito caro, outros, nem tanto. Pessoalmente, não me sinto à altura dessa avaliação, nem é esse o propósito do que hoje escrevo. Mas é bom não esquecermos, que as implicações desses compromissos assumidos se reflectem na nossa soberania. Ou na falta dela…

Politicamente, a margem de manobra dos nossos governantes é cada vez menor. As políticas são definidas, não em Lisboa, mas um pouco mais a norte. Entre Bruxelas e Estrasburgo, ou por vezes entre Paris, Londres e Berlim. Entretanto, deixamos também de ter moeda própria. E para a máquina económica que nos sustenta, há muito que a nossa língua deixou de ter a maior relevância. Não falar inglês, francês ou espanhol, é hoje um quase analfabetismo aos olhos do mercado laboral. Bem sei que algumas das coisas de que vos falo seriam sempre inevitáveis. Já outras, porventura nem tanto…

Voltando então ao 1º de Dezembro. Das poucas coisas que nos restavam, como traço de identidade comum do que somos, enquanto povo, enquanto país, eram duas ou três datas. O que nos definia como portugueses, e a Portugal como país independente, eram não só mas também, as datas que agora se apagam. 1 de Dezembro (Independência), 5 de Outubro (República) e 25 de Abril (Democracia). Esta foi a nossa história comum. E de todas as datas com motivos a celebrações festivas, estas são, sem dúvida nenhuma, as mais importantes da nossa história. Nesse sentido, verifico com alguma amargura, como hoje, das três, só uma resiste. A mais recente. Mas na minha opinião, nenhuma delas, como é óbvio, se pode sobrepor à primeira de todas. Sem independência, pura e simplesmente Portugal não existiria. E por maioria de razão, não existiria República nem Democracia. Ainda me custa a acreditar que no meu país seja normal não celebrar a independência, mas sinto que por isso, em certa medida a partir de 2013, um pouco de nós morre também. E quer-me parecer que para além de Portugal, não existe outro país no mundo que não celebre a sua independência como marco maior da sua história. O que é, no mínimo, estranho!

E é então por isso que ao contrário do que alguns nos poderão fazer crer, e ao contrário do que Mark Twain afirmou um dia a seu respeito, este pequeno relato sobre a morte de Portugal não me parece hoje assim tão exagerado.

mrp@sapo.pt

 

 

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