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Divagações e paralelismos

Opinião  »  2014-04-04  »  Paulo Simões

Há dias na Ponte do Raro...

Olhava o Almonda depois de fortes chuvadas. A água exerce um qualquer fascínio inexplicável sobre a natureza humana. Dou-me conta do magnetismo com que nos entregamos à contemplação do mar ou dos rios. Horas a fio, com os olhos perdidos na água. Ainda que nestas fases de pura demonstração de força, me cause uma sensação ambígua de grande admiração e respeito.
O caudal, muito perto do limite máximo do leito do rio, e a velocidade de deslocação da água eram verdadeiramente impressionantes. Pensei na quantidade de água que por ali passa a cada instante. Seguramente muita, mas quanta exactamente não sei. Não faço a mínima ideia. Procurei algum ponto de referência à superfície, algumas folhas ou outros detritos, para perceber melhor pelo tempo em função da distância percorrida. É claro que acabei por desistir do exercício ainda sem objectivamente o ter iniciado. Sem nenhuma conclusão, desviei a atenção para o que não se vê. Debaixo de água.

No Verão vemos muitos peixes por ali, pensei. Na Primavera e no Outono também. Deduzo, por isso, que por lá devem continuar a estar embora não os veja. E a ser assim, é impressionante! Não consigo deixar de pensar no esforço que têm de fazer para se manterem por ali. Se não quiserem ser arrastados pela corrente têm de ser fortes. Com o cenário que observo da ponte, só um peixe extremamente apto, dotado de plenas capacidades físicas, subsiste à tormenta do Inverno no rio sem ser arrastado. Este pensamento leva-me de imediato a outro. A energia despendida por um peixe no Inverno é incomparavelmente superior ao que acontece no Verão. Divagação completamente inusitada, mas foi o que me ocorreu. Bem sei que junto à margem alguns refúgios existirão onde a corrente não é tão forte, mas ainda assim será sempre necessário um elevado esforço suplementar.

Como sofrem os peixes...

Não consegui, no entanto, deixar de sentir o paralelismo. E claro, de me sentir profundamente solidário com eles. Com todos aqueles peixes que, para se manterem fiéis ao troço do rio onde decidiram viver as suas vidas, têm de o fazer em permanente esforço. Lutando arduamente, a cada dia e a cada hora que passa, pela conquista desse direito. O direito básico de simplesmente poder viver ali. Onde quis o destino que tivessem nascido um dia. A sua casa. Alguns haverá neste processo que não resistem, seguramente. Arrastados que são para outras paragens, nunca mais regressam. Tal a distância para onde são empurrados. Mais felizes, alguns ainda conseguem a proeza de voltar em dias mais amenos. Com forças retemperadas e gozando de outra melhor disposição do rio. Mas aqueles que vão resistindo a todas as dificuldades são autênticos heróis.

E, sendo peixe miúdo que são, mas como quem diz, eu vou lutar contra a corrente até ao limite das minhas forças, mostram verdadeira tenacidade heróica de fazer corar muito peixe graúdo. E hoje, mais do que nunca, e atendendo à intempérie, ganham a minha mais sincera admiração.

mrp@sapo.pt

 

 

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