O mal-estar na Europa
Opinião » 2014-07-04 » Jorge Carreira Maia
Em primeiro lugar, o recuo do Estado social, a desregulação dos mercados, a erosão dos direitos do mundo do trabalho. A UE tem-se mostrado impotente para conciliar a globalização da economia com elevados índices de protecção social, os quais tinham permitido, na Europa, o crescimento da classe média. O empobrecimento das classes médias tem-se mostrado irreversível e gerador de animosidade em relação à UE.
Uma segunda causa prende-se com a divisão entre o norte protestante e o sul católico. Apesar de uma raiz comum, catolicismo e protestantismo geraram culturas éticas, sociais e políticas diferentes. Esta forma distinta de organizar as sociedades acabou por gerar choques e desconfianças entre o norte o sul da Europa. Em período de crise, estas desconfianças tornam-se mais activas e dão lugar a visões isolacionistas e de recuperação de tradições nacionais imaginárias.
A terceira causa está ligada ao problema da imigração e, fundamentalmente, à presença, em certos países da Europa, de comunidades muçulmanas muito activas e afirmativas dos seus valores. Observe-se a polémica em Espanha à volta das pretensões do emirato do Qatar em transformar a Praça de Touros de Barcelona numa Mesquita. Começa a emergir, em vários países europeus, um efectivo receio das pretensões dominadoras de certos grupos ligados ao Islão, conduzindo os eleitores à presunção de que o isolamento fora da UE será mais eficaz na afirmação dos valores culturais nacionais e na defesa perante a crescente presença do islamismo.
Estas são as grandes preocupações dos eleitores europeus, mesmo de muitos que votam nos partidos ligados ao consenso europeu. Qualquer uma destas temáticas é, todavia, ignorada pelas acção política da União Europeia. O temor da pobreza, a desconfiança relativamente aos outros europeus e o medo do Islão não são assuntos nobres – são incómodos e, por vezes, tocados mesmo pelo racismo – que mobilizem a elite europeia, mais interessada nos negócios e nas desregulações da vida económica e financeira. É natural que os europeus se comecem a voltar para aqueles que voltam as costas a uma UE lunática e servil da plutocracia.
www.kyrieeleison-jcm.blogspot.com
O mal-estar na Europa
Opinião » 2014-07-04 » Jorge Carreira MaiaEm primeiro lugar, o recuo do Estado social, a desregulação dos mercados, a erosão dos direitos do mundo do trabalho. A UE tem-se mostrado impotente para conciliar a globalização da economia com elevados índices de protecção social, os quais tinham permitido, na Europa, o crescimento da classe média. O empobrecimento das classes médias tem-se mostrado irreversível e gerador de animosidade em relação à UE.
Uma segunda causa prende-se com a divisão entre o norte protestante e o sul católico. Apesar de uma raiz comum, catolicismo e protestantismo geraram culturas éticas, sociais e políticas diferentes. Esta forma distinta de organizar as sociedades acabou por gerar choques e desconfianças entre o norte o sul da Europa. Em período de crise, estas desconfianças tornam-se mais activas e dão lugar a visões isolacionistas e de recuperação de tradições nacionais imaginárias.
A terceira causa está ligada ao problema da imigração e, fundamentalmente, à presença, em certos países da Europa, de comunidades muçulmanas muito activas e afirmativas dos seus valores. Observe-se a polémica em Espanha à volta das pretensões do emirato do Qatar em transformar a Praça de Touros de Barcelona numa Mesquita. Começa a emergir, em vários países europeus, um efectivo receio das pretensões dominadoras de certos grupos ligados ao Islão, conduzindo os eleitores à presunção de que o isolamento fora da UE será mais eficaz na afirmação dos valores culturais nacionais e na defesa perante a crescente presença do islamismo.
Estas são as grandes preocupações dos eleitores europeus, mesmo de muitos que votam nos partidos ligados ao consenso europeu. Qualquer uma destas temáticas é, todavia, ignorada pelas acção política da União Europeia. O temor da pobreza, a desconfiança relativamente aos outros europeus e o medo do Islão não são assuntos nobres – são incómodos e, por vezes, tocados mesmo pelo racismo – que mobilizem a elite europeia, mais interessada nos negócios e nas desregulações da vida económica e financeira. É natural que os europeus se comecem a voltar para aqueles que voltam as costas a uma UE lunática e servil da plutocracia.
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As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
» 2024-04-10
» Jorge Carreira Maia
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia |