A colecção Cow-Boy
Opinião » 2015-08-03 » Jorge Carreira Maia"Seja como for, eu era feliz ao ler aqueles livros de cow-boys justiceiros e isso basta. E nas longuíssimas e quentes férias de Verão o que é que poderíamos fazer?"
Já que estamos em tempo de férias, proponho outro tipo de textos que não os das habituais crónicas de incidência política. Há um momento em que se dá, em mim, a transição da leitura de histórias aos quadradinhos (livros de cow-boys) para histórias em texto corrido. Mais do que as aventuras da Enid Blyton, a colecção Cow-boy, que apareceu em 1961, ainda antes de eu aprender a ler, fez essa mediação entre a literatura de raiz popular e as leituras eruditas.
A colecção era composta por livrinhos com 64 páginas, páginas pequenas com a dimensão de 8,5 x 12,5 cm, e 6 ilustrações. Li dezenas ou centenas, nem sei bem, de historietas destas, não apenas da colecção referida, como de outras que apareceram a partir do sucesso desta. Falarei mais tarde sobre essas colecções.
Estes livros da Cow-Boy continham histórias do oeste americano, pequenas epopeias marcadas por um problema fundamental: o da justiça. Havia sempre um cow-boy justiceiro, um bandido malévolo, pessoa influente, por norma, e uma rapariga que casava com o herói, quando casava, pois este bem poderia ser um solitário cavaleiro errante. Nem sempre a justiça se casava com o amor, mas constituíam-se como ideias reguladores que faziam sonhar o leitor no início da adolescência.
Era um mundo simples, o das histórias e o daqueles dias em que eu as lia. Às vezes, confundimos a simplicidade com a bondade, mas não é a mesma coisa. Naqueles tempos, não havia professor que não franzisse o sobrolho se descobria um aluno a ler este tipo de literatura. Eu lia e marcaram-me antes que Eça, Camus, Kafka, Proust ou os poetas chegassem. Seja como for, eu era feliz ao ler aqueles livros de cow-boys justiceiros e isso basta. E nas longuíssimas e quentes férias de Verão o que é que poderíamos fazer?
A colecção Cow-Boy
Opinião » 2015-08-03 » Jorge Carreira MaiaSeja como for, eu era feliz ao ler aqueles livros de cow-boys justiceiros e isso basta. E nas longuíssimas e quentes férias de Verão o que é que poderíamos fazer?
Já que estamos em tempo de férias, proponho outro tipo de textos que não os das habituais crónicas de incidência política. Há um momento em que se dá, em mim, a transição da leitura de histórias aos quadradinhos (livros de cow-boys) para histórias em texto corrido. Mais do que as aventuras da Enid Blyton, a colecção Cow-boy, que apareceu em 1961, ainda antes de eu aprender a ler, fez essa mediação entre a literatura de raiz popular e as leituras eruditas.
A colecção era composta por livrinhos com 64 páginas, páginas pequenas com a dimensão de 8,5 x 12,5 cm, e 6 ilustrações. Li dezenas ou centenas, nem sei bem, de historietas destas, não apenas da colecção referida, como de outras que apareceram a partir do sucesso desta. Falarei mais tarde sobre essas colecções.
Estes livros da Cow-Boy continham histórias do oeste americano, pequenas epopeias marcadas por um problema fundamental: o da justiça. Havia sempre um cow-boy justiceiro, um bandido malévolo, pessoa influente, por norma, e uma rapariga que casava com o herói, quando casava, pois este bem poderia ser um solitário cavaleiro errante. Nem sempre a justiça se casava com o amor, mas constituíam-se como ideias reguladores que faziam sonhar o leitor no início da adolescência.
Era um mundo simples, o das histórias e o daqueles dias em que eu as lia. Às vezes, confundimos a simplicidade com a bondade, mas não é a mesma coisa. Naqueles tempos, não havia professor que não franzisse o sobrolho se descobria um aluno a ler este tipo de literatura. Eu lia e marcaram-me antes que Eça, Camus, Kafka, Proust ou os poetas chegassem. Seja como for, eu era feliz ao ler aqueles livros de cow-boys justiceiros e isso basta. E nas longuíssimas e quentes férias de Verão o que é que poderíamos fazer?
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
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