Talvez desse um livro, talvez...
Opinião » 2014-10-10 » Adelino Pires
Naqueles anos 30 do passado século, Moçambique estava salpicada por portugueses, britânicos e indianos e ainda por indo-britânicos e indo-portugueses. Era o tempo das monoculturas do sisal e do açúcar e também do êxodo de mão de obra negra, rumo às explorações mineiras da África do Sul.
O meu avô Adelino foi o quarto de oito irmãos nascidos no Codes, Sardoal, e o primeiro a partir para África. Por lá casou com uma mestiça, filha de mãe negra e pai inglês. Maria Smith. Um nome simples que lhe assentava que nem uma luva. Maria, nome de mulher e Smith, apelido de colono. Assim como que uma chancela para a posteridade. Lembro-me bem da avó Maria e guardo dela as melhores memórias. Do afecto pelos seus netos, dos quais eu era o primeiro e, como tal, o mais mimado. Das missangas com que entretinha a sua arte. Da sua cozinha com sabor a África. África dela, África minha.
Morreu novo o meu avô, em 1941, com quarenta e poucos anos. O meu pai, nessa altura com apenas onze, veio então de Moçambique. Estava-se em plena II Guerra Mundial. Por cá cresceu e se fez homem, em casa de um bom tio, capitão do exército, por quem tinha uma enorme gratidão. E onde conheceu a minha mãe.
Queria falar-vos do meu pai que nascera nos confins do antigo Império e morreu também novo, há mais de vinte anos, com alguns sonhos por cumprir. Percebi agora que, para falar dele, teria de falar de muito mais gente, de muitos mais sítios, de muitas mais coisas. Teria de dizer que nós portugueses somos assim, cidadãos do mundo, de todos os mundos. Que ser português é ser bom, justo e tolerante. É saber estar, onde e com quem quer que seja. E que, afinal, falar do meu pai, talvez desse um livro, talvez...
Talvez desse um livro, talvez...
Opinião » 2014-10-10 » Adelino PiresNaqueles anos 30 do passado século, Moçambique estava salpicada por portugueses, britânicos e indianos e ainda por indo-britânicos e indo-portugueses. Era o tempo das monoculturas do sisal e do açúcar e também do êxodo de mão de obra negra, rumo às explorações mineiras da África do Sul.
O meu avô Adelino foi o quarto de oito irmãos nascidos no Codes, Sardoal, e o primeiro a partir para África. Por lá casou com uma mestiça, filha de mãe negra e pai inglês. Maria Smith. Um nome simples que lhe assentava que nem uma luva. Maria, nome de mulher e Smith, apelido de colono. Assim como que uma chancela para a posteridade. Lembro-me bem da avó Maria e guardo dela as melhores memórias. Do afecto pelos seus netos, dos quais eu era o primeiro e, como tal, o mais mimado. Das missangas com que entretinha a sua arte. Da sua cozinha com sabor a África. África dela, África minha.
Morreu novo o meu avô, em 1941, com quarenta e poucos anos. O meu pai, nessa altura com apenas onze, veio então de Moçambique. Estava-se em plena II Guerra Mundial. Por cá cresceu e se fez homem, em casa de um bom tio, capitão do exército, por quem tinha uma enorme gratidão. E onde conheceu a minha mãe.
Queria falar-vos do meu pai que nascera nos confins do antigo Império e morreu também novo, há mais de vinte anos, com alguns sonhos por cumprir. Percebi agora que, para falar dele, teria de falar de muito mais gente, de muitos mais sítios, de muitas mais coisas. Teria de dizer que nós portugueses somos assim, cidadãos do mundo, de todos os mundos. Que ser português é ser bom, justo e tolerante. É saber estar, onde e com quem quer que seja. E que, afinal, falar do meu pai, talvez desse um livro, talvez...
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
» 2024-02-28
» Hélder Dias
O Flautista de Hamelin... |
» 2024-03-08
» Maria Augusta Torcato
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» Jorge Carreira Maia
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» Pedro Ferreira
A carne e os ossos - pedro borges ferreira |