O Centro Hospitalar do Médio Tejo: a polémica, perplexidades e reflexões (2.ª parte)
Opinião » 2014-06-20 » Acácio Gouveia
Henri Wells
Regressemos às lições do passad lembram-se os leitores da celeuma que levantou a transferência das maternidades de Torres Novas e de Tomar para Abrantes? Recordam-se da onda de indignação que varreu este país, quando o governo socialista, há poucos anos, encerrou várias maternidades? Não faltou quem vaticinasse aumento de morbilidade e mortalidade materno infantil, argumentando com a ”perda de serviços de proximidade”. Ora, é altura de confrontar essas vozes com a realidade e com a falência das suas previsões: a saúde materno-infantil não só não piorou, como tem vindo a melhorar desde esses encerramentos. Por exemplo, o ano de 2013 registou o mais baixo número de sempre no tocante a mortalidade infantil em Portugal.
Portanto, é inquestionável o clamoroso falhanço dos prognósticos dos críticos desses encerramentos. Curiosamente, aí estão de novo as mesmas antevisões baseados nos mesmos raciocínios erróneos.
Segunda conclusã devemos confrontar as nossas previsões passadas com a realidade atual, para não voltar a cometer os mesmos erros.
A ideia de quanto mais proximidade, isto é, quanto mais disseminados os serviços de saúde melhor, não corresponde à realidade. A descentralização, a partir de certo limite, não proporciona melhores cuidados, mas sim piores. É indiscutível que a distância entre as populações e os prestadores é um fator negativo, mas, por outro lado, de nada servem serviços próximos que funcionem mal, ou que não funcionem a tempo inteiro. Aliás, não esqueçamos que Portugal tem hoje a quinta melhor rede de autoestradas do mundo, o que minimiza o problema da distância. Nos cuidados de saúde primários temos o exemplo da proliferação de extensões de saúde que só funcionavam dois dias por semana! A fusão de extensões de saúde trouxe ganhos para os cuidados de saúde. Uma vez mais à revelia das previsões dos profetas da desgraça e em consonância com as perspetivas dos técnicos.
Há, pois, um equilíbrio entre a concentração de recursos necessária ao bom funcionamento de uma instituição e a sua localização em zonas tão periféricas quanto possível. Quero com isto dizer que a manutenção de três hospitais com grande variedade de especialidades que se ambiciona não proporcionará serviços de excelência para a população, se tivermos em conta a dimensão da população que serve.
Não estou a defender ou deixar de defender o atual plano de reorganização do CHMT, que nem sequer conheço. No entanto, parece-me óbvio que a concentração de valências e eventual perda de outras será inevitável e não só por razões financeiras, mas sobretudo por questões de qualidade dos serviços.
aamgouveia55@gmail.com
O Centro Hospitalar do Médio Tejo: a polémica, perplexidades e reflexões (2.ª parte)
Opinião » 2014-06-20 » Acácio GouveiaHenri Wells
Regressemos às lições do passad lembram-se os leitores da celeuma que levantou a transferência das maternidades de Torres Novas e de Tomar para Abrantes? Recordam-se da onda de indignação que varreu este país, quando o governo socialista, há poucos anos, encerrou várias maternidades? Não faltou quem vaticinasse aumento de morbilidade e mortalidade materno infantil, argumentando com a ”perda de serviços de proximidade”. Ora, é altura de confrontar essas vozes com a realidade e com a falência das suas previsões: a saúde materno-infantil não só não piorou, como tem vindo a melhorar desde esses encerramentos. Por exemplo, o ano de 2013 registou o mais baixo número de sempre no tocante a mortalidade infantil em Portugal.
Portanto, é inquestionável o clamoroso falhanço dos prognósticos dos críticos desses encerramentos. Curiosamente, aí estão de novo as mesmas antevisões baseados nos mesmos raciocínios erróneos.
Segunda conclusã devemos confrontar as nossas previsões passadas com a realidade atual, para não voltar a cometer os mesmos erros.
A ideia de quanto mais proximidade, isto é, quanto mais disseminados os serviços de saúde melhor, não corresponde à realidade. A descentralização, a partir de certo limite, não proporciona melhores cuidados, mas sim piores. É indiscutível que a distância entre as populações e os prestadores é um fator negativo, mas, por outro lado, de nada servem serviços próximos que funcionem mal, ou que não funcionem a tempo inteiro. Aliás, não esqueçamos que Portugal tem hoje a quinta melhor rede de autoestradas do mundo, o que minimiza o problema da distância. Nos cuidados de saúde primários temos o exemplo da proliferação de extensões de saúde que só funcionavam dois dias por semana! A fusão de extensões de saúde trouxe ganhos para os cuidados de saúde. Uma vez mais à revelia das previsões dos profetas da desgraça e em consonância com as perspetivas dos técnicos.
Há, pois, um equilíbrio entre a concentração de recursos necessária ao bom funcionamento de uma instituição e a sua localização em zonas tão periféricas quanto possível. Quero com isto dizer que a manutenção de três hospitais com grande variedade de especialidades que se ambiciona não proporcionará serviços de excelência para a população, se tivermos em conta a dimensão da população que serve.
Não estou a defender ou deixar de defender o atual plano de reorganização do CHMT, que nem sequer conheço. No entanto, parece-me óbvio que a concentração de valências e eventual perda de outras será inevitável e não só por razões financeiras, mas sobretudo por questões de qualidade dos serviços.
aamgouveia55@gmail.com
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
» 2024-04-10
» Jorge Carreira Maia
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