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A espuma que fica

Opinião  »  2014-01-17  »  Paulo Simões

Sempre que um novo ano começa, renovam-se os votos de uma nova esperança. E formulam-se desejos e fazem-se pedidos. Uns mais abertamente assumidos, outros mais secretamente sussurrados, cada um do seu próprio jeito. Mas de um modo geral, ninguém fica indiferente à abertura de um novo capítulo. Vendo bem, o novo ano pode ser tudo aquilo que quisermos. No preciso momento em que começa, ele é apenas uma página em branco. Todas as histórias estão ainda por escrever. E todos os nossos sonhos poderão em perspectiva ser possíveis.

No entanto, é bom também olharmos para trás. Para o ano que acaba. Seja em jeito de balanço, seja apenas em modo de registo. Tenha o ano velho sido melhor ou pior, é importante não esquecer tudo aquilo que fica. Podem haver ensinamentos que não nos convém apagar. Porque cada ano que passa deixa o seu próprio cunho. Deixa as suas próprias marcas. Quando o mar recua após cada onda beijar a areia da praia, deixa também atrás de si uma linha única de espuma. Uma impressão de espuma gravada na areia, diferente de qualquer outra.

Atendamos pois, na espuma que fica daquilo que passa.

De 2013, leio hoje que entraram no léxico comum do dia a dia dos portugueses, palavras tão diferentes como, irrevogável, bombeiro, pós-troika, grandolada, inconstitucional, swap ou papa, entre outras. Não deixo de achar curioso como pode olhar-se para um ano em meia-dúzia de palavras, mas é inegável que qualquer uma delas nos traz de forma automática à memória vários momentos inolvidáveis do ano que passou. Pessoalmente olho para elas e instintivamente folgo em saber que o mundo ansiava por um papa mais interventivo, sem medo das palavras. O papa Francisco é pois uma das figuras do ano e os portugueses reconheceram-lhe isso. Por motivos tristes mas ainda assim com a dimensão humana de gigantes que os portugueses não ignoram de todo, os bombeiros viram-se uma vez mais como figuras do ano. Como homenagem merecida aos soldados da paz, sinto que de certa forma é positivo também ver aqui a palavra bombeiro. Quanto ao resto, não cabe aqui o tanto que havia a dizer de cada uma daquelas palavras. De forma irrevogável, deixo-vas ao vosso exercício da memória.

Absolutamente surpreendente, foi também para mim, ficar a saber que poder foi a palavra mais pesquisada pelos portugueses durante todo o ano de 2013 no dicionário online Priberam. Deixa-me curioso os motivos desta insistência. Não deixo de pensar no que esperarão os portugueses encontrar no poder? Pesquiso também e fico a saber que enquanto substantivo, poder pode ser, possibilidade ou faculdade, força física, império ou soberania, autoridade, influência, posse, domínio ou atribuição, governo de um estado, importância, abundância, força militar, efeito ou virtude, mandato ou procuração, meios ou recursos, entre vários outros significados. Impressionante! Apetece-me dizer depois disto, que o poder pode ser mesmo ilimitado. Pelo menos na medida em que efectivamente pode ser quase tudo aquilo que quisermos. O poder e os seus misteriosos fascínios…

No entanto deixo-vos o poder num registo mais do meu agrado, e que serve também o propósito de renovar esperanças para 2014. Ao contrário do vinho, o poder só sobe à cabeça se encontrar o espaço vazio. O que inegavelmente dá muito jeito.

mrp@sapo.pt

 

 

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