Francisco e os fantasmas
Opinião » 2014-11-07 » Jorge Carreira Maia
Certamente que a frugalidade e a ausência de fausto do estilo do Papa os apoquenta. Se o Sumo Pontífice não se entrega ao luxo e ao fausto religioso, o amor de alguns fantasmas por certo tipo de ostentação tem dificuldade em encontrar legitimação. Paramentos caríssimos, palácios episcopais, grandes carros, tudo isso começa a irritar a generalidade dos fiéis. Os fantasmas sentem-se desconfortáveis. Francisco tem tendência para viver de uma forma muito despojada, como se fosse pobre e não tivesse direito a ser no mundo mais do que um pobre pescador. Os fantasmas, porém, não sonham com as sandálias do pescador mas com o ceptro do imperador. Isto irrita os fantasmas, mas ainda suportariam isso se…
Se, por exemplo, o Papa não viesse com aqueles ideias estranhas de que a Igreja deve ser misericordiosa e tentar acolher, isto é, compreender com compaixão (o que significa partilhar a paixão, o sofrimento, o caminho) aqueles que pela sua orientação sexual ou pelas peripécias da vida ou do desejo viram as suas vidas desfeitas ou atormentadas. Os fantasmas têm uma certa costela farisaica e amam, acima de tudo, o formalismo da lei. Amam a divisão entre os puros (eles e os seus) e os impuros, os quais podem até contribuir para a festa litúrgica, desde que não participem dela. O maniqueísmo e o catarismo têm mil véus e os fantasmas, tão preocupados com o rigor da lei, não hesitam em prestar-lhes tributo. A misericórdia irrita e muito os fantasmas, mas ainda a suportariam se…
Se o Papa se limitasse a amar os pobres, e gostasse tanto deles que pretendesse multiplicá-los. Mas o pobre Bergoglio tem ideias estranhas. Acha que a doutrina social da Igreja é uma coisa para ser levada a sério e não apenas para enganar as pessoas. Julga que a Igreja deve ser pobre e servir os pobres, contribuindo para que estes o deixem de ser. Os fantasmas acham deplorável que a Igreja siga o exemplo de Cristo e que confronte os poderes do mundo, em vez de estar mancomunada com eles. E nada há de mais irritante para um fantasma que a separação do poder do mundo. Francisco bem precisa de se cuidar, pois não faltam assombrações à sua volta.
www.kyrieeleison-jcm.blogspot.com
Francisco e os fantasmas
Opinião » 2014-11-07 » Jorge Carreira MaiaCertamente que a frugalidade e a ausência de fausto do estilo do Papa os apoquenta. Se o Sumo Pontífice não se entrega ao luxo e ao fausto religioso, o amor de alguns fantasmas por certo tipo de ostentação tem dificuldade em encontrar legitimação. Paramentos caríssimos, palácios episcopais, grandes carros, tudo isso começa a irritar a generalidade dos fiéis. Os fantasmas sentem-se desconfortáveis. Francisco tem tendência para viver de uma forma muito despojada, como se fosse pobre e não tivesse direito a ser no mundo mais do que um pobre pescador. Os fantasmas, porém, não sonham com as sandálias do pescador mas com o ceptro do imperador. Isto irrita os fantasmas, mas ainda suportariam isso se…
Se, por exemplo, o Papa não viesse com aqueles ideias estranhas de que a Igreja deve ser misericordiosa e tentar acolher, isto é, compreender com compaixão (o que significa partilhar a paixão, o sofrimento, o caminho) aqueles que pela sua orientação sexual ou pelas peripécias da vida ou do desejo viram as suas vidas desfeitas ou atormentadas. Os fantasmas têm uma certa costela farisaica e amam, acima de tudo, o formalismo da lei. Amam a divisão entre os puros (eles e os seus) e os impuros, os quais podem até contribuir para a festa litúrgica, desde que não participem dela. O maniqueísmo e o catarismo têm mil véus e os fantasmas, tão preocupados com o rigor da lei, não hesitam em prestar-lhes tributo. A misericórdia irrita e muito os fantasmas, mas ainda a suportariam se…
Se o Papa se limitasse a amar os pobres, e gostasse tanto deles que pretendesse multiplicá-los. Mas o pobre Bergoglio tem ideias estranhas. Acha que a doutrina social da Igreja é uma coisa para ser levada a sério e não apenas para enganar as pessoas. Julga que a Igreja deve ser pobre e servir os pobres, contribuindo para que estes o deixem de ser. Os fantasmas acham deplorável que a Igreja siga o exemplo de Cristo e que confronte os poderes do mundo, em vez de estar mancomunada com eles. E nada há de mais irritante para um fantasma que a separação do poder do mundo. Francisco bem precisa de se cuidar, pois não faltam assombrações à sua volta.
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Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
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» Hélder Dias
O Flautista de Hamelin... |
» 2024-03-08
» Maria Augusta Torcato
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato |
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Eleições "livres"... |
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A crise das democracias liberais - jorge carreira maia |
» 2024-03-08
» Pedro Ferreira
A carne e os ossos - pedro borges ferreira |