O paradigma dos afectos
Opinião » 2014-09-05 » Adelino Pires
Muda-se de escola, muda-se de emprego e por vezes muda-se de vida também.
Para muitas crianças, é o seu primeiro contacto com a escolinha, o colégio ou a nova ama. Resistem o que podem agarradas às saias das mães, até se agarrarem a outros meninos, caloiros de uma nova vida, ainda sem praxes, mas já com o tic-tac a marcar o tempo. E as mães lá tentam resistir, mordendo o lábio e olhando de soslaio, para que as lágrimas escorram invisíveis.
No entreolhar entre o filho que fica e a mãe que parte, é o coração que sente, são os olhos que falam. E não precisam de se fazer ouvir. Nos primeiros dias, não há analgésico que alivie a dor da ausência, ainda que curta. Setembro é sempre tempo em que as mães, com os pés no emprego e a cabeça no recreio, suspiram para que o tempo passe e que a tarde chegue.
Apesar de tudo, felizes dos que apenas sofrem desta quase normalidade. Pior é quando tudo se passa do avesso. Quando são os pais que tentam resistir, agarrados às calças dos filhos. Porque, obrigados a mudar de vida, tiveram de mudar de emprego, de escola, de país.
Uma vez mais, são os corações que sentem. Mas não podem os olhos continuar a falar, porque o skype atenua, mas não substitui.
Que país é este que, tendo quase tudo, nos deixa quase nada?
Muito se fala da necessidade de se encontrar um novo paradigma. Tenho, para mim, que não há futuro nem sustentabilidade sem o paradigma dos afectos. E o mais verdadeiro é sempre, mas sempre, entre pais e filhos.
A diferença entre pais e país é muito mais que um acento, ainda que agudo. A diferença é bem mais grave e acentuada.
E se os pais precisam de um país que os mereça, o país precisa de muitos pais que o prossigam. As crianças agradecem, mesmo que agarradas às saias da mãe.
O paradigma dos afectos
Opinião » 2014-09-05 » Adelino PiresMuda-se de escola, muda-se de emprego e por vezes muda-se de vida também.
Para muitas crianças, é o seu primeiro contacto com a escolinha, o colégio ou a nova ama. Resistem o que podem agarradas às saias das mães, até se agarrarem a outros meninos, caloiros de uma nova vida, ainda sem praxes, mas já com o tic-tac a marcar o tempo. E as mães lá tentam resistir, mordendo o lábio e olhando de soslaio, para que as lágrimas escorram invisíveis.
No entreolhar entre o filho que fica e a mãe que parte, é o coração que sente, são os olhos que falam. E não precisam de se fazer ouvir. Nos primeiros dias, não há analgésico que alivie a dor da ausência, ainda que curta. Setembro é sempre tempo em que as mães, com os pés no emprego e a cabeça no recreio, suspiram para que o tempo passe e que a tarde chegue.
Apesar de tudo, felizes dos que apenas sofrem desta quase normalidade. Pior é quando tudo se passa do avesso. Quando são os pais que tentam resistir, agarrados às calças dos filhos. Porque, obrigados a mudar de vida, tiveram de mudar de emprego, de escola, de país.
Uma vez mais, são os corações que sentem. Mas não podem os olhos continuar a falar, porque o skype atenua, mas não substitui.
Que país é este que, tendo quase tudo, nos deixa quase nada?
Muito se fala da necessidade de se encontrar um novo paradigma. Tenho, para mim, que não há futuro nem sustentabilidade sem o paradigma dos afectos. E o mais verdadeiro é sempre, mas sempre, entre pais e filhos.
A diferença entre pais e país é muito mais que um acento, ainda que agudo. A diferença é bem mais grave e acentuada.
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Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
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A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
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