• SOCIEDADE-  • CULTURA  • DESPORTO  • OPINIÃO
  Sábado, 20 Abril 2024    •      Directora: Inês Vidal; Director-adjunto: João Carlos Lopes    •      Estatuto Editorial    •      História do JT
   Pesquisar...
Ter.
 22° / 9°
Céu limpo
Seg.
 26° / 11°
Céu limpo
Dom.
 25° / 11°
Céu limpo
Torres Novas
Hoje  24° / 14°
Períodos nublados com aguaceiros e trovoadas
       #Alcanena    #Entroncamento    #Golega    #Barquinha    #Constancia 

Da necessidade da política

Opinião  »  2015-02-06  »  Jorge Carreira Maia

Devo a Zygmunt Bauman a descoberta do conceito de interregno tal como foi pensado por Gramsci. Interregno é uma situação na qual a antiga maneira de fazer as coisas já não funciona, mas ainda não se encontrou a nova forma de resolver os problemas. Este conceito é interessante para caracterizar os tempos que vivemos. De facto, as antigas soluções políticas – aquelas que faziam do Estado um mecanismo para equilíbrio social e funcionamento democrático da comunidade – deixaram de funcionar. As que têm sido agora utilizadas – fundadas na ideia de que o mercado livre resolverá todos os problemas – também mostraram que não servem. Como salienta Bauman, mesmo os governantes honestos estão espartilhados entre a fidelidade aos eleitores ou aos investidores. O ser fiel aos eleitores afasta os investidores. A lealdade aos investidores gera a fúria e o ressentimento dos eleitores. Este impasse caracteriza o interregno em que vivemos.

Não havendo solução disponível de momento, será importante compreender como é que as elites políticas europeias se deixaram espartilhar entre o capital global, do qual dependem os investimentos, e os eleitores locais, dos quais depende a legitimidade para governar. Esta situação não foi o resultado de uma evolução espontânea na vida das sociedades ocidentais. Ela não estava inscrita na natureza do mundo. Ela resultou de uma deliberação política que emancipou os capitais da tutela dos Estados. A situação em que vivemos foi uma criação das próprias elites políticas ocidentais que trocaram os seus eleitores pelos interesses dos grandes grupos financeiros. Dito de outra maneira, se hoje em dia as elites políticas ocidentais estão de pés e mãos atadas, isso acontece porque assim o quiseram.

Esta constatação não acaba com o interregno, não diz como se poderão solucionar os problemas existentes, nomeadamente o da destruição das classes médias, suporte dos regimes democráticos. Mas ao tornar claro que a actual situação se deve à decisão dos políticos e que tem na origem uma opção política, nós percebemos de imediato duas coisas. Em primeiro lugar, a alteração da situação não pode vir da economia, das finanças, dos mercados. Em segundo lugar, compreendemos que essa alteração tem de vir da política, de uma alteração das práticas e das opções governativas. O que coloca aos actores políticos um dilema. Ou deixam-se arrastar na situação actual, como o actual governo português, ou procuram uma saída, fazendo da política um campo de experiências e de inovação. A mercantilização da vida social e a aniquilação da política falharam. A política continua a ser necessária. Uma nova política.

www.kyrieeleison-jcm.blogspot.com

 

 

 Outras notícias - Opinião


As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia »  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia

Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores.
(ler mais...)


Eleições "livres"... »  2024-03-18  »  Hélder Dias

Este é o meu único mundo! - antónio mário santos »  2024-03-08  »  António Mário Santos

Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza.
(ler mais...)


Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato »  2024-03-08  »  Maria Augusta Torcato

Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente.
(ler mais...)


A crise das democracias liberais - jorge carreira maia »  2024-03-08  »  Jorge Carreira Maia

A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David.
(ler mais...)


A carne e os ossos - pedro borges ferreira »  2024-03-08  »  Pedro Ferreira

Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA.
(ler mais...)


O Flautista de Hamelin... »  2024-02-28  »  Hélder Dias

Este mundo e o outro - joão carlos lopes »  2024-02-22 

Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”.
(ler mais...)


2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões »  2024-02-22  »  Jorge Cordeiro Simões

 

 


O dia 5 de Fevereiro de 2032, em que o Francisco Falcão fez 82 anos - aos quais nunca julgara ir chegar -, nasceu ainda mais frio do que os anteriores e este Inverno parecia ser nisso ainda pior que os que o antecederam, o que contribuiu para que cada vez com mais frequência ele se fosse deixando ficar na cama até mais tarde e neste dia festivo só de lá iria sair depois do meio-dia.
(ler mais...)


Avivar a memória - antónio gomes »  2024-02-22  »  António Gomes

Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento.

Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa.
(ler mais...)

 Mais lidas - Opinião (últimos 30 dias)
»  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia