Palavra passe
Opinião » 2018-11-21 » Fernando Faria Pereira" Só eu e o carro nos meandros da imaginação."
Estaciono à primeira. Entro no café. Portas automáticas. 3 rapazes: o do lado de lá e outros 2. Boa noite! Bnoite. 1 Água com gás natural sem copo. A televisão está no CM: desgraças, previsíveis ameaças. Deambulo: sala alongada, 2 ou 3 mesas vazias, balcão todo ao comprido… O rapaz do bar junto à TV a afinar colunas, enquanto fala com 1 dos clientes. É um sistema alternativo? Olha-me sem perceber. Explico: são colunas da televisão? Não, não, é dos CD’s. Outro rapaz está encostado ao balcão com tablete ligado à net. Meto-me com ele: é sistema paralelo? Compreende-me à 1ª e responde sorrindo: e tem pace maker! Agora sou eu que não percebo. Ele tira do bolso um dispositivo encarnado cilíndrico pouco maior que 1 isqueiro grande. O pace maker! Rio-me. Passa tempo. Saco o telemóvel. Saio prá rua. Então? Aqui estou! Ainda demoro + 5 minutos. Eu espero. Tás onde? No café! Qual? Não tal! Ok! Reentro: porta automaticamente aberta. Continuam os mesmos 3 cada 1 na sua frequência: televisão, CD’s, tablete. Entra 1 rapariga encapuçado, encosta-se ao balcão à minha frente. Vem a falar, penso que vem ter com os rapazes. Rais parta o diabo! Fala ao telemóvel desassombradamente como se estivesse, sem alarido, com alguém ali presente fisicamente. Puxo do jornal. CM ou o desportivo? Escolho o de sempre: estória da mulher do desportista morto; roubo de armas; incêndio; queda d’ árvores… Detenho-me nas diferenças. A rapariga entrou e saiu sempre ligada à conversa. Retoca o telefone. Estás onde? Estou deste lado: os 5 minutos foram longos! Trocamos cumprimentos e mercadoria. Volto ao carro, regresso à terra. Quase caio na tentação de ligar a dizer que já vou a caminho mas não o faço, tão-pouco ligo o rádio. Sigo! Só eu e o carro nos meandros da imaginação.
Palavra passe
Opinião » 2018-11-21 » Fernando Faria PereiraSó eu e o carro nos meandros da imaginação.
Estaciono à primeira. Entro no café. Portas automáticas. 3 rapazes: o do lado de lá e outros 2. Boa noite! Bnoite. 1 Água com gás natural sem copo. A televisão está no CM: desgraças, previsíveis ameaças. Deambulo: sala alongada, 2 ou 3 mesas vazias, balcão todo ao comprido… O rapaz do bar junto à TV a afinar colunas, enquanto fala com 1 dos clientes. É um sistema alternativo? Olha-me sem perceber. Explico: são colunas da televisão? Não, não, é dos CD’s. Outro rapaz está encostado ao balcão com tablete ligado à net. Meto-me com ele: é sistema paralelo? Compreende-me à 1ª e responde sorrindo: e tem pace maker! Agora sou eu que não percebo. Ele tira do bolso um dispositivo encarnado cilíndrico pouco maior que 1 isqueiro grande. O pace maker! Rio-me. Passa tempo. Saco o telemóvel. Saio prá rua. Então? Aqui estou! Ainda demoro + 5 minutos. Eu espero. Tás onde? No café! Qual? Não tal! Ok! Reentro: porta automaticamente aberta. Continuam os mesmos 3 cada 1 na sua frequência: televisão, CD’s, tablete. Entra 1 rapariga encapuçado, encosta-se ao balcão à minha frente. Vem a falar, penso que vem ter com os rapazes. Rais parta o diabo! Fala ao telemóvel desassombradamente como se estivesse, sem alarido, com alguém ali presente fisicamente. Puxo do jornal. CM ou o desportivo? Escolho o de sempre: estória da mulher do desportista morto; roubo de armas; incêndio; queda d’ árvores… Detenho-me nas diferenças. A rapariga entrou e saiu sempre ligada à conversa. Retoca o telefone. Estás onde? Estou deste lado: os 5 minutos foram longos! Trocamos cumprimentos e mercadoria. Volto ao carro, regresso à terra. Quase caio na tentação de ligar a dizer que já vou a caminho mas não o faço, tão-pouco ligo o rádio. Sigo! Só eu e o carro nos meandros da imaginação.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |