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Sermões de outrora, discursos de agora

Opinião  »  2015-02-06  »  Adelino Pires

Passam hoje, no dia em que esta crónica é publicada, precisamente 407 anos sobre o nascimento do Padre António Vieira. Nascido em Lisboa, ao que dizem numa modesta casa na zona da Sé, veio a falecer em Salvador da Bahia, quase com 90 anos. Impressiona a sua longevidade, em tempos em que a esperança média de vida seria naturalmente muito curta. Como se não devesse ter partido mais cedo, tal fora a missão que lhe estava destinada.

Jesuíta, pregador, missionário e diplomata, correu meio mundo, falou aos homens e pregou aos peixes quando aqueles o não ouviam. Figura marcante de todo o século XVII, nasceu em pleno domínio filipino e cedo partiu para o Brasil, lá ingressando no noviciado da Companhia de Jesus.

Balanceou a sua vida entre cá e lá, ora na luta contra a Inquisição e protecção dos cristãos novos, ora na defesa intransigente dos índios do Pará e Maranhão e no duro combate à sua escravidão, em consequência do qual veio a ser expulso e deportado para Lisboa.

Para António Vieira, «as palavras hão-de ser como as estrelas». E foi com elas e por elas que, persistente e utopicamente lutou, resistiu, escreveu e pregou.

A sua vida foi, em si mesma, uma grandiosa obra. E a sua obra escrita, apesar de tudo, dificilmente retratará a grandeza da sua vida.

Nessa época, outros eram os sermões, outros os pregadores. Ainda assim, aqui fica o meu singelo testemunho, citando excertos de um dos «Sermões da Dominga», pregado na Sé de Lisboa há quase quatrocentos anos:

«o lavrador que comer toda a novidade do ano, não terá que semear no ano seguinte. Se o oficial gastar quanto ganha na saúde, com que se há-de curar na enfermidade? O mesmo rei que pródigo der tudo de quanto é senhor, não terá quem o sirva, porque não terá com que pague. Saber poupar o poder, é certo género de omnipotência... o ilícito e o injusto nunca se pode fazer, embora se faça. Mas é tal a jactância dos poderosos, e mais daqueles que cuidam que podem tudo, que têm por afronta do seu poder cuidar-se que tem limite o que podem. Assim como o juiz não pode exceder as leis do rei, assim o rei não pode exceder as da razão e justiça...»

Passados mais de três séculos, duvido que muitos dos que discursam hoje tenham lido os sermões de ontem. Mas nunca é tarde e talvez valesse a pena.

Padre António Vieira, longevidade na vida e na mensagem...

(op. cit. ”Oceanos, n.os 30/31)

 

 

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