• SOCIEDADE-  • CULTURA  • DESPORTO  • OPINIÃO
  Quinta, 18 Abril 2024    •      Directora: Inês Vidal; Director-adjunto: João Carlos Lopes    •      Estatuto Editorial    •      História do JT
   Pesquisar...
Dom.
 26° / 11°
Céu limpo
Sáb.
 23° / 14°
Céu nublado com chuva fraca
Sex.
 26° / 14°
Períodos nublados
Torres Novas
Hoje  28° / 14°
Períodos nublados
       #Alcanena    #Entroncamento    #Golega    #Barquinha    #Constancia 

Nota sobre o texto "Ébola, a incómoda realidade"

Opinião  »  2014-12-05  »  Ricardo Jorge Rodrigues

Após ler o texto do senhor Acácio Gouveia na última edição, sinto-me na liberdade de comentar algumas críticas – negativas e positivas – feitas pelo mesmo em relação ao meu texto ”A histeria e a hipocrisia”.

Em primeiro lugar o autor fala que a Gripe A ”foi mais grave do que se pretende fazer crer” pois ”a inocuidade da passada epidemia da gripe A é (…) um mito”. Em relação a essa epidemia apenas referi que houve ”claramente um aproveitamento” realçando que, apesar disso, não foi ”tudo um golpe de marketing”. Quanto à ”possibilidade de virmos a enfrentar epidemias mortíferas” nada disse no meu texto e não faço futurologia embora tenha a minha opinião sobre o assunto que, para o caso, é irrelevante.

De seguida, o senhor Acácio Gouveia diz que o vírus Ébola é agressivo e ”já matou cerca de um terço dos infectados”. Diz que essa agressividade, assim como os factos, ”não pode ser desmentida”. Ora, em parte alguma em tentei fazer isso. Por outro lado, eu realcei a força desses números: ”Em quase quarenta anos desta doença registaram-se milhares de mortes ” mas realçando o aspecto de terem acontecido ”em África” e que, por isso, ”nunca ninguém quis saber”. A informação dada pelo autor do texto ”Ébola, a incómoda realidade” apenas reforça a minha opinião.

Mais à frente, o autor continua dizendo que existe uma ”uma sensação de segurança”, para europeus e americanos, ”muito exagerada”. Eu refiro existir o contrári uma sensação de histeria, palavra que incluí no meu título. Mas o senhor Acácio Gouveia justifica as suas palavras dizendo que essa sensação de segurança é exagerada ”até porque já houve mortes (2 em 6 doentes!) entre os infectados nos EUA e em Espanha”.

Ora, sobre isto apraz-me fazer duas pequenas notas:

1) O que eu escrevi no meu texto não foi que não se infectaram pessoas fora de África, isso aconteceu. O que eu escrevi foi que ”dessas pessoas não-africanas infectadas, nenhuma morreu”;

2) Reforço o que escrevi em cima fazendo uma ressalva, admitindo um pequeno err nenhuma pessoa não-africana morreu por causa de Ébola tendo contraído o vírus fora de África. As duas mortes que o senhor Acácio Gouveia refere, nos EUA e em Espanha, são de Thomas Duncan – um liberiano que contraiu o vírus no seu país de origem -, e Manuel García Vejo, um missionário espanhol que foi infectado na Serra Leoa.

Ou seja, ninguém infectado fora de África morreu e assim que o vírus saiu do continente africano foi totalmente controlado é essa a mensagem que tento passar ao longo do text ”Em quase quarenta anos desta doença registaram-se milhares de mortes em África e nunca ninguém quis saber […] Meia-dúzia de pessoas não-africanas foram infectadas e o mundo entra numa espécie de cataclismo sem retorno”. Tudo isto resumido pelo títul ”A hipocrisia e a histeria”.

O autor prossegue dizendo que o Ébola continua a ser uma preocupação ”pelo menos para as autoridades e profissionais de saúde”. Sobre este ponto acredito humildemente que o senhor Acácio Gouveia terá mais conhecimentos que eu para se pronunciar. Posso acrescentar apenas que, trabalhando eu num hospital de grandes dimensões nos arredores de Lisboa e que recebe frequentemente visitas de pessoas oriundas dos países embrionários do vírus ou geograficamente próximos destes, as preocupações que existem actualmente são relativas e em muito menor escala do que há – por exemplo – um mês atrás. Nem sequer podemos argumentar que é descuido do hospital onde trabalh as normas e indicações da Direcção Geral de Saúde (DGS) ou da Administração Regional de Saúde justificam o que escrevo. A título de exemplo, no site da DGS criado propositadamente para informar os cidadãos exclusivamente sobre o Ébola (o site é apenas sobre este vírus) a última norma publicada data de 29 de Outubro e o último boletim apresentado foi emitido em 06 de Novembro.

Em relação aos comentários feitos na temática da morte do Excalibur – o cão da enfermeira espanhola Teresa Romero – e a comparação com as mortes em África facilmente se conclui, lendo o meu texto, que estou em sintonia com o senhor Acácio Gouveia. Também em sintonia me parece que nos encontramos sobre o que o autor refere ser ”a conjugação do pânico com a ameaça” e que eu retrato como a ”estupidez humana no espaço mediático”.

Por último, agradeço ao senhor Acácio Gouveia a atenção que depositou na leitura do meu texto e agradeço ao ”Jornal Torrejano” por promover desta forma o debate público, uma mais-valia inquestionável para os leitores do jornal. Estando ao dispor do senhor Acácio Gouveia para debater pessoalmente este e qualquer tema, despeço-me com votos de felicidades para toda a comunidade torrejana.

Cordialmente, Ricardo Jorge Rodrigues

 

 

 Outras notícias - Opinião


As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia »  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia

Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores.
(ler mais...)


Eleições "livres"... »  2024-03-18  »  Hélder Dias

Este é o meu único mundo! - antónio mário santos »  2024-03-08  »  António Mário Santos

Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza.
(ler mais...)


Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato »  2024-03-08  »  Maria Augusta Torcato

Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente.
(ler mais...)


A crise das democracias liberais - jorge carreira maia »  2024-03-08  »  Jorge Carreira Maia

A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David.
(ler mais...)


A carne e os ossos - pedro borges ferreira »  2024-03-08  »  Pedro Ferreira

Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA.
(ler mais...)


O Flautista de Hamelin... »  2024-02-28  »  Hélder Dias

Este mundo e o outro - joão carlos lopes »  2024-02-22 

Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”.
(ler mais...)


2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões »  2024-02-22  »  Jorge Cordeiro Simões

 

 


O dia 5 de Fevereiro de 2032, em que o Francisco Falcão fez 82 anos - aos quais nunca julgara ir chegar -, nasceu ainda mais frio do que os anteriores e este Inverno parecia ser nisso ainda pior que os que o antecederam, o que contribuiu para que cada vez com mais frequência ele se fosse deixando ficar na cama até mais tarde e neste dia festivo só de lá iria sair depois do meio-dia.
(ler mais...)


Avivar a memória - antónio gomes »  2024-02-22  »  António Gomes

Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento.

Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa.
(ler mais...)

 Mais lidas - Opinião (últimos 30 dias)
»  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia