(in)Gratidão - carlos paiva
Opinião » 2022-04-13 » Carlos Paiva" “Um aproveitamento de baixo nível, uma falta de carácter assombrosa. Com esta atitude, fizeram questão de macular uma celebração merecida, justa. Uma vergonha."
Algumas figuras torrejanas que infelizmente já não se encontram entre nós, tiveram papéis importantes em diversas áreas. De uma forma ou de outra, influenciaram positivamente gerações. Nas artes, no desporto, na comunicação, no ensino, na acção social, fizeram e concretizaram. Pautaram a sua vida pela dedicação à causa sem alarido ou necessidade de chamarem a si a atenção da generalidade do público. Trilharam o seu caminho com talento, competência e dedicação, sem golpes publicitários, sem o nome em painéis de azulejo. A sua conduta fala por si, o trabalho feito é suficiente. Alguns deles, talvez por possuírem uma costela boémia, ou, recusarem alinhar no paradigma do beija-mão, foram varridos da memória colectiva, enxovalhados até, pelo puritanismo torrejano.
Pertenço à geração que, em jovem, foi positivamente influenciada por algumas dessas figuras. Custa-me perceber a ausência de reconhecimento institucional, zanga-me o sistemático desprezo pelo legado, pelo papel positivo que tiveram. Entristece-me testemunhar o lugar vazio que deixaram. A sociedade torrejana, tão cheia de valores e princípios, tão militantemente católica, tem sido incapaz de produzir substitutos à altura. No entanto, à falta de melhor, exorta-se o banal, o medíocre. Quem soube ser boémio numa privacidade muito reservada muito exclusiva, quem alinha no beija-mão voluntariamente, recebe destaque gratuito. A realidade é mais estranha que a ficção.
Uma das figuras que se destacou, pela dedicação, pela competência, pelos resultados, e acima de tudo caracterizada por uma vontade indómita, foi homenageada institucionalmente. Tudo bem, se a ideia original para essa homenagem não tivesse sido usurpada a outrém. Um aproveitamento de baixo nível, uma falta de carácter assombrosa. Com esta atitude, fizeram questão de macular uma celebração merecida, justa. Uma vergonha.
Mas, como a memória é curta, rapidamente este episódio cairá em esquecimento e o que conta é o painel de azulejo. Saber usar a limitação da memória e o impacto da propaganda para proveito próprio, é tão intrínseco à política que ninguém estranha. Já ninguém sabe o que é feito do cherne, nem do movimento de escalada profissional que protagonizou, desdenhando o povo que o elegeu assim como o sistema, democrático, que permitiu executar o truque tecnicamente dentro da legalidade. Como também já ninguém se lembra como é que o Costa chegou ao cargo que ocupa. Os cargos vão sendo passados de mão em mão mediante conveniência. Trata-se a democracia como se fosse uma cerveja: Olha… Guarda aí a minha imperial enquanto eu vou à casa de banho. Sólon dá voltas na sepultura.
Neste campo, há precedente na autarquia torrejana e os indícios são no sentido de repetição. Ou não estivesse em curso uma operação de contratação de recursos a granel para os quadros da Câmara Municipal. Sem justificação da gestão de RH, sem justificação de necessidade operacional, contrata-se porque sim. Aparentemente, alguém anda a pagar favores, a cumprir com promessas, enquanto os restantes assobiam para o lado ou nem sequer estão presentes, como convém. Uma excepção confirma a regra, ainda assim, talvez justificada pela inexperiência, louvo-a. Deixar a casa arranjada e lavadinha é o que se faz quando se a vai passar para as mãos de outro locatário. Evitar reclamações futuras, principalmente aquelas que são passíveis de comprometer o carácter e imagem pública. E espalhar propaganda o máximo que se puder. Até usar os canais de comunicação oficiais da instituição para promover um programa de televisão de um canal privado onde quem manda é o irmão do Costa. Tudo da mesma cor, tudo bons rapazes. Aguardar debaixo da mesa que caia uma migalha de gratidão é exclusivo aos fiéis. Aos talentosos e competentes resta trabalhar.
“Um aproveitamento de baixo nível, uma falta de carácter assombrosa. Com esta atitude, fizeram questão de macular uma celebração merecida, justa. Uma vergonha.
(in)Gratidão - carlos paiva
Opinião » 2022-04-13 » Carlos Paiva“Um aproveitamento de baixo nível, uma falta de carácter assombrosa. Com esta atitude, fizeram questão de macular uma celebração merecida, justa. Uma vergonha.
Algumas figuras torrejanas que infelizmente já não se encontram entre nós, tiveram papéis importantes em diversas áreas. De uma forma ou de outra, influenciaram positivamente gerações. Nas artes, no desporto, na comunicação, no ensino, na acção social, fizeram e concretizaram. Pautaram a sua vida pela dedicação à causa sem alarido ou necessidade de chamarem a si a atenção da generalidade do público. Trilharam o seu caminho com talento, competência e dedicação, sem golpes publicitários, sem o nome em painéis de azulejo. A sua conduta fala por si, o trabalho feito é suficiente. Alguns deles, talvez por possuírem uma costela boémia, ou, recusarem alinhar no paradigma do beija-mão, foram varridos da memória colectiva, enxovalhados até, pelo puritanismo torrejano.
Pertenço à geração que, em jovem, foi positivamente influenciada por algumas dessas figuras. Custa-me perceber a ausência de reconhecimento institucional, zanga-me o sistemático desprezo pelo legado, pelo papel positivo que tiveram. Entristece-me testemunhar o lugar vazio que deixaram. A sociedade torrejana, tão cheia de valores e princípios, tão militantemente católica, tem sido incapaz de produzir substitutos à altura. No entanto, à falta de melhor, exorta-se o banal, o medíocre. Quem soube ser boémio numa privacidade muito reservada muito exclusiva, quem alinha no beija-mão voluntariamente, recebe destaque gratuito. A realidade é mais estranha que a ficção.
Uma das figuras que se destacou, pela dedicação, pela competência, pelos resultados, e acima de tudo caracterizada por uma vontade indómita, foi homenageada institucionalmente. Tudo bem, se a ideia original para essa homenagem não tivesse sido usurpada a outrém. Um aproveitamento de baixo nível, uma falta de carácter assombrosa. Com esta atitude, fizeram questão de macular uma celebração merecida, justa. Uma vergonha.
Mas, como a memória é curta, rapidamente este episódio cairá em esquecimento e o que conta é o painel de azulejo. Saber usar a limitação da memória e o impacto da propaganda para proveito próprio, é tão intrínseco à política que ninguém estranha. Já ninguém sabe o que é feito do cherne, nem do movimento de escalada profissional que protagonizou, desdenhando o povo que o elegeu assim como o sistema, democrático, que permitiu executar o truque tecnicamente dentro da legalidade. Como também já ninguém se lembra como é que o Costa chegou ao cargo que ocupa. Os cargos vão sendo passados de mão em mão mediante conveniência. Trata-se a democracia como se fosse uma cerveja: Olha… Guarda aí a minha imperial enquanto eu vou à casa de banho. Sólon dá voltas na sepultura.
Neste campo, há precedente na autarquia torrejana e os indícios são no sentido de repetição. Ou não estivesse em curso uma operação de contratação de recursos a granel para os quadros da Câmara Municipal. Sem justificação da gestão de RH, sem justificação de necessidade operacional, contrata-se porque sim. Aparentemente, alguém anda a pagar favores, a cumprir com promessas, enquanto os restantes assobiam para o lado ou nem sequer estão presentes, como convém. Uma excepção confirma a regra, ainda assim, talvez justificada pela inexperiência, louvo-a. Deixar a casa arranjada e lavadinha é o que se faz quando se a vai passar para as mãos de outro locatário. Evitar reclamações futuras, principalmente aquelas que são passíveis de comprometer o carácter e imagem pública. E espalhar propaganda o máximo que se puder. Até usar os canais de comunicação oficiais da instituição para promover um programa de televisão de um canal privado onde quem manda é o irmão do Costa. Tudo da mesma cor, tudo bons rapazes. Aguardar debaixo da mesa que caia uma migalha de gratidão é exclusivo aos fiéis. Aos talentosos e competentes resta trabalhar.
“Um aproveitamento de baixo nível, uma falta de carácter assombrosa. Com esta atitude, fizeram questão de macular uma celebração merecida, justa. Uma vergonha.
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
» 2024-04-10
» Jorge Carreira Maia
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia |