O Bloco de Esquerda
Opinião » 2014-07-18 » Jorge Carreira Maia
De facto, num país como Portugal, não lembra a ninguém propor uma solução de liderança tão confusa como a do BE. Confusa e frágil. Ninguém, fora do BE, compreende qual a virtude política que suporta a posição de Catarina Martins. Quanto a João Semedo, um respeitável deputado, ele é a prova de que não basta ter excelentes qualidades morais e políticas para ser um líder político forte.
A questão estratégica também é importante. Os potenciais eleitores perguntam-se: para que serve o BE? Será um eterno sinal do nosso descontentamento, ou terá, nas circunstâncias que são as nossas, alguma coisa construtiva a fazer a partir do poder? Esta angústia do hipotético eleitorado do BE – muito diferente do do PCP – acaba por repercutir-se dentro do partido e levá-lo à indefinição onde naufraga.
O problema do BE, porém, é outro. Quando emergiu, a partir de uma amálgama de grupos de extrema-esquerda, apresentou-se como um produto inovador no mercado eleitoral. Tinha gente inteligente e, acima de tudo, gente com um certo glamour. Os seus deputados vestiam bem, em estilo negligé cuidadosamente meditado, eram socialmente interessantes e a sua oratória, eventualmente revolucionária, não era, no que diz respeito à natureza revolucionária, levada a sério. O BE atraiu alguns apoios populares – poucos, diga-se. O seu eleitorado vinha, em grande parte, das classes médias - médias altas, inclusive – instruídas, socialmente vividas, diferenciadas, marcadas por um radicalismo existencial próximo dos liberais norte-americanos (não confundir com os liberais europeus).
O problema do BE é que o glamour desapareceu, algumas causa radicais passaram à letra de lei, as pessoas interessantes começaram a afastar-se do partido e os intelectuais estão em deserção. Aquilo que era um belo produto do mercado eleitoral – mesmo um filho família poderia dizer em casa ou em sociedade que era do BE – começou a envelhecer. Ora, num mundo como o nosso, não há nada pior do que a velhice. O problema do BE não é tanto a liderança ou a estratégia, mas a perda da sua natureza ontológica, o glamour. Ao perder o glamour, o BE passou de moda. E quem quer vestir um casaco que passou de moda?
www.kyrieeleison-jcm.blogspot.com
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Opinião » 2014-07-18 » Jorge Carreira MaiaDe facto, num país como Portugal, não lembra a ninguém propor uma solução de liderança tão confusa como a do BE. Confusa e frágil. Ninguém, fora do BE, compreende qual a virtude política que suporta a posição de Catarina Martins. Quanto a João Semedo, um respeitável deputado, ele é a prova de que não basta ter excelentes qualidades morais e políticas para ser um líder político forte.
A questão estratégica também é importante. Os potenciais eleitores perguntam-se: para que serve o BE? Será um eterno sinal do nosso descontentamento, ou terá, nas circunstâncias que são as nossas, alguma coisa construtiva a fazer a partir do poder? Esta angústia do hipotético eleitorado do BE – muito diferente do do PCP – acaba por repercutir-se dentro do partido e levá-lo à indefinição onde naufraga.
O problema do BE, porém, é outro. Quando emergiu, a partir de uma amálgama de grupos de extrema-esquerda, apresentou-se como um produto inovador no mercado eleitoral. Tinha gente inteligente e, acima de tudo, gente com um certo glamour. Os seus deputados vestiam bem, em estilo negligé cuidadosamente meditado, eram socialmente interessantes e a sua oratória, eventualmente revolucionária, não era, no que diz respeito à natureza revolucionária, levada a sério. O BE atraiu alguns apoios populares – poucos, diga-se. O seu eleitorado vinha, em grande parte, das classes médias - médias altas, inclusive – instruídas, socialmente vividas, diferenciadas, marcadas por um radicalismo existencial próximo dos liberais norte-americanos (não confundir com os liberais europeus).
O problema do BE é que o glamour desapareceu, algumas causa radicais passaram à letra de lei, as pessoas interessantes começaram a afastar-se do partido e os intelectuais estão em deserção. Aquilo que era um belo produto do mercado eleitoral – mesmo um filho família poderia dizer em casa ou em sociedade que era do BE – começou a envelhecer. Ora, num mundo como o nosso, não há nada pior do que a velhice. O problema do BE não é tanto a liderança ou a estratégia, mas a perda da sua natureza ontológica, o glamour. Ao perder o glamour, o BE passou de moda. E quem quer vestir um casaco que passou de moda?
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Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
» 2024-02-28
» Hélder Dias
O Flautista de Hamelin... |
» 2024-03-08
» Maria Augusta Torcato
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato |
» 2024-03-18
» Hélder Dias
Eleições "livres"... |
» 2024-03-08
» Jorge Carreira Maia
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia |
» 2024-03-08
» Pedro Ferreira
A carne e os ossos - pedro borges ferreira |