Da necessidade da política
Opinião » 2015-02-06 » Jorge Carreira Maia
Não havendo solução disponível de momento, será importante compreender como é que as elites políticas europeias se deixaram espartilhar entre o capital global, do qual dependem os investimentos, e os eleitores locais, dos quais depende a legitimidade para governar. Esta situação não foi o resultado de uma evolução espontânea na vida das sociedades ocidentais. Ela não estava inscrita na natureza do mundo. Ela resultou de uma deliberação política que emancipou os capitais da tutela dos Estados. A situação em que vivemos foi uma criação das próprias elites políticas ocidentais que trocaram os seus eleitores pelos interesses dos grandes grupos financeiros. Dito de outra maneira, se hoje em dia as elites políticas ocidentais estão de pés e mãos atadas, isso acontece porque assim o quiseram.
Esta constatação não acaba com o interregno, não diz como se poderão solucionar os problemas existentes, nomeadamente o da destruição das classes médias, suporte dos regimes democráticos. Mas ao tornar claro que a actual situação se deve à decisão dos políticos e que tem na origem uma opção política, nós percebemos de imediato duas coisas. Em primeiro lugar, a alteração da situação não pode vir da economia, das finanças, dos mercados. Em segundo lugar, compreendemos que essa alteração tem de vir da política, de uma alteração das práticas e das opções governativas. O que coloca aos actores políticos um dilema. Ou deixam-se arrastar na situação actual, como o actual governo português, ou procuram uma saída, fazendo da política um campo de experiências e de inovação. A mercantilização da vida social e a aniquilação da política falharam. A política continua a ser necessária. Uma nova política.
www.kyrieeleison-jcm.blogspot.com
Da necessidade da política
Opinião » 2015-02-06 » Jorge Carreira MaiaNão havendo solução disponível de momento, será importante compreender como é que as elites políticas europeias se deixaram espartilhar entre o capital global, do qual dependem os investimentos, e os eleitores locais, dos quais depende a legitimidade para governar. Esta situação não foi o resultado de uma evolução espontânea na vida das sociedades ocidentais. Ela não estava inscrita na natureza do mundo. Ela resultou de uma deliberação política que emancipou os capitais da tutela dos Estados. A situação em que vivemos foi uma criação das próprias elites políticas ocidentais que trocaram os seus eleitores pelos interesses dos grandes grupos financeiros. Dito de outra maneira, se hoje em dia as elites políticas ocidentais estão de pés e mãos atadas, isso acontece porque assim o quiseram.
Esta constatação não acaba com o interregno, não diz como se poderão solucionar os problemas existentes, nomeadamente o da destruição das classes médias, suporte dos regimes democráticos. Mas ao tornar claro que a actual situação se deve à decisão dos políticos e que tem na origem uma opção política, nós percebemos de imediato duas coisas. Em primeiro lugar, a alteração da situação não pode vir da economia, das finanças, dos mercados. Em segundo lugar, compreendemos que essa alteração tem de vir da política, de uma alteração das práticas e das opções governativas. O que coloca aos actores políticos um dilema. Ou deixam-se arrastar na situação actual, como o actual governo português, ou procuram uma saída, fazendo da política um campo de experiências e de inovação. A mercantilização da vida social e a aniquilação da política falharam. A política continua a ser necessária. Uma nova política.
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As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
» 2024-04-10
» Jorge Carreira Maia
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia |