O mundo ao contrário
Opinião » 2014-06-13 » Ricardo Jorge Rodrigues
Estranho? Talvez não. O que nos dói não é morrer: sabemos que isso vai acontecer e estamos naturalmente preparados para isso. O que nos dói é pensar na morte dos que amamos. Custa muito o dia seguinte. O primeiro acordar sem aquela pessoa entre nós, o primeiro convite que fica no bolso porque nos lembramos de que já não voltaremos a partilhar momentos com quem mais gostávamos ou os natais em que entregamos um abraço e um beijo a menos.
É isso, no fund o que nos assusta é sofrer.
Uma das grandes discussões, e das mais recorrentes, de filosofia de fim de noite, centra-se na questão da pena de morte. Tenho uma opinião bem definida: sou completamente contra. Por dois motivos claros: em primeiro lugar porque erros judiciais são comuns e podemos estar a matar uma pessoa inocente; em segundo lugar porque uma pessoa que esteja condenada à pena de morte é uma pessoa que merece sofrer. A morte, neste caso, é uma bênção final, não assusta. O que assusta é ter de viver para pagar de forma severa um crime.
Esta questão do sofrimento associada ao desejo de morte fez-me pensar noutro tema controvers a eutanásia. Tenho, também, uma opinião vincada sobre o assunt sou completamente a favor. Quando a pessoa se encontra consciente deve poder tomar uma decisão sobre o seu destino se se encontrar numa situação de total dependência de outros e clinicamente em estado terminal. Por isso mesmo, é bom referir que eutanásia não é a mesma coisa que suicídio. Mais uma vez, o que assusta é viver: a morte é outra vez a saída menos dolorosa.
A pena de morte, para criminosos, é permitida actualmente em 75 países, incluindo o Japão, a China e os EUA (36 dos 50 estados). A eutanásia, que é nada mais que pessoas inocentes a desejarem parar de sofrer, é permitida apenas em 11 países, sendo que nos EUA apenas 1 dos 50 estados a legalizou.
Esta disparidade nos dados permite-me concluir que é mais fácil deixar a sofrer pessoas inocentes do que criminosos que mereciam, efectivamente, sofrer pelo que fizeram e não uma espécie de libertação final.
Sim, vivemos em tempos confusos em que demasiadas questões ligadas à liberdade individual invadem o espaço público. Mas, viver num mundo em que se dá mais liberdade a um criminoso e se limita a liberdade individual de uma pessoa inocente, é viver num mundo ao contrário.
O mundo ao contrário
Opinião » 2014-06-13 » Ricardo Jorge RodriguesEstranho? Talvez não. O que nos dói não é morrer: sabemos que isso vai acontecer e estamos naturalmente preparados para isso. O que nos dói é pensar na morte dos que amamos. Custa muito o dia seguinte. O primeiro acordar sem aquela pessoa entre nós, o primeiro convite que fica no bolso porque nos lembramos de que já não voltaremos a partilhar momentos com quem mais gostávamos ou os natais em que entregamos um abraço e um beijo a menos.
É isso, no fund o que nos assusta é sofrer.
Uma das grandes discussões, e das mais recorrentes, de filosofia de fim de noite, centra-se na questão da pena de morte. Tenho uma opinião bem definida: sou completamente contra. Por dois motivos claros: em primeiro lugar porque erros judiciais são comuns e podemos estar a matar uma pessoa inocente; em segundo lugar porque uma pessoa que esteja condenada à pena de morte é uma pessoa que merece sofrer. A morte, neste caso, é uma bênção final, não assusta. O que assusta é ter de viver para pagar de forma severa um crime.
Esta questão do sofrimento associada ao desejo de morte fez-me pensar noutro tema controvers a eutanásia. Tenho, também, uma opinião vincada sobre o assunt sou completamente a favor. Quando a pessoa se encontra consciente deve poder tomar uma decisão sobre o seu destino se se encontrar numa situação de total dependência de outros e clinicamente em estado terminal. Por isso mesmo, é bom referir que eutanásia não é a mesma coisa que suicídio. Mais uma vez, o que assusta é viver: a morte é outra vez a saída menos dolorosa.
A pena de morte, para criminosos, é permitida actualmente em 75 países, incluindo o Japão, a China e os EUA (36 dos 50 estados). A eutanásia, que é nada mais que pessoas inocentes a desejarem parar de sofrer, é permitida apenas em 11 países, sendo que nos EUA apenas 1 dos 50 estados a legalizou.
Esta disparidade nos dados permite-me concluir que é mais fácil deixar a sofrer pessoas inocentes do que criminosos que mereciam, efectivamente, sofrer pelo que fizeram e não uma espécie de libertação final.
Sim, vivemos em tempos confusos em que demasiadas questões ligadas à liberdade individual invadem o espaço público. Mas, viver num mundo em que se dá mais liberdade a um criminoso e se limita a liberdade individual de uma pessoa inocente, é viver num mundo ao contrário.
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
» 2024-04-10
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