Uma dura lição
Opinião » 2014-08-01 » Jorge Carreira Maia
Os cidadãos – agora meros consumidores – começaram, desde muito cedo, a desconfiar das virtudes da gestão privada. A dita eficácia dos gestores privados cifrava-se – e cifra-se – em dois tópicos: despedimentos e encarecimento de produtos e serviços. A crise do Grupo Espírito Santo, adicionada às crises de outros bancos, representa, todavia, uma anomalia tal que o discurso prevalecente começa a parecer ridículo. A família Espírito Santo, na sua vertente empresarial, era apontada como o modelo da virtude da iniciativa privada. Em torno dela, entoavam-se loas e hossanas sobre a superioridade dos empreendimentos privados sobre os públicos. Os resultados, por muito que se tente fazer chicane, falam por si e mostram que a gestão privada é tão ou mais problemática que a gestão pública.
Não se pretende argumentar contra a iniciativa e a gestão privadas. Pretende-se desmontar a propaganda mentirosa e irresponsável que conduziu a que o país alienasse para os privados um conjunto de bens públicos, que seria de todo interesse que fossem controlados pelo Estado português. Pretende-se chamar a atenção para o facto de as empresas privadas não serem mais virtuosas do que as públicas, ou de estas, necessariamente, serem mais incapazes e corruptas do que as privadas. Uma comunidade política, organizada em Estado, precisa tanto de empresas privadas como de empresas públicas. Precisa, fundamentalmente, de não destruir os sectores estratégicos da sua economia. Ora a crise dos grupos bancários veio dar uma lição clara aos propagandistas para-liberais da virtuosidade única da iniciativa privada. Veio lembrar aos portugueses que alienar certos sectores públicos pode representar colocá-los na mão de gente irresponsável e que apenas persegue o seu interesse. A lição é dura e clara. Será que os portugueses a aprendem?
Uma dura lição
Opinião » 2014-08-01 » Jorge Carreira MaiaOs cidadãos – agora meros consumidores – começaram, desde muito cedo, a desconfiar das virtudes da gestão privada. A dita eficácia dos gestores privados cifrava-se – e cifra-se – em dois tópicos: despedimentos e encarecimento de produtos e serviços. A crise do Grupo Espírito Santo, adicionada às crises de outros bancos, representa, todavia, uma anomalia tal que o discurso prevalecente começa a parecer ridículo. A família Espírito Santo, na sua vertente empresarial, era apontada como o modelo da virtude da iniciativa privada. Em torno dela, entoavam-se loas e hossanas sobre a superioridade dos empreendimentos privados sobre os públicos. Os resultados, por muito que se tente fazer chicane, falam por si e mostram que a gestão privada é tão ou mais problemática que a gestão pública.
Não se pretende argumentar contra a iniciativa e a gestão privadas. Pretende-se desmontar a propaganda mentirosa e irresponsável que conduziu a que o país alienasse para os privados um conjunto de bens públicos, que seria de todo interesse que fossem controlados pelo Estado português. Pretende-se chamar a atenção para o facto de as empresas privadas não serem mais virtuosas do que as públicas, ou de estas, necessariamente, serem mais incapazes e corruptas do que as privadas. Uma comunidade política, organizada em Estado, precisa tanto de empresas privadas como de empresas públicas. Precisa, fundamentalmente, de não destruir os sectores estratégicos da sua economia. Ora a crise dos grupos bancários veio dar uma lição clara aos propagandistas para-liberais da virtuosidade única da iniciativa privada. Veio lembrar aos portugueses que alienar certos sectores públicos pode representar colocá-los na mão de gente irresponsável e que apenas persegue o seu interesse. A lição é dura e clara. Será que os portugueses a aprendem?
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
» 2024-04-10
» Jorge Carreira Maia
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