• SOCIEDADE-  • CULTURA  • DESPORTO  • OPINIÃO
  Quinta, 25 Abril 2024    •      Directora: Inês Vidal; Director-adjunto: João Carlos Lopes    •      Estatuto Editorial    •      História do JT
   Pesquisar...
Dom.
 18° / 6°
Períodos nublados com chuva fraca
Sáb.
 17° / 8°
Períodos nublados com chuva fraca
Sex.
 19° / 11°
Céu nublado com chuva fraca
Torres Novas
Hoje  20° / 11°
Céu nublado
       #Alcanena    #Entroncamento    #Golega    #Barquinha    #Constancia 

15 de Agosto

Opinião  »  2014-08-22  »  José Ricardo Costa

Estava para ir ao banco logo de manhãzinha cedo quando, por mero acaso, descobri que era feriado. Sim, claro, 15 de Agosto, esse feriado bastardo, queimado, perdido no meio de um mês em que o tempo pára. Estivesse eu a trabalhar e já andaria há uma semana a sonhar com este feriadinho. Eu sempre achei este feriado de Agosto um tremendo desperdício, tipo ventoinha no Pólo Norte ou uma prancha de surf no meio do deserto.

O mesmo não se passa com os outros. Feriados são coisa rara e por isso sempre os encarei com devoção e carinho. Tanto se me dá como se me deu que Portugal fosse uma república ou uma monarquia; não sou sindicalizado e a última vez que devo ter dito ”Fascismo, nunca mais” teria para aí uns 15 anos e devia estar a querer impressionar alguma garina da JCP com um crachá do Che Guevara; e acho Portugal um infeliz acidente histórico por causa de birras feudais. Mas fui sempre um fervoroso republicano nos dias 5 de Outubro, completamente anti-castelhano nos dias 1 de Dezembro, fortemente anti-fascista nos dias 25 de Abril e nos 1.º de Maio acordo sempre com uma exacerbada consciência sindical que me leva mesmo a nutrir um comovente sentimento de veneração por Mário Nogueira. Excepto, claro, se esses dias calharem num fim-de-semana.

O que eu quero são os feriadinhos e o resto é conversa. E se então calharem a uma segunda ou uma sexta, sou mesmo pessoa para, conforme a data, ver-me ao espelho e descobrir um activíssimo dirigente sindical, achar que tenho a voz rouca de D. Duarte Nuno ou ficar com vontade de provocar bascos e catalães.
Eu não sou católico, nem tenho religião, mas se tivesse uma jamais seria a católica apesar de gostar mais da dramática teatralidade das igrejas católicas do que da asséptica sobriedade das protestantes. Mas há um surpreendente católico escondido no fundo do meu ser que, nos dias de Corpo de Deus ou de Todos os Santos, surgia à superfície, ao poder ficar na caminha em vez de ir trabalhar.

Pode parecer algo sacrílego o que estou a dizer. Admito que sim. Mas se pensar que a lógica do bem e do mal é também uma questão estatística, já ficarei com a consciência mais apaziguada, uma vez que o meu sentir deve ser o sentir da esmagadora maioria dos católicos que fazem de Portugal um país católico em vez de protestante ou ortodoxo. Não sou católico, insisto, mas é com filosófica apreensão que vejo os parcos vestígios católicos que ainda restam, estarem a desaparecer.

Daí eu achar que este feriado em Agosto se trata de um erro de casting. Devia ser numa altura do ano em que a esmagadora maioria das pessoas estivesse a trabalhar, contribuindo desse modo para atear um pouco mais a já muito fraca chama católica que alumia as consciências religiosas dos portugueses. E nem sequer vejo objecções de natureza teológica e dogmática. O calendário celeste não se compadece com a lógica do calendário humano. O que conta é o elevado simbolismo das coisas e não vejo ninguém no céu, incluindo a própria, a importar-se com a ideia de a Assunção de Maria poder ser em Novembro ou Março em vez de 15 de Agosto. À consideração papal.

 

 

 Outras notícias - Opinião


Família tradicional e luta do bem contra o mal - jorge carreira maia »  2024-04-24  »  Jorge Carreira Maia

A publicação do livro Identidade e Família – Entre a Consistência da Tradição e os Desafios da Modernidade, apresentado por Passos Coelho, gerou uma inusitada efervescência, o que foi uma vitória para os organizadores desta obra colectiva.
(ler mais...)


Caminho de Abril - maria augusta torcato »  2024-04-22  »  Maria Augusta Torcato

Olho para o meu caminho e fico contente. Acho mesmo que fiz o caminho de Abril. O caminho que Abril representa. No entanto, a realidade atual e os desafios diários levam-me a desejar muito que este caminho não seja esquecido, não por querer que ele se repita, mas para não nos darmos conta, quase sem tempo de manteiga nos dentes, que estamos, outra vez, lá muito atrás e há que fazer de novo o caminho com tudo o que isso implica e que hoje seria incompreensível e inaceitável.
(ler mais...)


As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia »  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia

Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores.
(ler mais...)


Eleições "livres"... »  2024-03-18  »  Hélder Dias

Este é o meu único mundo! - antónio mário santos »  2024-03-08  »  António Mário Santos

Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza.
(ler mais...)


Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato »  2024-03-08  »  Maria Augusta Torcato

Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente.
(ler mais...)


A crise das democracias liberais - jorge carreira maia »  2024-03-08  »  Jorge Carreira Maia

A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David.
(ler mais...)


A carne e os ossos - pedro borges ferreira »  2024-03-08  »  Pedro Ferreira

Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA.
(ler mais...)


O Flautista de Hamelin... »  2024-02-28  »  Hélder Dias

Este mundo e o outro - joão carlos lopes »  2024-02-22 

Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”.
(ler mais...)

 Mais lidas - Opinião (últimos 30 dias)
»  2024-04-22  »  Maria Augusta Torcato Caminho de Abril - maria augusta torcato
»  2024-04-24  »  Jorge Carreira Maia Família tradicional e luta do bem contra o mal - jorge carreira maia
»  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia