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Jamais! Até um dia…

Opinião  »  2014-03-21  »  Paulo Simões

Enquanto somos mais novos há um certo número de coisas que definitivamente não entendemos. Mas não entendemos mesmo, por mais que possamos tentar! Explico.

Por maior que seja o esforço que façamos, não há a mínima hipótese de atingirmos o que tantas e tantas vezes os nossos pais nos querem transmitir. Em determinados assuntos então, o fosso é gigantesco. Não existe qualquer espécie de empatia. Não há hipótese nenhuma de nos colocarmos na sua pele. Simplesmente, não dá.

Ou seja, enquanto filhos, não conseguimos de todo ver as coisas pelos olhos dos nossos pais. É-nos absolutamente impossível observar o mundo da sua perspectiva. Do seu ponto de vista. Com a idade, é claro, tudo isso se transforma. Ou melhor e para ser mais rigoroso, com a idade, é incrível como nós nos transformamos. Digo, uma autêntica metamorfose acontece em nós…

Pisco o olho à minha mulher. No instante seguinte fecho os olhos e fico à escuta. Ouço quase de imediato. - Mariana, o papá está a dormir. Tens que o acordar! – Óptimo. Encontro-me no sofá, meio sentado, meio deitado. Tenho que fazer um esforço para não abrir os olhos, embora a curiosidade em ver a reacção dela seja difícil de aguentar. Procuro parecer natural. – Mariana. Temos que sair e o papá adormeceu. Acorda o papá, Amor! – Ouço-a repetir. Não consigo impedir um sorriso. Quase mato o disfarce. Aguenta-te! Ordeno-me em silêncio. Diga-se em abono da verdade que eu finjo muito mal este sono repentino que de vez em quando me ataca. A minha sorte é que por enquanto ainda vai resultando, mesmo com a minha péssima interpretação. Quando a sinto saltar em cima de mim, cheia de entusiasmo aos beijos e abraços, confesso-vos que adorava poder parar o tempo. Poder agarrar aqueles segundos e conseguir guardá-los e repeti-los para sempre. Sempre que me apetecesse!

O argumento é simples. Eu só acordo com os beijos e os abraços da minha filha. E com um argumento destes não tem como enganar, claro. Eu procuro estar à altura do meu papel, apesar das dificuldades óbvias. Já ela, garanto-vos, desempenha o papel que lhe está destinado na perfeição. Esta fase deve estar quase a acabar, eu sei, mas já começo a sentir saudades. E que saudades…

Enfim, conforme dá para perceber, desde que a minha filha nasceu, que para mim, o mundo mudou. Nas brincadeiras e não só. Também nas coisas mais sérias. As perspectivas alteraram-se, digamos. Ou seja, a metamorfose de que vos falava, iniciou-se. E tanto que haveria para dizer sobre isso...

Mas de cada vez que penso nas nossas brincadeiras privadas. Onde são óbvias as minhas dificuldades de interpretação, e logo num papel tão simples onde apenas tenho que me fingir adormecido. E quando por outro lado, constato a facilidade com que a Mariana enche a acção de entusiasmo e naturalidade. Há uma coisa que não me larga o espírito.

Embora por vezes não pareça, e desempenhos à parte, ser pai tem dificuldades que os filhos jamais entenderão. Por maior que seja o esforço que estejam dispostos a fazer, não tenho dúvidas nenhumas acerca disso. O papel de pai tem dificuldades que os filhos jamais entenderão.

Jamais! Até um dia…

mrp@sapo.pt

 

 

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