• SOCIEDADE-  • CULTURA  • DESPORTO  • OPINIÃO
  Terça, 23 Abril 2024    •      Directora: Inês Vidal; Director-adjunto: João Carlos Lopes    •      Estatuto Editorial    •      História do JT
   Pesquisar...
Sex.
 19° / 11°
Céu nublado com chuva fraca
Qui.
 20° / 11°
Céu nublado
Qua.
 24° / 10°
Períodos nublados
Torres Novas
Hoje  24° / 10°
Céu limpo
       #Alcanena    #Entroncamento    #Golega    #Barquinha    #Constancia 

Admirável Mundo Novo...

Opinião  »  2018-05-17  »  Maria da Luz Lopes

"Não vos entregueis, sob nenhum pretexto, à meditação melancólica das vossas falhas."

Escrever é um ato que decorre do conhecimento, da cultura e dos valores que convictamente seguimos. Nesta linha de pensamento, não poderia começar esta crónica sem falar de Abril.
Inequivocamente para todos, reconhecemos que 44 anos depois da madrugada de Abril, vivemos uma Democracia quase plena que queremos defender para as gerações vindouras. Obrigada, Capitães de Abril. Lutas, crises económicas, precariedade, desigualdades, são apenas algumas das situações que fazem parte do caminho percorrido. Realidades estas que ainda prevalecem, mas a verdade é que vivemos incomparavelmente melhor.

Depois do bom desempenho da economia, conduzida por políticas de rigor financeiro, experimentámos taxas de crescimento económico como há muito não acontecia. Agora, é tempo de desenhar uma política de desenvolvimento e pôr Portugal entre os melhores para se viver e ser feliz.

O virar da página deve-se à ousadia da solução governativa encontrada pelo atual Primeiro-Ministro, António Costa, que bem soube chamar a si a esquerda (BE, PCP e os Verdes), devolvendo-nos a esperança numa sociedade verdadeiramente alicerçada na igualdade, na fraternidade e na liberdade.

As conquistas de Abril são inúmeras. A escolaridade obrigatória subiu para 12 anos. Temos um ensino superior de qualidade reconhecido no exterior, pena é que muitos dos nossos jovens continuem a procurar, fora de portas, melhores condições de trabalho e mais adequadas às suas qualificações. Lembro que o investimento realizado quer pelo Estado português, quer pelas famílias, continua a ser exportado sem retorno. Acredito que virá um tempo em que a mobilidade do trabalho seja uma opção e não uma obrigação.

Estimados leitores: creio estarmos todos de acordo em que os valores de Abril devem estar presentes no mais profundo do nosso ‘eu’, todos os dias. Andamos numa correria tal que, praticamente não olhamos para o lado, ocupados com os inúmeros e-mails, aos quais temos dificuldades em dar resposta em tempo útil. Abrindo e fechando perfis facebokianos, temos medo de perder qualquer oportunidade de dizer presente. Muitas vezes, alegamos não ter disponibilidade para pensar e refletir para criar. Tudo está na rede. Ainda bem e ninguém tem dúvidas de que foi um avanço civilizacional gigantesco. Mas... tudo o que circula pela rede deve merecer um olhar clínico. Todos sabemos que um trabalho ou uma obra de arte inspiram ou podem remeter para outros, mas a fonte deve ser referida.

Perante tanta informação disponível torna-se cada vez mais importante, desde os bancos da escola, promover o desenvolvimento da capacidade crítica indispensável para filtrar os conteúdos. Para onde caminhamos? Que estranho e admirável mundo novo!

Quase a terminar esta partilha de ideias, não nos esqueçamos que o que somos resulta, em boa parte, da herança familiar e da escola, que nos abriram as portas do conhecimento e dos valores que abraçamos. Atrevo-me a dizer que urge passar para as nossas crianças e jovens outra forma de ser e de estar. Saber comunicar, saber ouvir, ser genuíno e autêntico, saber ser livre, ser fraterno e, acima de tudo, ser obreiro da mudança de hábitos e de atitudes.

É tempo de sermos capazes de largar o invólucro que nos envolve e deitar fora aquilo que nos pesa interiormente. Entre o que dizemos e o que fazemos, continua a haver uma grande distância, e, acima de tudo, entre o que queremos do outro, que é muito, e o que exigimos a nós próprios, que quase sempre é pouco.

A este propósito, deixo-vos uma citação de Aldous Huxley, quando escreve no prefácio da sua obra Admirável Mundo Novo o seguinte: “O remorso crónico, e com isto todos os moralistas estão de acordo, é um sentimento bastante indesejável. Se considerais ter agido mal, arrependei-vos, corrigi os vossos erros na medida do possível e tentai conduzir-vos melhor na próxima vez. E não vos entregueis, sob nenhum pretexto, à meditação melancólica das vossas falhas. Rebolar no lodo não é, com certeza, a melhor maneira de alguém se lavar.”

 

 

 Outras notícias - Opinião


Caminho de Abril - maria augusta torcato »  2024-04-22  »  Maria Augusta Torcato

Olho para o meu caminho e fico contente. Acho mesmo que fiz o caminho de Abril. O caminho que Abril representa. No entanto, a realidade atual e os desafios diários levam-me a desejar muito que este caminho não seja esquecido, não por querer que ele se repita, mas para não nos darmos conta, quase sem tempo de manteiga nos dentes, que estamos, outra vez, lá muito atrás e há que fazer de novo o caminho com tudo o que isso implica e que hoje seria incompreensível e inaceitável.
(ler mais...)


As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia »  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia

Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores.
(ler mais...)


Eleições "livres"... »  2024-03-18  »  Hélder Dias

Este é o meu único mundo! - antónio mário santos »  2024-03-08  »  António Mário Santos

Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza.
(ler mais...)


Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato »  2024-03-08  »  Maria Augusta Torcato

Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente.
(ler mais...)


A crise das democracias liberais - jorge carreira maia »  2024-03-08  »  Jorge Carreira Maia

A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David.
(ler mais...)


A carne e os ossos - pedro borges ferreira »  2024-03-08  »  Pedro Ferreira

Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA.
(ler mais...)


O Flautista de Hamelin... »  2024-02-28  »  Hélder Dias

Este mundo e o outro - joão carlos lopes »  2024-02-22 

Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”.
(ler mais...)


2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões »  2024-02-22  »  Jorge Cordeiro Simões

 

 


O dia 5 de Fevereiro de 2032, em que o Francisco Falcão fez 82 anos - aos quais nunca julgara ir chegar -, nasceu ainda mais frio do que os anteriores e este Inverno parecia ser nisso ainda pior que os que o antecederam, o que contribuiu para que cada vez com mais frequência ele se fosse deixando ficar na cama até mais tarde e neste dia festivo só de lá iria sair depois do meio-dia.
(ler mais...)

 Mais lidas - Opinião (últimos 30 dias)
»  2024-04-22  »  Maria Augusta Torcato Caminho de Abril - maria augusta torcato
»  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia